Refeição Cultural
"(...) Mas agora é tarde para transcrever o que ele disse, fica para depois, um dia, quando houver passado a impressão, e só me ficar de memória o que valer a pena guardar." (p. 14)
A cada página do derradeiro romance machadiano, mais me identifico com o personagem retirado da vida política, Conselheiro Aires. Tudo tem um tom melancólico e de despedida no cotidiano.
Antes mesmo de pensar em memórias que valeriam a pena guardar, acabei escrevendo memórias que se impuseram sobre mim, boas ou ruins, algumas bem ruins, dolorosas, que me matam.
Me sinto um velho sem ser necessariamente um velho do ponto de vista biológico.
Estou velhíssimo. Carrego no peito milhares de anos de vida. As dores e limitações da idade cronológica não deveriam ter vindo tão cedo, se valessem as estatísticas para o meu grupo social.
Neste domingo até respirar fundo dói no peito. Fora o ombro, o quadril e a lombar. Ha ha ha, tô fodido! Tô pior aos 55 anos do século 21 que o Conselheiro Aires no seu século 19!
Aff...
William
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