Refeição Cultural
"Enquanto ela ainda estava tentando compreender alguma coisa do que havia acabado de ocorrer, o seu telefone celular favorito conectou-se com a interface háptica, que ela mesma havia inventado, para entregar mensagens táteis diretamente na pele do seu antebraço. A mensagem entregue era bem simples: um novo e-mail havia chegado. Tosca adorava a forma silenciosa de receber mensagens diretamente na mais superficial camada epitelial do seu corpo, sem a produção de qualquer som que a distraísse. Ninguém em todo o mundo possuía um sistema como esse: para completar a operação do seu celular privado, Tosca rapidamente imaginou um piscar de olhos na sua mente. Mais rápido do que um piscar real, a atividade elétrica do seu cérebro, carregando consigo um desejo motor, tão ávido quanto silencioso, foi transmitida para os óculos com a missão de ativar um minúsculo monitor embutido na lente do lado direito (Tosca não aprovava os implantes retinais, a última moda tecnológica a varrer o planeta). Assim que a mensagem se espalhou para ocupar todo o seu campo visual, foram necessárias apenas algumas centenas de milissegundos para que ela se desse conta de que o e-mail continha o cartão de embarque - da primeira classe - do voo para São Paulo." (p. 39)
Li o segundo capítulo do romance de ficção de Miguel Nicolelis. Nele, nos são apresentados dois personagens: Tosca Cohen, neurocientista, e seu tio Omar Cicurel, banqueiro egípcio.
É muito legal ler textos de autores que você já conhece um pouco. Já li o livro "O verdadeiro criador de tudo", do professor Nicolelis.
De certa forma, percebo nas características de seus personagens ficcionais a crítica que o neurocientista faz na vida real em relação a alguns temas.
Por exemplo, a personagem Tosca ser contra a moda em 2036 de implantes de retina e optar por ler as mensagens de e-mails através da lente dos óculos tem relação com o que Nicolelis defende com seu sistema de interação cérebro-máquina sem implante no cérebro.
Nicolelis já teceu críticas ao modelo "espetaculoso" de Elon Musk de implantes de chips.
Enfim, sigamos com a leitura. A gente aprende sempre que lê.
Só o conhecimento liberta.
William
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