Refeição Cultural
Uberlândia, 22 de setembro de 2024. Domingo.
É um desabafo, mas espero que seja uma mudança de atitude, de modo de viver.
Hoje rompi com alguém que me desrespeitou de forma insuportável nos últimos anos. Chega! Não suporto mais desrespeito. Vá se foder quem me desrespeita de forma constante.
A pessoa morreu pra mim.
Devo estar de saco cheio como muita gente está atualmente.
Ter um pouquinho de noção das coisas e viver num mundo sendo destruído e ver que não há sinais de mudança de tendência nas perspectivas dos acontecimentos, exige da gente alguma explosão ou ruptura com as coisas. Se não fizer algo, não dá pra seguir vivendo.
Está insuportável viver num mundo injusto. E viver num mundo injusto sendo desrespeitado e gerando no ser uma sensação de ingratidão por parte das pessoas e comunidades às quais fez parte torna a existência mais insuportável ainda.
Explodi de muitas formas na adolescência e primeira vida adulta. Foi uma merda! Fui um merda em muitos sentidos.
Após os trinta anos, a vida me presenteou com oportunidades de formação política que não havia tido antes. Fui salvo por um movimento sindical com concepções e práticas formativas e libertadoras: o Novo Sindicalismo da CUT.
(Hoje não seria "salvo" pelos bancários da CUT, não seria. Nem assembleias presenciais fazem mais! Dá a impressão que têm medo de oposição. Acham que serão eternos impedindo vozes dissonantes)
Depois me ensinaram a ter esperanças e lutar e ter pertencimento a algo que dava sentido ao viver: a luta de classes.
Se o tempo humano não seria suficiente para ver nossos objetivos de classe, por ser o tempo histórico diferente do tempo de uma vida humana, ao menos nos sentíamos parte de um projeto coletivo que dava sentido à nossa vida. Teríamos sido um tijolinho na construção de um novo ser humano e uma nova sociedade. Aprendi isso numa aula do Mauro Iasi, no "Café Filosófico".
Me tiraram todas as ligas que me davam história e pertencimento como um ser humano que havia deixado seu tijolinho na construção de seres humanos e comunidades melhores.
As pessoas e as instituições pelas quais tinha uma relação de pertencimento, hoje só me causam decepção e descrença no ser humano. E isso tem sido insuportável para mim: pessoas próximas, o nosso sindicato, a Cassi, o governo Lula.
Estou falando nessa reflexão e desabafo, de pessoas e instituições, estou falando de nosso país, da sociedade humana, do planeta no qual vivemos e morremos, de nosso governo, que ajudei a eleger. Estou falando de seres humanos e política.
Vivemos numa anomia na qual a esquerda faz o papel de defender as normas do sistema (capitalismo neoliberal imperial) que só fodem o planeta e os seres vivos, incluindo humanos. O socialismo saiu do horizonte do Partido dos Trabalhadores. Já ouvi isso numa entrevista do presidente paulista do Partido.
Não é uma contradição o que disse sobre anomia: as "normas" do sistema neoliberal capitalista - que a esquerda tradicional tem defendido acreditando ser possível "humanizar" - é não ter normas, nem direitos. Pode tudo quem tem o poder da força do dinheiro. Uma anomia para todos nós dos 99%, um mundo sem normas.
É muita coisa. Chega de escrever por enquanto.
William
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