Refeição Cultural
"(...) Nada há pior que gente vadia, - ou aposentada, que é a mesma cousa; o tempo cresce e sobra, e se a pessoa pega a escrever, não há papel que baste." (p. 21)
O personagem Conselheiro Aires faz consigo mesmo uma ironia ao escrever em seu diário o pensamento acima. Ele queria escrever "meia dúzia de linhas" sobre uma reflexão e acabou se alongando por mais de uma página.
Imaginem vocês, amigas e amigos leitores, essa citação ficcional dos diários de um personagem machadiano do início do século passado sendo lida e interpretada de forma descontextualizada por gente de qualquer matriz ideológica nos rápidos tempos de internet e redes sociais do século vigente...
IRONIA VAI MORRENDO
A redução da capacidade intelectual e interpretativa está tão grande nas últimas décadas que autores e escritores que se atrevem a fazer ironias se protegem com a já tradicional advertência "atenção, contém ironia".
A mais leve bobagem que ouviríamos do pensamento do personagem Aires seria dizer que o mestre Machado de Assis estaria chamando aposentados de vadios.
Dureza! Desalentador.
Perseverar é necessário, seguiremos lendo, estudando e compartilhando conhecimento de forma gratuita aqui nesta página de diário (blog). Seguiremos com ou sem ironias.
Só o conhecimento liberta, já nos ensinava José Martí.
William
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