Refeição Cultural
"Não vês aquele velho respeitável
Que à muleta encostado
Apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo!
O tempo arrebatado,
Que o mesmo bronze gasta.
Enrugaram-se as faces, e perderam
Seus olhos a viveza;
Voltou-se o seu cabelo em branca neve;
Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo;
Nem tem uma beleza
Das belezas, que teve.
Assim também serei, minha Marília,
Daqui a poucos anos,
Que o ímpio tempo para todos corre:
Os dentes cairão e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos
Que evita só quem morre." (Lira XVIII, Parte 1)
Que lira fantástica!
Ao ler me identifiquei com o eu-lírico e me vi também como o objeto em estudo. Me vi adiante sob o implacável efeito do tempo.
Enquanto passava o dia na estrada, indo de São Paulo a Uberlândia, fiz o download (é de domínio público) do clássico "Marília de Dirceu", publicado em Lisboa em 1792.
O poema é dividido em três partes, sendo a primeira com 33 liras, a segunda com 38 liras e a terceira com 9 liras e 13 sonetos.
Terminei a primeira parte.
Ao chegar à casa dos pais em Minas Gerais, o tempo do ócio inexistiu. Foram só tensões e doenças na família...
Sigamos na leitura quando possível for.
William
Nenhum comentário:
Postar um comentário