domingo, 29 de novembro de 2009

Noção de texto e variações linguísticas

Alguns excertos sobre a leitura de uns textos que focam o Texto, as variações linguísticas e a importância de saber adequar texto e contexto.

(AS PARTES DO TEXTO NÃO SÃO MINHAS, SÃO DA APOSTILA DA FUNAG, autores Francisco Savioli e José Luiz Fiorin)

Um texto possui coerência de sentido, ele é um tecido, não um aglomerado desconexo de fios. Todo texto está inserido em um contexto, explícito ou implícito.

Dois fatores de textualidade importantes são a COERÊNCIA E A COESÃO.

"Um texto será coerente, quando nele não houver nada ilógico, desconexo, contraditório, não solidário; quando suas partes mantiverem compatibilidade, continuidade de sentido umas em relação às outras".

A coerência tem estreita relação com a SEMÂNTICA. Já a coesão tem relação com a SINTAXE. Um texto pode não ter coesão e ter coerência em determinado contexto.

"A coesão, por sua vez, diz respeito à ligação das frases ou orações do texto, por elementos que garantem sua concatenação ou retomam o que foi dito"

Outras características do texto é ser "delimitado por dois brancos, isto é, por dois espaços de não sentido" e ser "produzido num dado tempo e num determinado espaço".

CONCLUSÕES:
"Um texto é um todo organizado de sentido, delimitado por dois brancos, que manifesta um ponto de vista social sobre uma dada questão.

Desse conceito de texto pode-se concluir que:
a) a leitura de um texto não pode basear-se em fragmentos isolados; produzir um texto não é amontoar frases sem qualquer relação entre elas;
b) a leitura de um texto deve, de um lado, levar em conta aquilo que ele diz, e, de outro, a relação entre o ponto de vista social que ele expressa e aquele em oposição ao qual se constitui; produzir um texto é adotar uma posição sobre um dado assunto e argumentar em favor dela".

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A variação é inerente ao fenômeno linguístico. Todas as línguas têm variantes, até mesmo os idiomas antigos.

O uso de uma dada variante linguística confere uma identidade ao falante, porque o inclui num grupo social bem específico.

Há variações nos planos fônicos, morfológicos, sintáticos e lexicais.

DIATÓPICAS são as variações regionais.
Ex: "cueca" em portugal quer dizer "calcinha" em brasileiro; "bicha" que dizer "fila"; "camisola" quer dizer suéter.

DIASTRÁTICAS são as variações que marcam os grupos sociais.
É a questão da linguagem culta, popular, junenil, sindicalista etc.

DIAFÁSICA é a variação que se adapta às diversas situações de fala.
É a questão de saber adaptar a linguagem ao contexto. Não se deve falar em um bar da mesma maneira que se fala no Congresso Nacional e vice-versa.

SER POLIGLOTA NA PRÓPRIA LÍNGUA!

DIACRÔNICA é a variação da linguagem no tempo.
Uma linguagem da mesma língua é uma no século atual e outra em cada século anterior.

DIFERENÇAS ENTRE A MODALIDADE ESCRITA E FALADA

Na oralidade estão presentes o EU, TU, AQUI, AGORA. É a cena enunciativa. Situação de interlocução. Como isso não está presente no texto escrito, é necessário recriá-la na escrita.

Existem estratégias diversas na criação de texto oral. Já no escrito várias marcas presentes na conversação desaparecem. De quase todas as estratégias usadas na fala, somente a variante lexical é aceita no texto escrito formal. O restante seria considerado erro. O ideal é tratar o tema das variações como ADEQUADO/INADEQUADO mais do que como CERTO/ERRADO.

Na FALA temos como UNIDADES DE SENTIDO os TURNOS e os TÓPICOS.

Já na ESCRITA temos os PARÁGRAFOS e os CAPÍTULOS.

CONCLUSÃO:
"É preciso compreender o fenômeno da variação e entender que escrita e fala são duas modalidades diferentes da linguagem, para daí tirar duas conclusões a respeito da produção dos textos escritos:

1. a menos que o texto escrito queira simular a fala, não deve aparecer nele nenhuma característica do texto falado: frases truncadas, marcas da presença de um interlocutor, sinais do planejamento e da elaboração, etc;

2. os textos científicos, técnicos, jornalísticos só admitem a chamada norma culta; outros textos, para marcar a identidade de narrador ou de personagens, permitem o uso de outras variantes, desde que elas sejam adequadas à identidade que se quer construir (não se pode fazer um baiano falar como um gaúcho)".

Bibliografia:
SAVIOLI, Francisco e FIORIN, José Luiz. Manual do candidato - Português. IRBr/Funag, Brasília, 1995.

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