sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Leitura: Raízes do Brasil, de Sérgio B. de Holanda



Refeição Cultural

“E assim, enquanto povos protestantes preconizam e exaltam o esforço manual, as nações ibéricas colocam-se ainda largamente no ponto de vista da Antiguidade clássica. O que entre elas predomina é a concepção antiga de que o ócio importa mais que o negócio e de que a atividade produtora é, em si, menos valiosa que a contemplação e o amor.”


COMENTÁRIO: Após a leitura do prefácio de Antonio Candido, li o primeiro capítulo do ensaio de Holanda. Posso afirmar uma coisa com tranquilidade: o intelectual é ousado! Fiquei surpreso com a linha de argumentação dele. 

Mais uma vez, ao seguirmos lendo e tentando conhecer as teses e linhas de pensamento da intelligentsia brasileira, compreendemos os porquês daquilo que somos e de porque não chegamos ainda aonde achamos que merecemos estar. 

Quase sempre, nossa realidade e nossa situação presente é o resultado de nosso passado, de nossa gênese. Ah! E como é triste o fato de nossos jovens viverem numa espécie de “presente contínuo”, como diz Hobsbawn, e não se interessarem por conhecer o passado para compreender que o tecido do presente é o resultado da tecelagem do ontem, para o bem e para o mal. 

Às vezes, fica fácil até para compreender o porquê de nossa elite branca ser tão desgraçadamente egoísta e de pensamento medíocre. Às vezes, fica fácil até para compreender por que os cidadãos pobres e humildes paulistas votam nos candidatos da direita reacionária e conservadora, elite essa que segue adestrando a massa em escolas técnicas somente para que os futuros trabalhadores não estraguem suas máquinas industriais. 

O capítulo primeiro apresenta o seguinte temário, que fala por si mesmo:

FRONTEIRAS DA EUROPA 

- Mundo novo e velha civilização 
- Personalismo exagerado e suas consequências: tibieza do espírito de organização, da solidariedade, dos privilégios hereditários 
- Falta de coesão na vida social 
- A volta à tradição, um artifício 
- Sentimento de irracionalidade específica dos privilégios e das hierarquias 
- Em que sentido anteciparam os povos ibéricos a mentalidade moderna 
- O trabalho manual e mecânico, inimigo da personalidade 
- A obediência como fundamento de disciplina 

Bibliografia: 

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. Companhia das Letras, 26ª edição, 27ª reimpressão 2007.

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