Publicado na edição de setembro do periódico "Journal of Strength and Conditioning Research", o estudo foi feito com atletas de alto desempenho. Divididos em grupos, os participantes realizaram alongamentos estáticos (extensão de um grupo muscular mantida por 20 a 30 segundos), alongamentos dinâmicos (extensão de grupos musculares em sentidos opostos em movimentos contínuos) e nenhum tipo de alongamento. Em seguida, realizaram exercícios de salto e flexão do joelho. Com um aparelho, foi medida a força muscular nas pernas.
O grupo que fez alongamento estático apresentou maior perda de força muscular; em menor grau, os que fizeram o alongamento dinâmico também perderam força nas pernas, algo que não aconteceu com os participantes que não realizaram nenhum exercício para alongar os músculos.
É a pedra de cal para a indicação do alongamento pré-exercício? Ainda não. Bill Holcomb, um dos autores do estudo, diz que aumentar a flexibilidade é importante para reduzir lesões, mas que os alongamentos estáticos devem ser feitos depois --e não antes-- do exercício.
Holcomb também sugere uma alternativa pré-exercício: atividades para aquecer o corpo todo (como realizar um trote leve) combinadas com movimentos do alongamento dinâmico por um curto espaço de tempo (cerca de dez minutos). Porém, para atividades que exigem o uso máximo da força muscular (como salto em distância), ele desaconselha qualquer alongamento.
O esquema proposto é sustentado por outro estudo, dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA. Apresentada em julho, a pesquisa, com 1.435 atletas de futebol feminino, mostrou que a realização de aquecimento combinado a alongamentos dinâmicos reduziu quase à metade as lesões de joelhos.
Polêmica
Paulo Zogaib, professor de medicina esportiva da Universidade Federal de São Paulo, acredita que estudos como o que mostra perda de força muscular podem ser válidos para atletas de alto desempenho, mas não teriam grande influência para esportistas amadores.
Para ele, é importante ressaltar o papel do aquecimento antes do alongamento. Embora preconizado por especialistas e professores de educação física, são poucos os praticantes que seguem a recomendação.
"Aumentar a temperatura corpórea é necessário para produzir energia para a contração muscular e promover uma redistribuição do fluxo sanguíneo, privilegiando os músculos que serão utilizados", diz.
Zogaib também considera controverso o alongamento dinâmico. "Os movimentos ativam todas as estruturas musculares, deixando-as de uma forma mais próxima da que o corpo vai usar na atividade seguinte. Porém, como opõem extensões com contrações, aumentam o risco de lesão se não forem feitos corretamente."
Ricardo Munir Nahas, diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, considera que o alongamento dinâmico pode ser arriscado e deve ser praticado sob supervisão por quem tem pouca experiência. O mais importante, para ele, é manter o bom senso. "Alongar não dói. Se isso acontecer, é porque a pessoa está na posição errada ou ultrapassando os limites."
Mara Patrícia Traina Chacon-Mikahil, professora de educação física da Universidade Estadual de Campinas, acha o alongamento dinâmico interessante quando prepara o corpo para uma atividade que combine extensões e contrações de grupos musculares opostos, como vôlei ou futebol. "A vantagem é possibilitar uma ativação neuromuscular ao mesmo tempo em que ajuda a promover o aumento do metabolismo, preparando melhor o corpo para o esforço."
Fonte: bol notícias/Folha on line
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