1 - Nos labirintos da 'Scriptologia' Medieval
A existência de grande número de variantes léxicas é fruto dos dilemas dos 'manuscritores' desde 1200.
Ou se grafava as palavras cunhadas a partir de matrizes da língua-mãe, ou se grafava a partir da impressão auditiva vinda da emissão dos novos vocábulos.
Só a palavra IGREJA, por exemplo, já conta nas pesquisas filológicas com mais de 50 variantes morfológicas e/ou meramente gráficas.
Ex.: ecclesia, egleja, eglesa, eglessa, eglisa (...) eigleja, eygreya, eygreygya, igleja, igrejja, iglisa, igriga.
2 - O dilema inicial: conservar ou inovar?
Há posições antagônicas desde os séculos XVI, XVII etc.
"em guardar a orthographia cõforme à ethymologia & pronunciação dos vocábulos" (Gândavo, Regras que ensinam a maneira de escrever a orthographia da língua portuguesa - 1574)
"o escrever como se pronuncia, he com a penna imittar a língua, estampar com letras aquillo, que declaramos com palavras (não acrescentando, nem diminuindo, pois não he necessario, antes fiqua sendo mais perfeito o modo de aquelle, que cõ esta arte imittar a natureza)" (Álvaro Ferreira de Vera, Orthographia ou modo para escrever certo na língua portuguesa - 1631)
Outros autores, apesar de irem na linha conservadora e latinista, acabam aceitando mudanças linguísticas como, por exemplo, Bento Pereira em Regras gerais, breves e comprehensivas da melhor orthographia com que se pódem evitar erros no escrever da língua latina, & Portuguesza. Para se ajuntar à Prosodia. Coimbra, Joseph A. da Sylva, 1733. (A 1a ed. é de 1666)
"Para que guardemos certeza ou verdade em nossa escritura, assim devemos escrever, como pronunciamos, & pronunciar como escrevemos. D'outra maneyra será nosso escrever mentiroso"
Bibliografia:
PEREIRA, Cilene da Cunha & PEREIRA, Paulo Roberto Dias. ORG. e COORD. Miscelânea de estudos linguísticos, filológicos e literários in Memoriam Celso Cunha. Ed. Nova Fronteira, 1995, RJ.
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