quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Leituras Capitais (2005)



Refeição Cultural - CartaCapital nº 356, 24/ago/2005


Memórias

Ao ler esta revista semanal de política, economia e cultura com as informações de agosto de 2005, uma leitura feita em 2024, quase duas décadas depois daqueles acontecimentos e opiniões, me lembrei com facilidade da maioria dos temas abordados no semanário. O ano de 2005 foi um ano inesquecível, para o bem e para o mal.

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Onde estava?

Eu era dirigente sindical da categoria bancária. Havia terminado o meu primeiro mandato como diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Nos debates sobre a formação de chapa, me lembro que cheguei a pensar em voltar para o dia a dia do Banco do Brasil. Fui convencido a continuar contribuindo com as lutas da categoria. 

Pedi ao meu grupo político que designasse outra tarefa para mim, não quis continuar na Executiva do Sindicato. Permaneci na diretoria e passei a ser o representante paulista na Comissão de Empresa do BB da Fetec CUT SP e CNB/CUT. 

Seguiria fazendo trabalho de base, a tarefa que mais me completava e que dava sentido ao meu fazer sindical. Aliás, eu estudava muito justamente para fazer um bom trabalho de formação na base.

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Crise do "Mensalão" e tentativa de golpe

A revista CartaCapital 356, do final de agosto de 2005, traz matérias sobre a questão do chamado "mensalão", crise política e primeira tentativa de golpe que o governo Lula e o Partido dos Trabalhadores enfrentaram naquele ano. Não tem como esquecer o que enfrentamos. 

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Um militante petista acolhido pela base de trabalhadores do BB

Eu era muito conhecido na base social onde atuava, era um dirigente que fazia muito trabalho de base, nas regionais Oeste, Osasco e Centro do Sindicato. Neste ano especificamente, eu era o responsável pelo maior complexo de funcionários do BB em São Paulo: o Complexo do BB na Av. São João, o prédio ao lado do edifício Martinelli, sede do Sindicato.

O que posso dizer em um parágrafo é que nunca vou me esquecer da forma como fui acolhido carinhosamente pelas bancárias e bancários do BB por conhecerem meu trabalho sindical e saberem o quanto estava difícil ser pessoa pública de esquerda nos espaços sociais por causa da overdose de acusações na grande imprensa a qualquer pessoa que fosse apoiadora e militante petista. As pessoas que eu representava me acolheram e apoiaram. Essa confiança no meu trabalho foi a base da minha ética sindical e da minha dedicação até o último dia de representação da classe trabalhadora.

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A edição CartaCapital 356

Além das matérias da política, outras me chamaram a atenção.

- Sócrates - O Magrão era vivo e escrevia na revista. Duas décadas atrás, o craque já nos explicava sobre os dois tipos de técnicos de futebol mais característicos: aqueles que conquistavam seus comandados com honestidade e integridade e os que o faziam com terror e opressão. O Dr. Sócrates temia pelo futuro do esporte e de todos nós na sociedade humana.

- Viva o médico de família (artigo de Rogério Tuma) - Outra excelente matéria da revista de agosto de 2005 foi sobre um tema que eu viria a me tornar um bom conhecedor tempos depois. 

Nos anos seguintes, nós do Banco do Brasil fizemos grandes debates sobre o modelo preventivo de saúde baseado na medicina de família e comunidade. 

A Cassi, autogestão dos funcionários do BB, tinha mudado radicalmente sua concepção desde a reforma estatutária de 1996 e estava num processo de construção de um modelo próprio de atenção primária, baseado na Estratégia de Saúde da Família (ESF) com clínicas de atendimento próprias - CliniCassi - e eu acabei sendo gestor eleito do modelo de saúde entre 2014 e 2018.

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É isso! O presidente Lula seguiu firme e até hoje o temos do nosso lado nas lutas da classe trabalhadora.

William 


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