Vila Caiçara, Praia Grande, SP. |
Refeição Cultural
Osasco, 26 de janeiro de 2024. Noite de sexta-feira.
Vou dormir daqui a pouco em casa. Estávamos na Praia Grande, litoral paulista, nos últimos dias. Corpo cansado, por fazer atividades físicas. Consciência leve, porque faço a minha parte como animal racional para alongar minha existência, prorrogando a atuação do tempo e os efeitos do desgaste natural por sermos natureza. Minha herança genética e a forma intensa como vivi exponenciam meus riscos de interrupção da existência a qualquer momento (todos nós, mas alguns mais).
Estivemos na colônia dos professores do Sinpro São Paulo, um lugar simples, pequeno e que adoramos. Sentimos a ausência do filho, que não foi desta vez, mas conhecemos pessoas muito legais, professoras e professores. Enquanto a minha razão matuta ideias de fim das relações humanas - o tal pessimismo da razão -, a realidade nos apresenta pessoas que teimam em fazer a vida valer a pena. Muito interessante essa nossa espécie! Esperançar...
Colônia dos professores do Sinpro São Paulo. |
Correndo com um corpo gasto
Posso avaliar de diversas formas as coisas da vida.
Um novo amigo, o professor Henrique, disse, por exemplo, que Deus (talvez a natureza) estragou os ossos do fêmur e quadril dele. Sob certo ponto de vista, poderíamos dizer que foi a vontade de Deus, dos deuses, do destino, da natureza etc. Aí vieram os animais humanos, a espécie animal que tem capacidade de alterar e controlar a natureza, que tem inteligência para criar coisas, e deram a ele nova estrutura de locomoção, próteses de cabeça de fêmur e encaixes no quadril. Achei a hipótese dele interessante.
Qual foi a vontade de Deus e qual foi a do homem? A resposta depende das concepções de mundo de cada pessoa. O que posso dizer, por ser testemunha ao ouvir as pessoas, é o quanto a intervenção humana devolvendo a mobilidade e ou saúde a uma pessoa pode ser algo maravilhoso! O professor Henrique e várias pessoas que conheço estão felizes por voltarem a ter mobilidade.
No meu caso, estou com desgastes na estrutura locomotora também. Faz alguns anos que o prazer da corrida passou a ser uma mescla de dor e prazer ao me esforçar para correr, coisa que faço desde adolescente. E posso refletir sem falsa modéstia que, no mínimo, sou esforçado há décadas, e disciplinado, e pessoa com firmeza de propósito.
Vamos tentando alongar a existência...
Não é pouca coisa! Se eu não fizesse atividade física, aeróbica, talvez eu já tivesse sido vítima de eventos cardiovasculares ou cerebrovasculares aos 54 anos (as maiores causas de mortes no Brasil). É minha natureza genética. Ao correr, adio os efeitos da natureza em relação ao meu colesterol ruim (LDL) e triglicérides, pressão alta, níveis de glicose, sobrepeso e obesidade, fatores centrais de doenças crônicas.
Nunca fui pessoa de aceitar com tranquilidade intervenções cirúrgicas. Entendo que intervenções invasivas em nossos corpos, só em último caso. Nem a cirurgia de miopia quis fazer tempos atrás, mesmo sendo moda e todo mundo fazendo. Aliás, se for falar de moda de cirurgia... fodeu! Eu gostava de práticas esportivas meio radicais, diriam, saltar de paraquedas, cachoeiras, cavernas etc e decidi não me arriscar a entrar para a estatística da pequena porcentagem de cirurgias que poderiam não dar certo.
E depois de estabelecer minhas convicções e tendências sobre intervenções invasivas em meu corpo, ainda tive a oportunidade de ser gestor de saúde, de um modelo assistencial baseado em atenção primária e medicina de família: prevenção, promoção de saúde, controle de riscos, visão holística da pessoa etc. Aí que passei a ser mais cuidadoso ainda com essa questão de qualquer capitalista com diploma na área da saúde sugerir fazer uma "operaçãozinha" em você. Existem as intervenções necessárias e as desnecessárias... o difícil é saber como anda a ética do capitalista que vende essas intervenções cirúrgicas.
Enfim, toda essa verborragia acima é para dizer que se puder adiar fazer operações para colocação de próteses disso e ou daquilo, farei isso!
Depois que fiz a romaria de 80 Km ano passado (ler aqui), e depois que achei que não daria para correr a São Silvestre (15 Km) e corri, com uma história de superação incrível (ler aqui), entrei o Ano Novo imaginando coisas, esperançando ideias de corridas (já falei o quanto é fantástica essa invenção humana: o calendário e a contagem do tempo). Ano Novo, esperanças novas!
Vila Caiçara, Praia Grande. Foto: William |
Voltei com as corridas longas
Então, vou dormir com a sensação de dever cumprido em relação à minha saúde e às pessoas que são de minhas relações de afeto. Corri 10 Km na Praia Grande hoje, para me despedir da semana de férias na colônia dos professores. Foi incrível porque foi uma corrida bem tranquila. Minha energia estava ótima!
No domingo, saí para correr no calçadão da praia e não consegui fazer um longão. Depois de correr 5 Km, tive que parar porque se continuasse poderia me prejudicar. Foi ruim.
Eu já tinha corrido uma distância de 10 Km em janeiro, depois de correr a São Silvestre. Mas naquele dia na praia não deu.
Aí durante a semana no litoral choveu a cântaros. Mais de 300 mm de chuvas em quatro dias. Eu não me arriscaria a correr com chuva forte porque nos dias que ficamos na Praia Grande um raio matou uma senhora e feriu mais pessoas.
Como hoje era o último dia, a chuva virou chuvisco e a temperatura melhorou, saí para me despedir da praia. Que corrida gostosa! Que semana gostosa na colônia!
É isso! De volta a Osasco!
Seguimos a vida!
William
2 comentários:
Como diria Galileu:"E pur si muove!" Seguiremos andando e correndo porque a Terra se movimenta. Super abraço.
Seguimos andando e correndo, professor! E a Terra correndo mais que nós! Abração!
William
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