terça-feira, 2 de junho de 2009

Poema - Desnudo e pelado


A pura verdade é que sou o que sou.
Assim como estou:
desnudo e pelado.

O pior é que ainda estou disfarçado:
Os óculos, o chinelo. (não me compõem)

Aí vem a dor do desencanto
porque sei que vou morrer.
Não tem problema morrer.
O duro é não ter um porquê.

Por que o homem vive, se sabe que vai morrer?

Vejo as expressões das pessoas no trem
no fim de mais um dia.
Das pessoas pedintes, mendicantes.
Eles não têm uma chavinha: on-off...

Mas vale também a dialética:
muitos não desligariam...
Muitos abastados também gostariam
da bendita chavinha... porque aí não doía.

Às vezes penso que os homens vivem
porque não têm a chavinha.

Também tem o medo:
medo da dor; medo do não-sei.
Porque ninguém sabe como é depois:
só divagações.

Eu sei que é terra. Ou pó. Ou micróbio.
Isso todos sabem.
Mas dizem que não sou só esse desnudo,
esse pelado. (apesar dos óculos)
Dizem que sou o nada.
Quer dizer, o que não se vê:
que sou alma. (sou ar?!)

Sei que não sei o que sou.
Mas mesmo aquele que diz que sabe,
não sabe nem que não sabe.
Eu sei que nada sei.

Mas sou esse desnudo, esse pelado.
Sei que vou morrer.
E não sei como é o depois, 
o “não-sei”.


Entretanto,
A segunda parte disso,
é que não dá pra ficar cismando...
nem rezando.

Sou sindicalista!
E as coisas se resolvem na política.
Não importa meu desânimo.
Sei que não creio em nada (que não vejo),
mas vejo que preciso crer na mudança.

Tudo bem que talvez não aconteça.
Todo dia acordo, respiro e como.
Alimento esse corpo pelado, desnudo,
pois sou o que sou. (não quero ter nada)

E se cismar...
Enquanto espero...
Será nas noites...
Sem a capa, sem a máscara.
Desnudo e pelado.


Wmofox 2.12.03

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