sábado, 27 de junho de 2009

A pena de morte: o reparo impossível do equívoco possível




Artigo: William Mendes

(texto publicado originalmente em 6.11.06 no blog A Categoria Bancária)

A condenação do ditador iraquiano Saddan Hussein, esta semana, deixou-me inquieto e com necessidade de dizer alguma coisa a respeito da pena de morte.

Não conheço os detalhes de seu julgamento para fazer juízo de valor sobre a justiça ou imparcialidade do processo.

Porém, nesta segunda fase de minha existência (divido a vida em 2 partes: do início para o meio e do meio para o fim, independentemente das durações dos meios), onde busco aprender e melhorar a cada dia, incansavelmente, como ser humano e ser social, fico cada vez mais convencido que o mundo tem jeito, que as pessoas têm jeito, que as mudanças são possíveis.

Sinto-me à vontade para falar na capacidade de mudança, pois fui mudando sobremaneira ao longo da segunda parte de minha existência. E afirmo a todos: já fui favorável à pena de morte.

Fui favorável à morte e não à vida, na época em que minha visão de mundo era outra. Tive uma adolescência difícil, muitas vezes em ambientes violentos, com poucas oportunidades. Ou seja, nada diferente da realidade de hoje de milhões de jovens por este mundão afora.

Hoje, sou favorável à vida e não à morte. Entre a transição de uma metade para a outra de minha existência, alguns fatores foram fundamentais para a mudança dos extremos.

Na adolescência, fui deixando a malandragem das ruas pela leitura, pelos livros. Fui permitindo, aos poucos, que o diálogo vencesse a intolerância. Os livros foram me mostrando que eu não sabia quase nada perto do tamanho da minha arrogância. Fui trocando os amigos, os empregos foram sendo menos sofridos, o estudo foi permitindo novos sonhos etc.

Eu acredito na revolução pela educação.

Prefiro escolas que presídios;
Prefiro penas alternativas que cadeia a todos;
Prefiro o perdão que o ódio cego;
Prefiro tirar a liberdade que a vida;

E o mais importante, considerando a "imparcialidade" da justiça burguesa:

Prefiro que se indenize um injustiçado, que a família de um morto mal-condenado.

É isto,

William Mendes

PS: um bom filme para se refletir sobre o tema é A vida de David Gale, lançado em 2003.

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