quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rotacização do L nos encontros consonantais


Estou relendo o livro de Marcos Bagno - A língua de Eulália, de 1997. A importância dele para mim é muito grande.

Quando entrei na USP em 2001, foi uma das questões que mais me marcaram o fato dos professores de língua portuguesa insistirem para que os alunos perdessem o preconceito linguístico. É como se dissessem a eles: mudem o programa de seu computador-cérebro.

As pessoas não falam errado, ou "não sabem falar". Elas falam variedades de língua.

A questão da língua única no Brasil também é outra balela, é mito.


ROTACISMO

Marcos Bagno nos explica que existe na língua portuguesa uma tendência natural em transformar em R o L dos encontros consonantais.

Quem diz broco em lugar de bloco não é "burro", não fala "errado" nem é "engraçado", mas está apenas acompanhando a natural inclinação rotacizante da língua.

Vejam abaixo como funciona isso através da etimologia das palavras. O que era L em latim permaneceu L em francês e em espanhol, mas em português se transformou em R.


LATIM..... FRANCÊS...... ESPANHOL.... PORTUGUÊS

ecclesia- ....église .........iglesia ...........igreja
Blasiu- .......Blaise .........Blas ..............Brás
plaga- ........plage ..........playa ............praia
sclavu- ......esclave .......sclavo ...........escravo
fluxu- ........flou .............flojo .............frouxo

O português não-padrão também é coerente às tendências da língua.

"Os falantes do português não-padrão só conhecem encontros consonantais com R. Na variedade deles simplesmente não existem encontros consonantais com L", nos diz Bagno.

Para finalizar o tema, vejamos duas frases com a mesma explicação histórica, onde uma achamos "correta" e a outra "ridícula e engraçada":

- "Cráudia fala ingrês e gosta de chicrete"

- "A igreja de São Brás é perto da praia"


E aí, que tal termos menos preconceito linguístico? Basta entendermos que o objetivo da língua é comunicar e que as pessoas se comunicam de acordo com a variedade vigente no meio onde vivem ou de onde vieram.

William

5 comentários:

Unknown disse...

Amei o seu texto sobre rotacismo, Willian. Estou lendo o livro "a língua de Eulália" e estou achando fantástico. Sou estudante de Letras na UEMASUL e irei apresentar um seminário sobre rotacismo.
Abraços e fique com Deus.

William Mendes disse...

Olá Jéssica, como vai? Que legal que meu texto foi interessante para você. Desejo-lhe boa sorte no seminário.

Eu vivo relendo as postagens do Blog e atualizando diagramação dos textos. Acabei de fazer isso neste que você leu.

Abraços,

William

Unknown disse...

Oi William, o seu texto sobre rotacismo está ótimo, eu também estou lendo o livro a língua de Eulália, eu também sou estudante de letras da UFRA de Belém do Pará,e estava fazendo uma pesquisa, pois também vou apresentar um seminário sobre rotacismo é amei sua matéria! Tudo de bom!

Unknown disse...

Oi William, o seu texto sobre rotacismo está ótimo, eu também estou lendo o livro a língua de Eulália, eu também sou estudante de letras da UFRA de Belém do Pará,e estava fazendo uma pesquisa, pois também vou apresentar um seminário sobre rotacismo é amei sua matéria! Tudo de bom!

William Mendes disse...

Olá, prezado leitor e estudante de Belém do Pará, como vai? Fico feliz que meu texto tenha contribuído para sua pesquisa e desejo-lhe boa apresentação. A matéria é muito instigante. Fraterno abraço!

William