quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Leitura: Chamadas telefônicas (1997) - Roberto Bolaño





Refeição Cultural

A leitura deste romance de Roberto Bolaño está sendo feita no contexto de estudos sobre o autor em uma disciplina na graduação da Faculdade de Letras, da FFLCH, na Universidade de São Paulo. Na noite de hoje terei aula com a professora Laura Hosiasson sobre o conto El Gusano. Na aula passada, discutimos a respeito do primeiro conto do romance, Sensini.

A matéria e as aulas são muito legais e despertou em mim o desejo de ler toda a obra do escritor. Já adquiri vários livros dele e comecei a lê-los.


O Verme - (El Gusano)

Informações relevantes e frases do conto

O conto O Verme abre a segunda parte do livro, que está dividido em três partes - Chamadas telefônicas, Detetives e Vida de Anne Moore - e a história se passa na Cidade do México (DF); o narrador tem 16 anos e se chama Arturo Belano, um alter ego do escritor Bolaño.

- O jovem narrador faltava às aulas para perambular por livrarias e ir ao cinema.

- A atriz citada no conto é personagem da vida real, atriz mexicana, Jacqueline Andere.

- O narrador faz referência ao livro A queda, de Albert Camus.

- No autógrafo da atriz, feito no livro de Camus, está escrito: "Para Arturo Belano, um estudante liberado, com um beijo de Jacqueline Ambere." (p. 78)

- O Verme e o narrador têm origens comuns num lugar chamado Sonora. O narrador, de Santa Teresa, o Verme, de Villaviciosa.

Frases

- "Parecia um verme branco, com seu chapéu de palha e um cigarro de Bali pendurado no lábio inferior" (p. 73)

- "Era, constatei, um animal de costumes, tal como eu" (p. 73)

- "Se não tinha dinheiro, como acontecia com frequência, costumava roubá-los indistintamente numa ou noutra" (sobre livros e livrarias, p. 74)

- "A ruiva é mais moça, é mais inocente, é mais irresponsável; isto é, mais feliz" (p. 74)

- "Sua flacidez, apesar de tudo, era mais de ordem moral do que física" (p. 79)

- "Dos pátios escapava um mau cheiro que às vezes era insuportável. Disse que era insuportável para a alma, inclusive para a falta de alma, inclusive para a falta de sentidos" (p.  83)

- "Uma vez perguntei de que tipo de mulheres gostava (...) Por fim disse: tranquilas. E depois acrescentou: mas só os mortos estão tranquilos. E ao fim de um instante: nem os mortos, pensando bem" (p. 85)

O final do conto me pareceu triste, me transmitiu resignação a respeito da vida, uma vida humana de encontros e desencontros, de chegadas e partidas.

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A Neve

Início e informações sobre o conto:

"Eu o conheci num bar da rua Tallers, em Barcelona, deve fazer uns cinco anos. Quando soube que eu era chileno veio me cumprimentar, ele também havia nascido naquelas bandas." (p. 86)

Um dos personagens se chama Rogelio Estrada e tem trinta e poucos anos, como o próprio narrador, o outro personagem.

Rogelio pergunta se o narrador tem tempo para ouvir sua história e assim começa o conto. Vai contar que é filho de liderança do Partido Comunista do Chile e que foi para a União Soviética após o golpe de Estado.

Na URSS: "Naquela época eu me fazia chamar Roger Strada". (p. 90)

Duas Moscou:

"Meu pai morava numa Moscou de papéis e memorandos, Moscou dos burocratas com ordens, contraordens, temas do dia, rixas internas, ódios internos, uma Moscou ideal. Eu vivia numa Moscou de drogas e prostituição, mercado negro e alegria, ameaças e crimes." (p. 90)

Os personagens no conto, Roger e Natália, apreciam a obra do escritor russo de origem ucraniana Mikhail Burgákov.

O mafioso para quem Roger trabalha, Misha Pavlov, é grande leitor de escritores russos como Dostoiévski, Tchékhov, Gógol e outros mais.

A história dentro da história termina de forma surpreendente. O conto termina ao estilo de Bolaño.

Frases

- "Seu sorriso parecia permanentemente instalado entre o espanto e a malícia" (p. 86)

- "Quando mostrei o diploma a meu pai, rolaram no rosto do velho lágrimas de emoção. Acho que foi aí que acabou minha adolescência" (p.89)

- "Depois de meia hora de felicidade me dei conta de que estava apaixonado. Era a primeira vez que isso me acontecia" (p. 94)

- "Veja como são as coisas: tudo me pareceu bem, então, tudo me pareceu conforme (como dizia meu pai), respirando com força, tranquilo, livre" (p. 99)

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Sigo com a leitura dos contos deste romance de Roberto Bolaño.

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