quinta-feira, 5 de setembro de 2019
050919 - Diário e reflexões (Perdemos II)
Algo mudou em mim nesta semana. Estou surpreso e triste, mas consciente do fato. Resoluto.
Durante toda a minha vida devotei um amor incondicional ao meu país e ao povo brasileiro. Depois de me politizar afirmei por décadas que jamais sairia de meu país para viver em outro lugar, porque sou um brasileiro da gema, gosto de arroz com feijão, das coisas da minha terra.
Em algum momento das desilusões diárias com o povo brasileiro isso mudou e agora já aceito pensar na hipótese de deixar minha terra e viver o restante de minha existência em algum lugar que me traga um pouco de paz interior, longe do que viramos, ou do que sempre fomos de forma enrustida e por isso aceitável.
Perdemos! Não perdemos uma batalha, simplesmente. Não. Não é uma questão pontual a ser revertida no próximo ano ou em pouco tempo o que viramos: um povo mau, um povo canalha, de má índole, que odeia o próximo, principalmente se não o vir como seu par. Odeia mais ainda, se o vir como um inferior. Um povo ignorante e que enaltece a ignorância.
Após espalhar todos os males pelo país, a abertura da Caixa de Pandora manteve retida a esperança, como se conta na mitologia grega. Nada parece mudar o cenário bárbaro. Nenhum ataque novo a direitos, nenhuma prova nova do processo de destruição do Brasil através da Lava Jato, nenhuma destruição nova - do meio ambiente, da educação, da saúde, do patrimônio público - nada modifica o cenário.
Para não se ter a chance de salvar os brasileiros de toda essa desgraça advinda com a criminalização da política, dos partidos de esquerda e movimentos sociais e populares, sobretudo o PT, a CUT, o MST e o MTST, a casa grande brasileira, formada pela elite mais lesa-pátria e tosca do planeta, se vendeu ao império por parcas 30 moedas e, com isso, venceu muito mais que uma batalha. Venceu a guerra!
Pode ser uma vitória de Pirro, mas a casa grande brasileira venceu a guerra contra a ascensão e libertação popular. Venceu, mas talvez tenha perdido. Não vai sobrar nada da colônia e do povo que exploravam.
A burguesia estúpida da colônia Brasil acha que lá fora algum país considera seus membros como alguma coisa. Burrice ao quadrado. Lá fora, essa burguesia será tratada como sempre foi pelos impérios: lixo, subgente; lacaios e serviçais.
Perdemos todos! Eu já não respeito mais o meu povo que não expressou reação a altura da destruição total dos avanços oriundos do governo que mais fez por ele na história de miséria desta ex-colônia.
Triste isso! Apesar da prisão da esperança, fica a expectativa do imponderável. Ele chega em algum momento e os algozes podem virar vítimas também.
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Post Scriptum: texto feito ao som repetidamente de Radiohead "You And Whose Army?", trilha sonora do filme Incêndios.
Post Scriptum II: reflexão anterior sobre nossas derrotas (aqui)
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