terça-feira, 7 de dezembro de 2021

071221 - Diário e reflexões


Essa lindeza é nada para o capitalismo...
Enquanto meu lado fala em diálogo,
as árvores vão caindo e queimando.

Refeição Cultural

Osasco, 7 de dezembro do ano 2021.


Último mês do ano. Não é o último mês da crise política que vivemos no Brasil. Pior, não é um mês com sinais claros de mudanças políticas no horizonte. O povo brasileiro vai entrar no "ano novo" de 2022 com o ritmo dos anos medievais que temos vivido desde o golpe de Estado em 2016. Na minha leitura, seguimos em 2016, 2016, 2016... 

A pauta da pós-verdade da mídia hegemônica segue... Lava Jato perdeu fôlego pra Farsa a Jato, mas agora o assunto é 3ª via a Bolsonaro e Lula. E o nojo de ter que ver aquele canalha do Moro desfilando pelo P.I.G. com a invenção do combate à "Corrupção". Corrupto desgraçado, lesa-pátria que vendeu o Brasil por 30 moedas ao imperialismo. Lixo!

Mas e o Lula? Não nos dá esperanças de mudanças? Mas e as vacinas? Não nos dão esperanças de fim da pandemia mundial? Fiquei olhando pela janela uns minutos para pensar em mais algum ponto positivo em relação à sociedade e não me veio nada na cabeça. 

Lula e a vacina contra Covid-19. É muito pouco se pensarmos no viés de fim de mundo que estamos enfrentando. Com todo respeito ao querido companheiro Lula e às vacinas contra Covid-19, aplicadas somente numa parte dos humanos do mundo, os de países ricos e intermediários... essas duas coisas boas da humanidade não resolvem.

O homem é mortal. Lula é um homem. Lula é mortal. A vacina é uma medida de combate ao vírus. A vacina funciona se houver imunidade de rebanho. Imunidade de rebanho ocorre quando a maior parte das pessoas estão vacinadas. A maior parte das pessoas estão nos países pobres sem vacina. E ainda temos o negacionismo da pós-verdade e da ignorância incentivada.

Então... difícil, né...

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A fome é uma realidade de centenas de milhões de pessoas no mundo. Há tecnologia humana para que ninguém tenha fome no mundo. No capitalismo, a produção de alimentos não é para saciar a fome das pessoas, é para gerar lucro para os produtores capitalistas. No capitalismo, alimento é mercadoria, não é alimento.

O capitalismo está numa guerra contra a natureza do planeta, numa guerra contra os seres vivos, numa guerra contra a vida humana. Alguns humanos se beneficiam do capitalismo. Esses poucos humanos estão se cagando para o restante dos seres humanos. Por que que o restante dos seres humanos não se livra dos poucos capitalistas?

Aqui no Brasil o que vejo é 2016 seguindo em 2022, 2023... Nossa ignorância é material, somos medievais desde a idade média. Bolsonaro e Moro e essa gente mestiça que se acha classe média é algo material, é um material dos cinco séculos de escravidão, de exploração, de cada um por si pra sobreviver.

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O que posso fazer no atual contexto em que me encontro para mudar o mundo? Não consigo viver em paz com a consciência que tenho das injustiças do mundo ao meu redor.

Se tivesse me tornado um educador, talvez me sentisse melhor. Me esforcei ao máximo para exercer dignamente e combativamente o meu papel enquanto dirigente da classe trabalhadora. Espero ter sido útil à luta de classes. Entendo que exerci meus mandatos plenamente, plenamente! Acredito que enfrentei esses capitalistas desgraçados, da maneira que me foi possível.

Hoje, não acredito mais na possibilidade de a democracia vigorar neste mundo capitalista. Não haverá democracia enquanto houver burguesia, enquanto houver capitalismo. Capitalismo é força, é destruição e morte. Não se combate o capitalismo e os capitalistas com conversa.

Estou procurando respostas pessoais e coletivas, como fiz quase a vida toda. Não estou desesperado. Tenho consciência a respeito de algumas coisas e isso é bom. Não estaria melhor se fosse alienado. Isso já é um consolo.

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Sei, por exemplo, que somos vulneráveis, somos rastreados, somos nada para os sistemas do capitalismo que nos transformaram em commodities, em mercadoria. Fico estupefato ao observar a crença de meus pares do movimento de esquerda nas instituições burguesas nesta fase do capitalismo em que estamos. Fico chocado. Eles acreditam em soluções através de processos de paz, sem enfrentamento e sem destruição de nada do sistema dominante. Acho que é um misto de inocência com autoengano, a realidade é dura demais para acreditar nela. O 1% dominou o mundo, as tecnologias que a humanidade inventou, todos os meios e os Estados, dominou a força armada dos Estados e o meu lado da classe ainda acredita em mudar a realidade através do diálogo, através dos processos limpinhos da "democracia liberal". É como se não houvesse lawfare, como se eles não nos matassem como se matam árvores e animais indefesos... 

Deu por hoje.

William


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