Refeição Cultural
Ontem li mais um capítulo do clássico de Daniel Defoe - As aventuras de Robinson Crusoé (1719). Gostaria de terminar a leitura do livro ainda este ano, mas não será fácil. Faltam dez capítulos.
RELIGIÕES
O capítulo XXVI tem uma longa abordagem sobre religião, apontando divergências e convergências entre a religião católica e a religião protestante, a católica dos personagens espanhóis e do padre francês que acompanha Crusoé em uma visita a sua ilha e a protestante dos ingleses.
A convergência de ambas seria a fé cristã, como descreve o padre católico que acompanha Crusoé:
"Embora não professemos a mesma religião, estou todavia seguro de que nós, como cristãos que somos, teríamos o maior prazer em ver as pobres escravas do demônio instruídas nos preceitos do cristianismo, na crença do Redentor, na Ressurreição, na vida eterna e no Juízo final, dogmas estes sobre que não há divergências de doutrina." (p. 373)
A divergência seria a própria estrutura de poder e hierarquia da igreja católica frente ao modelo protestante.
"Na minha qualidade de católico, conheço suficientemente a diferença radical que há entre um protestante e um pagão, entre aquele que invoca o nome de Jesus, embora de uma forma que julgo não ser de acordo com a verdadeira fé, e um bárbaro ou selvagem, que desconhece por completo Deus e o seu Cristo, Redentor da humanidade. Se os protestantes não estão dentro dos umbrais da igreja, pelo menos estão mais perto do que aqueles que nunca ouviram falar dela..." (p. 386)
Enquanto lia, refletia e me lembrava de uma vida longa que tive acreditando nessas abstrações da mente e cultura humanas: o meu ambiente de criação foi o católico apostólico romano. Essas criações dos seres humanos são muito poderosas, tenho plena clareza a respeito disso. E tenho plena compreensão da necessidade humana de encontrar pontos de apoio e suporte para significar a vida e suportar as dificuldades existenciais percebidas pelo animal humano.
Cada pessoa e cada sociedade tem sua cultura e seu momento na busca de consciência e compreensão da vida na Terra.
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KARL MARX
Li mais um pouco do primeiro capítulo do livro de José Paulo Netto sobre a vida de Karl Marx. Muito interessante a forma leve com que Netto nos conta a respeito do grande pensador Marx.
O capítulo I. ADEUS À MISÉRIA ALEMÃ (1818-1843) nos conta o ambiente onde a família de Marx viveu.
Na parte que fala de sua adolescência, crescimento e conclusão de sua educação fundamental - "Os primeiros anos: 1818-1835" - gostei muito de um trecho de um de seus trabalhos de conclusão de curso, um texto com o título "Reflexão de um jovem em face da escolha de uma profissão".
"Se [o homem] trabalha apenas para si mesmo, poderá talvez tornar-se um célebre erudito, um grande sábio ou um excelente poeta, mas nunca será um homem completo, verdadeiramente grande [...]. Se escolhermos uma profissão em que possamos trabalhar ao máximo pela humanidade [...] não fruiremos uma alegria pobre, limitada, egoísta, mas a nossa felicidade pertencerá a milhões [de pessoas]. (NETTO, 2020, p. 42)
Que coisa linda! Um jovem de 17 anos!
Demais!
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Na parte "Dois semestres de boêmia: Bonn, 1835-1836" o leitor fica sabendo das loucuras do jovem estudante Marx, loucuras muito semelhantes às dos jovens estudantes de hoje e de sempre.
O rapaz não faltava a um rolê regado a bebida e tabaco. A faculdade tinha os grupos de afinidades dos filhos dos ricos e os dos não ricos, onde se situava Marx. Ele chegou a duelar com sabre com um rapaz e por pouco não deu merda. Feriu-se apenas acima do olho esquerdo.
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Na parte seguinte - "Os anos de Berlim: de 1836-1837 a meados de 1841) - que estou lendo ainda, já soube da paixão entre Marx e Jenny, mais velha que ele 4 anos. Ao ler sobre o amor e a vida que tiveram juntos, me lembrei de Machado de Assis e sua companheira de toda a vida, Carolina Augusta Xavier de Novais. Marx sentiu muito a morte da esposa em 1882. Machado idem, a morte da esposa em 1904 abalou muito o nosso escritor.
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Enfim, paro por aqui minhas reflexões e registros após meus estudos.
Seguimos em busca de conhecimento, em busca de consciência de classe e na expectativa de contribuir de alguma forma para o fim do regime capitalista e pela construção de um mundo melhor para a humanidade e para o planeta Terra.
William
DEFOE, Daniel. As aventuras de Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
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