domingo, 19 de dezembro de 2021

Leitura - Robinson Crusoé (VIII) - Daniel Defoe



Refeição Cultural

(contém spoiler)

Avancei na leitura de Robinson Crusoé desde a última postagem no blog (ler aqui). Daquele dia até hoje li dos capítulos XIX ao XXV. A história teve mudanças importantes de onde havia parado na semana passada. Quando terminou o capítulo XVIII, Crusoé havia ajudado o capitão de um navio inglês a se livrar de rebeldes que se insubordinaram e lhe tomaram o navio.

A história de Crusoé toma outro rumo. Após 28 anos, 2 meses e 19 dias na ilha, o náufrago inglês vai embora, levando consigo seu escravo e serviçal Sexta-Feira. Como eu não conhecia o clássico, me surpreendi pelo fato de o livro não acabar aí. Imaginem vocês que o livrão enorme está na metade...

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Nos capítulos XIX e XX Crusoé vai para a Inglaterra, descobre que quase todos os seus parentes já faleceram. Vai a Lisboa resolver questões relativas a suas propriedades e bens no Brasil. Volta para a Inglaterra por via terrestre a maior parte do tempo e enfrenta grandes alcateias de lobos nas montanhas geladas. Casa-se e constitui família, tendo três filhos.

A característica inglesa do homem branco de tratar como coisas outros povos e mulheres segue impecável:

"(...) e eu resolvi aumentar a minha criadagem com um marinheiro inglês para me servir de lacaio durante a jornada, atendendo a que Sexta-Feira não era suficiente para o meu serviço, em países de que apenas tinha uma leve ideia." (p. 260)

Com a morte da esposa, decide viajar novamente e visitar sua ilha. Crusoé estava com 62 anos em 1694.

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Nos capítulos XXI e XXII Crusoé volta aos mares. Salva tripulação de navio avariado e aporta em sua ilha.

TÉCNICA NARRATIVA:

"Creio que vale a pena narrar a história da sua chegada e permanência na ilha, tão cortada foi de incidentes de todo gênero, os quais têm ligações com outros fatos já por mim relatados. Por isso vou descrevê-la aqui com as particularidades que julgar mais interessantes, consoante me ocorrerem à memória, e em narração seguida, para não perturbar a cabeça dos leitores com os 'disse eu, replicou ele, perguntei eu, respondeu ele', que servem somente para tornar a dicção fastidiosa." (p. 304)

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Nos capítulos XXIII, XXIV e XXV, soubemos dos eventos ocorridos na ilha durante a ausência de Robinson Crusoé. Conhecemos os desentendimentos entre seus "súditos" espanhóis e ingleses, os confrontos com tribos canibais que invadiram a ilha algumas vezes, o povoamento da "colônia" etc.

Em uma das aventuras na ilha, três dos ingleses que só arrumavam confusão com os demais, foram embora e depois voltaram com nativos escravizados, tendo entre eles 5 índias. Elas foram divididas entre os ingleses. O tratamento delas foi o de sempre: coisas. 

O capítulo XXV termina com a vitória dos colonos após grande batalha com centenas de canibais. O narrador nos conta sobre a colonização que vai se fazendo na ilha por conta das mulheres índias que passaram a conviver com os colonos ingleses.

"A mais velha dessas crianças tinha seis anos de idade, na época da minha visita à ilha; e havia sete anos que os ingleses tinham para lá levado as mulheres. Foram todas fecundas, umas mais que as outras; a que coube ao segundo-cozinheiro estava grávida pela sexta vez. Eram meigas, modestas e laboriosas, sempre prontas a auxiliar as companheiras, e de obediência rara aos seus senhores, aos quais só impropriamente posso chamar maridos. Faltava-lhes apenas a educação no cristianismo e o casamento legítimo; o que afinal obtiveram, por minha intervenção, ou pelo menos como consequência da visita aos meus antigos domínios." (p. 357)

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COMENTÁRIO FINAL

Esse final de capítulo na ficção de Daniel Defoe foi realidade ao longo de séculos de invasão e colonização nas Américas e nas demais terras que foram sendo alcançadas pelos europeus.

É isso. Aos poucos vou avançando para o final da história de Robinson Crusoé, que não conhecia, apesar de seus 300 anos de existência na cultura ocidental.

William


Bibliografia:

DEFOE, Daniel. As aventuras de Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.


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