sexta-feira, 9 de junho de 2023

52. A comédia dos erros - William Shakespeare



Refeição Cultural - Cem clássicos

Osasco, 09 de junho de 2023.


Meu conhecimento de Shakespeare se resume à leitura de quatro tragédias dele que já li em algum momento da vida: Romeu e Julieta (1592), Hamlet (1599), Otelo, o mouro de Veneza (1604) e MacBeth (1606). São peças extraordinárias! Nunca li uma comédia ou outra peça do escritor inglês.

Por não ter obras de Shakespeare em casa, acabei adquirindo por R$ 1,99 uma coletânea virtual com 27 peças teatrais do dramaturgo e poeta inglês. Como ando meio parado na leitura de obras clássicas, preciso retomar esse objetivo e, de vez em quando, intercalar um clássico entre os livros que estou lendo neste ano.

Para começar a série de peças de Shakespeare, li hoje a primeira da coletânea: A comédia dos erros (1591). Pelo que pude pesquisar, a peça é uma das primeiras feitas pelo escritor. Gostei da obra! Gostei! Ler Shakespeare é realmente uma leitura diferente do que estamos acostumados a ler.

Esta foi a 14ª obra que li neste ano. Se der, quero ler 18 até o fim do mês para ficar com uma média de 3 livros por mês.

---

A COMÉDIA DOS ERROS

A peça tem 5 atos e tem como cenário a cidade de Éfeso. Siracusa é a outra cidade de referência da peça. Os personagens são originários dessas duas cidades inimigas.

O núcleo da peça envolve uma família que tem irmãos gêmeos e que se separam após um naufrágio. O destino vai se encarregar de colocar irmãos e demais personagens de seus entornos no mesmo lugar e época e a partir daí se darão os acontecimentos.

Os irmãos se chamam Antífolo de Éfeso e Antífolo de Siracusa e seus criados, gêmeos também, se chamam Drômio de Éfeso e Drômio de Siracusa.

Por que o velho mercador de Siracusa, Egeu, pai dos meninos separados pelo naufrágio, foi até Éfeso, sabendo que isso poderia lhe condenar à morte por serem inimigos os Estados e seus cidadãos serem proibidos de ir até o país uns dos outros?

"EGEU - Meu caçula, o mais velho nos cuidados, aos dezoito anos revelou desejo de procurar o irmão, tendo insistido junto de mim, para que seu criado - que, como ele, privado também fora de um irmão cujo nome ele levava - nas investigações o acompanhasse. Assim, porque sofria de saudades de meu filho perdido, pus em risco vir a perder o que ainda me restava. Cinco estios passei na extrema Grécia; vasculhei os confins da Ásia distante; e, ao costear, já de volta para a pátria, a Éfeso vim ter, sem esperança nenhuma, é certo, de poder achá-los, mas porque não deixasse inexplorado nenhum lugar capaz de abrigar homens...

---

COMENTÁRIOS

A tradução da edição que tenho é boa, na minha opinião. Os textos estão numa linguagem de fácil leitura, temos frases rimadas e com bom ritmo e sonoridade.

Durante a leitura me lembrei do pobre Sancho Pança, que sempre passou maus bocados ao lado de seu cavaleiro e senhor Dom Quixote de La Mancha. Os criados de seus senhores, os irmãos Drômio, são espancados sem dó alguma... que merda isso!

Aliás, eles foram comprados já no nascimento para serem criados das crianças gêmeas nascidas, os irmãos Antífolo.

"Na mesma hora, na mesma hospedaria, uma mulher do povo de igual fardo se livrou, dando à luz dois filhos gêmeos também mui parecidos, que por serem de gente muito pobre eu comprei logo, para que a servir viessem meus dois filhos..."

A MULHER E O MACHISMO: "LUCIANA - A liberdade indócil é domada pela própria desgraça. Não há nada sob a vista do céu que não se mova num limite restrito, assim na terra como no ar e no mar. Todas as fêmeas dos animais, dos pássaros, dos peixes seguem ao macho e em tudo lhe obedecem. O homem, ser mais divino, senhor deles, dono do mundo todo, do mar vasto, que a superioridade do intelecto pôs acima de pássaros e peixes, da esposa é dono e mestre. Assim, alegre, com ele em tudo concordar te cumpre."

A peça seguiu os desfechos que conheço das tragédias que já havia lido de Shakespeare, as tensões vão aumentando e se cruzando até o clímax final. Eu me surpreendi com o final da estória. Gostei! Arrepiei!

É isso. Mais um clássico da literatura mundial.

William


Bibliografia:

SHAKESPEARE. William. As grandes obras. Capa, paginação e tradução: Mimética. Imagem da capa: John Taylor: retrato de Chandos (1610). Copyright: Mimética, 2019.


Nenhum comentário: