domingo, 23 de março de 2008

Dois filhos de Francisco, de Breno Silveira (2005)


Poster do filme, 2005.

(atualizado em 02/11/19)

Refeição Cultural

Direção: Breno Silveira - 2005
Com Ângelo Antônio, Márcio Kieling, Thiago Mendonça.

Confesso que sou mesmo “nacionalista da gema” parafraseando a máxima carioca.

Cada vez que assisto a um novo filme brasileiro, mais me orgulho do quanto evoluímos na sétima arte.

Alguns filmes mexem conosco por tocar lá no nosso passado, na nossa história, por nos levar às nossas origens. Este então, transportou-me para a região de minha família.

O filme, que conta a história dos filhos de Francisco, na verdade, conta também a história de um montão de brasileiros como meu pai, meus tios e dezenas de primos. 

Tem um colorido de Brasil, tem cheiro e gosto de um Brasil que talvez pensem que está no passado, mas que basta pegar um ônibus e ir até alguns rincões do país para ver que vivemos no século XXI nas grandes capitais e nos séculos XX, XIX... quando nos afastamos delas.

Por que acho que o filme é bom?

É bom porque consegue ser um filme que não idolatra a figura dos cantores retratados na história. É bom porque não é um filme-comercial de música sertaneja.

É bom porque é um filme dos franciscos, dos joões, das marias. (apesar dos Mirosmar, Wesley, Mival etc - tão nosso, tão brasileiro!! - lembra-me até meus primos Miguel, Maurílio, Marciléu, Marli, Marceli...)

É bom porque assistimos com aquele saudosismo sempre inexplicável de dizer que antes as coisas eram melhores, mesmo sem serem de forma objetiva (ou serem opiniões forçosamente pessoais) – coisa talvez de quem já passou dos trinta!

O filme é bom para aqueles que já viveram por aquelas terras de Minas e Goiás e a cada instante vai identificando a cor, a textura, o contexto daquelas regiões que, apesar de serem ricas para uns, são paupérrimas para vários.

Já havia assistido ao filme no ano passado, porém, ao vê-lo novamente, me emocionei ao lembrar do principal objetivo de Lula quando chegou ao poder: melhorar a condição de vida de milhões de miseráveis nesta terra de riqueza mal distribuída.

Dos nove filhos de minha avó paterna mais os cinco de minha avó materna praticamente todos passaram necessidades como esta família-francisco retratada.

Se é verdade que falta muito ainda para não vermos mais famílias naquelas condições de subsistência, é verdadeiro também o fato de que a possibilidade é muito maior quando temos alguém no comando do país com vontade política de priorizar a atenção aos milhões de excluídos.

É um filme com as nossas cores.

(comentei em 27.11.06)

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Post Scriptum (02/11/19):

Pois é, quanta coisa não resiste ao tempo! 

A estória do filme é boa (enredo): dois garotos pobres, do interior de um país, conseguem vencer na vida como cantores de música sertaneja. O rapaz fica com a moça no final. E viveram felizes para sempre. 

Agora, se for para falar dos sujeitos que inspiraram os personagens do enredo do filme, lascou! O cantor trocou a mocinha - depois que ela ficou mais velha - por uma moça da metade da idade dela. Dizem as notícias de famosos que ele escondeu o patrimônio para não dividi-lo com a ex-esposa. 

Os sertanejos, que foram até um certo momento da vida do país próximos a partidos e líderes populares, depois de fortuna formada, viraram a casaca e agora estão do lado dos endinheirados, que organizaram um golpe de Estado no país. É isso! E a vida real segue...

Podem assistir ao filme como ele é e deve ser: uma estória de ficção, com final feliz.

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