domingo, 23 de março de 2008
Rocky Balboa - Stallone (2006)
(atualizado em 17/12/19, às 21h33)
Refeição Cultural
Rocky Balboa - Direção: Sylvester Stallone - 2006
Com Sylvester Stallone, Burt Young, Milo Ventimiglia, Antonio Tarver (ler aqui sobre o filme).
Assisti “Rocky - um lutador" (ler aqui) quando tinha uns 14 anos. É evidente que eu não tinha ideologia alguma. O que eu tinha era ódio, raiva e rancor da vida e da sociedade em que vivia.
É interessante a capacidade que alguns personagens têm de cativar as pessoas. E não podemos confundir isso com o ator que os interpreta, mesmo quando afirmam haver semelhanças entre eles.
Simpatizo com o personagem Rocky e sua história de luta, assim como tenho ojeriza a tudo que Sylvester Stallone e o Tio Sam representam para o mundo.
A catarse da sétima arte, assim como na música, literatura, pintura, dentre outras artes, tem muita relação com o momento em que a pessoa entra em contato com ela e por isso sempre afirmo ser contrário a estereótipos que, em geral, bloqueiam a visão profunda e completa do ser.
Nunca esquecerei, por exemplo, a sensação vivida no dia em que fiquei diante do quadro “O grito” de Edvard Munch, ou de quando li a saga do velho Santiago em “O velho e o mar" de Hemingway (ler aqui). Na oportunidade, tive grande identificação visual com um, e de vida com o outro.
Hoje, tenho uma visão socialista e da busca coletiva do bem comum. Não foi esse o caso para mim quando garoto, na década de 80. Pobre e cheio de frustrações, a ideia de um ferrado na vida que luta, luta e luta e supera tudo para vencer era e é cativante. Ou não foi assim que alguns de nós saímos do serviço braçal, passamos em concursos públicos e, uns poucos, passaram nos famigerados vestibulares das grandes universidades públicas?
Era real a vida daquele garoto magricela, que havia mudado de São Paulo com 10 anos de idade e chegado a um lugar estranho e hostil. E num curto espaço de tempo passou a ter raiva e ódio de tudo e todos. (mas aquela adolescência é outra história...)
Assistir a Rocky Balboa trouxe-me um aperto no coração. O filme lida com sentimentos e sensações sempre difíceis: o envelhecimento; a perda da pessoa querida; conviver com a solidão; viver entre os comuns após a fama; e a sempre possível relação difícil entre pais e filhos.
De fato, a garotada que assistir ao filme pode não entender o que Balboa quer dizer com “ainda tenho coisas guardadas aqui dentro, no porão...”. Mas acho que muitos daquela geração sabem o que é isso.
- Um lutador tem que escolher suas lutas...
- Um lutador tem que lutar...
- Não é só uma questão de bater mais forte... é uma questão de saber suportar a dor... de persistência...
O filme satisfez a minha expectativa.
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Post Scriptum (17/12/19):
Revi o filme e o contexto atual fez com que me emocionasse novamente com a estória da personagem e com os fatos que relatei na postagem acima.
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