Preciosa - foto divulgação |
Precious: Based on the Novel Push, by Sapphire, lançamento: 2009 (EUA), direção: Lee Daniels
Assisti ao filme "Preciosa" de 2009. É um soco no estômago. Mas é real e representa a vida de milhões de jovens em condições deploráveis de vida.
Minha nossa! Quando vejo brancos bem criados e bem alimentados vomitando seus preconceitos contra programas sociais e contrários a um Estado que tenha coisa pública de qualidade, fico enojado.
Para piorar, às vezes, aparece um negro que já é filho de outro negro que se deu bem na vida defendendo a mesma política de brancos de exclusão social imposta por parte da burguesia branca.
Apesar de todo o ódio que me moveu na infância e adolescência por ser pobre e não ter tido acesso aos bens comuns que os outros tinham, fui um sortudo na estrutura social brasileira dos anos oitenta.
Eu era branco! Morei em casebres alugados, morei de favor, morei em casa de placas de muro, mas eu era branco! Tive pai e mãe vivos e decentes.
Tive sorte. Era branco em país de forte preconceito racial; tive pais vivos e trabalhadores e que me matriculavam na escola pública do bairro e sabiam da importância do estudo, que eles mesmos quase não tiveram.
Tive sorte, pois muitos não tinham o que comer nos anos oitenta em nosso Brasil que era o "país do futuro", pois os generais da ditadura e a burguesia que apoiou o golpe militar diziam que o bolo precisava crescer primeiro para depois distribuir. Milhões de pessoas não tinham o que comer.
A história de Preciosa Jones é a história atual de milhões de jovens pelo mundo, inclusive nos Estados Unidos, onde hoje, não há sequer assistência médica para quem não paga seguro saúde.
E tem gente que é contra distribuir renda; é contra programas como o Bolsa Família; é contra investir mais na saúde pública; é contra programas de cotas em universidades para negros e demais povos excluídos; é contra o ProUni; é contra educação pública de qualidade em todos os níveis; é contra o Estado forte que ampare a todos e que promova oportunidades a todos (acham que o "mercado" resolve).
Tem um monte de gente que fecha os olhos para a realidade, pois tenta viver de um shopping center a outro, do carro para a escola privada, da escola para a academia, da academia para casa em condomínios fechados. Tudo muito clean, tudo bem higiênico.
A verdade é que tem uma boa parte da humanidade querendo viver, ter acesso a tudo que já foi criado e produzido pela inteligência humana. Mas alguns que detêm quase todos os recursos, pagam os melhores e mais preparados para vender a ideologia dos donos do poder, de que quem vence é capaz e o restante não chegou lá por culpa própria.
E aí, qual é a sua opção? Eu já fiz a minha e luto por um mundo socialista democrático, com mais distribuição da riqueza produzida e com oportunidades para todos e com mais solidariedade.
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