"(...) então eu odeio isso de confissão quando eu costumava ir ao Padre Corrigan ele me tocava meu padre e que mal tinha que ele fizesse onde e eu que disse no banco do canal como uma boba mas aí por volta de sua pessoa minha filha na perna atrás no alto é que era sim aí bem no alto onde você se senta sim oh Senhor ele não podia dizer diretamente traseiro e que é que tinha isso que ver com aquilo e fez você que maneira que ele disse eu esqueci não padre e eu sempre penso no verdadeiro padre que é que ele precisava saber quando eu já tinha confessado isso a Deus ele tinha uma mão bonita gordinha a palma úmida sempre eu não me incomodava de sentir ela..." (JOYCE, 1983, p. 801)
Refeição Cultural - Cem clássicos
A leitura de Ulisses, de James Joyce, foi uma das maiores aventuras literárias de minhas histórias de leituras. Sim, porque as leituras têm uma história. Aliás, sobre o tema recomendo o livro de Alberto Manguel, Uma história da leitura. É uma caixinha de surpresas sobre livros, leitores e leitoras e leituras ao longo de milhares de anos.
As anotações em minha edição do livro Ulisses registram que a leitura foi feita entre dezembro de 2001 e fevereiro de 2002. A edição que li tem a tradução feita pelo filólogo Antônio Houaiss.
Eu era recém estudante de Letras da USP. Tinha mais de trinta anos de idade. Não havia sido convidado ainda para participar do movimento sindical bancário. Tinha intenção de ser professor de línguas e literatura. A leitura foi bem difícil para mim. Ao final da leitura, me senti como um super-homem por ter feito tal proeza.
Pensem num romance de 850 páginas que narra a vida de uma pessoa ao longo de um dia. Exatamente isso! Ulisses narra um dia na vida do personagem Leopold Bloom. Também temos Stephen Dedalus e Molly Bloom. É uma obra incrível, com diversas técnicas literárias e com referência à Odisseia, de Homero. O dia é 16 de junho de 1904.
Ao ler as postagens que fiz no blog uma década depois sobre a leitura da obra, vi que ela me instigou a estudar e pesquisar temas que de alguma forma se relacionavam com a estória, seja sobre o povo irlandês, seja sobre os judeus, católicos e protestantes etc.
Para ler as postagens que fiz, segue o link da primeira delas: aqui.
Hoje, reli parte do capítulo do longo monólogo interior da personagem Molly Bloom; se trata do último capítulo do livro. É simplesmente fantástico. Li por meia hora. Joyce é citado como um dos escritores que melhor conseguiu reproduzir em fluxo de consciência os pensamentos de uma personagem feminina.
Estou lendo textos críticos a respeito do tempo nas narrativas e na poesia e uma coisa interessante é a duração do tempo na reprodução dos fluxos de pensamento dos personagens. São diversas as formas e conceitos de tempo e são diferentes as durações conforme cada caso. Foi essa a sensação que senti ao ler por meia hora os pensamentos de Molly Bloom. Li algumas páginas. É muito legal. E olha que na edição que tenho o texto segue entre as páginas 797 e 852, é mole?
Enfim, esse foi um grande feito em minha modesta história de leitura de clássicos.
William
Bibliografia:
JOYCE, James. Ulisses. Tradução de Antônio Houaiss. São Paulo, Editora Abril, 1983.
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