Refeição Cultural
"Em tais momentos, sob um sol fraco, flutuando o dia inteiro sobre ondas suaves, de pouca elevação, sentados nos botes leves como canoas de bétula, e misturando-se socialmente com as próprias ondas que, como gatos domésticos, ronronam contra a borda, nesses momentos de quietude sonhadora, ao contemplar a beleza tranquila e brilhante da pele do oceano, a gente esquece o coração de tigre que palpita sob ela e não deseja pensar que esse manto de veludo oculta unhas implacáveis." (p. 556)
Nesta quarta, 21 de abril, peguei firme na leitura de Moby Dick. Foi o dia que mais li de uma vez o clássico de Melville. Agora sim, caminho para o fim da narrativa. Li 75 páginas e parei no capítulo no qual outra embarcação dá notícias sobre a baleia branca, o capítulo 128 - "O Pequod passa pelo Rachel". Estou na página 601 da minha edição.
Nenhuma crítica, filme, aula, comentário ou resumo substitui a leitura de uma obra literária. Essa é uma afirmação que ouvi diversas vezes dos professores de literatura e afirmo que ela tem sentido. Na falta de tempo ou se tiver que escolher entre textos sobre uma obra e a própria obra, vá direto para a obra.
Estou finalizando a famosa obra de Herman Melville, narrativa que navegou pelo imaginário dos leitores nos séculos XIX e XX, e agora no XXI. A estória sobre Moby Dick e o capitão Acab (Ahab em inglês) é muito mais que uma estória de caça ou pesca a uma baleia branca ou um cachalote gigante dos mares do Sul. O livro é um almanaque de usos e costumes e pensamentos daquele momento do mundo.
Quanta coisa já li nas 600 páginas de leitura! Tem muita reflexão (que chamo de "filosofada" nas anotações ao lado do texto)! Quanta informação a respeito da pesca à baleia em meados do século XIX! Quanta inferência podemos tirar daquele mundo no qual vivia o escritor Melville!
É muito bom ler um livro de literatura, um romance, uma obra de ficção.
Hoje passei mais um dia sem ligar celular, sem saber das desgraças que os homens maus do mundo nos legaram: a destruição da natureza e da vida em benefício de uns poucos canalhas. Se estivesse nas redes sociais e na internet, meu cérebro e minha atenção seriam fisgados pela Matrix que nos emburrece e nos faz autômatos e peixes (gado).
Tem sido bem melhor viajar pela literatura nestes dias de pandemia, fascismo, negacionismo, ignorância e banalidade do mal.
William
Bibliografia:
MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998.
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