quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mariátegui, vida e obra - Leituras e estudos


(atualizado em 18/04/10)

Mariátegui está na Itália no início da década de 20 do século XX.

O PSI - Partido Socialista Italiano - se reúne em Livorno para o XVII Congresso. Três correntes disputam o controle. A comunista, a reformista e a centrista.

A Centrista de Menotti Serrati conquista a maioria e recusa-se a aceitar apenas 2 condições das "21 condições" que a Terceira Internacional exigia para reconhecer os partidos vinculados a ela.

(As 21 condições para o ingresso na Internacional Comunista foram estabelecidas no II Congresso da IC - 9 de julho a 7 de agosto de 1920. A IC foi criada em 1919 e estimulava o rompimento das frações comunistas nos partidos socialistas, socialdemocratas ou operários)

As duas condições são: a denominação do partido ser "Comunista" e não "Socialista" e a condição de expulsar as minorias reformistas. Ambas foram recusadas pelo PSI.

Mariátegui assistiu aos eventos de Livorno e se identificou com os comunistas, que em 21 de janeiro de 1921 fundaram o PCI. O diário L'Ordine Nuovo passa a ser o órgão oficial do partido.

Pouco tempo depois, Serrati expulsa os reformistas do PSI e mais adiante ingressa no PCI.

Mariátegui vê no Fascismo: "é a ação ilegal das classes conservadoras, temerosas da insuficiência da ação legal do Estado, em defesa da sua subsistência. É a ação ilegal burguesa contra a possível ação ilegal socialista: a revolução" p.89

É impressionante a visão de Mariátegui sobre o fascismo, pois, apesar de morrer em 1930, ele já previa a forte ascensão do fascismo em Portugal, Espanha, Alemanhã, Itália e Áustria.

Ele define o fascismo como uma reação antibolchevique, financiado pelas burguesias europeias.

É muito forte a crítica que Mariátegui faz ao servilismo dos intelectuais ao poder. Critica a adesão de Gentile, D'Annunzio, Marinetti e Pirandello ao fascismo.

"A inteligência é essencialmente oportunista. O papel dos intelectuais na história resulta, na realidade, muito modesto. Nem a arte, nem a literatura, apesar de sua megalomania, dirigem a política; dependem dela, como outras tantas atividades menos sofisticadas e menos ilustres. Os intelectuais constituem a clientela da ordem, da tradição, do poder, da força etc. e, em caso de necessidade, do porrete e do óleo de rícino" (Mariátegui, 1975a: p.27) p.91 de Escorsim.

Mariátegui observa uma tendência dos intelectuais que em geral são "refratários à disciplina, ao programa e ao sistema. Sua psicologia é individualista e seu pensamento é heterodoxo. Neles, sobretudo, o sentimento da individualidade é excessivo e transbordante" (Mariátegui, 1975a: p.154) p. 92 de Escorsim.

COMENTÁRIO: lembrei-me de um livro fantástico que li em 2008 do intelectual Edward W. Said - "Representações do intelectual". O livro é uma aula de humanismo e do verdadeiro papel que os intelectuais deveriam desenpenhar para a melhoria das sociedades e da vida dos homens.

Bibliografia:
ESCORSIM, Leila. Mariátegui - Vida e Obra. Editora Expressão Popular. 1a edição, Rio de janeiro, 2006.

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