domingo, 5 de julho de 2009

A metodologia da Economia - minhas leituras



A Economia se baseia essencialmente na representação e interpretação da realidade. Para isso adota e cria princípios, teorias, leis e modelos econômicos.


Três são os princípios de conhecimento e apreensão da realidade: o reconhecimento, a indução e a dedução.


Rossetti diz: "quer se encaminhe para processos indutivistas ou dedutivistas, a metodologia da Economia parte, inevitavelmente, da observação sistemática da realidade, através da qual são ordenados e classificados os fatos, os fenômenos e as ocorrências normais da atividade econômica." p.63


Indução: hipóteses sobre o comportamento dos fatos conhecidos e observados.


Dedução: hipóteses sobre o comportamento de fatos não conhecidos ou sobre as possíveis relações entre estes e os observados.


RELAÇÕES CAUSAIS DE FATOS ECONÔMICOS

A ciência econômica parte de dados historicamente dispostos e analisados para criar seus princípios, teorias, leis e modelos.


Alguns exemplos nos mostram como se dão essas relações de causalidades na economia: "o crescimento da Renda Nacional mantém nítidas relações funcionais com a expansão do consumo agregado, enquanto o nível geral do emprego parece ser positivamente influenciado pelo total dos investimentos realizados. Essas relações causais , como grande número de outras, são comprovações de que os fatos econômicos não ocorrem ao acaso ou isoladamente" p.63


(COMENTÁRIO: os programas de governo do PT e de Lula da Silva de 2003 a 2009 evidenciam essa relação de causalidade econômica, com o crescimento da renda nacional e do nível de emprego sendo os pilares do bom enfrentamento brasileiro à crise mundial atual.)


CONCEPÇÃO E NATUREZA DAS LEIS ECONÔMICAS

Há limites na aferição dos resultados das ciências sociais diferentes e menores do que os das ciências experimentais.


"No caso da Economia, contudo, com o seu enquadramento no campo das Ciências Sociais, nem sempre todos os fatores que interferem em determinado sistema ou processo podem ser isolados e mantidos sob rigoroso controle. (...) as condições sociais, dentro das quais as leis econômicas são válidas, modificam-se constantemente, provocando ações e reações nem sempre esperadas, uma vez que o comportamento humano pode assumir posições não rigorosamente situadas dentro do campo de normalidade previamente estabelecido. " p.66 (POR ISSO A ECONOMIA É CIÊNCIA HUMANA E NÃO EXATA)


A aferição na Economia é bem diferente das ciências experimentais, onde é possível controle e comprovação de resultados excepcionais como, por exemplo, a distância entre o Sol e a Terra - 149.597.900 Km - ou a velocidade da luz c = (2,997 930 +- 0,000 003) x 10 a 8a potência m/s.


(COMENTÁRIO: o "mercado" se utiliza das leis econômicas para inverter essa lógica. Usam a Economia como se ela fosse uma ciência experimental e lei natural.)


SOCIEDADE HUMANA: O LABORATÓRIO DA ECONOMIA

"O laboratório da Economia é a própria sociedade humana, cujo comportamento - por maior que seja o ordenamento inerente aos fatos observados - não pode ser inteiramente condicionado ou controlado. Não é possível isolar da matriz sócio-cultural, em que essa sociedade se insere, todos os mutáveis e complexos fatores que interferem em seu comportamento" p.67


A economia mantém, como as demais ciências, as relações e funções entre eventos e variáveis. Assim como a dilatação dos sólidos é função da temperatura ambiente, no campo da Economia há muitas ocorrências que podem ser dadas como funções de outras.


Uma relação importante na Economia se dá entre os preços e as quantidades procuradas. Outra relação é entre a Renda Pessoal Disponível e a demanda agregada.


Francisco Zamora nos diz que "as leis econômicas são leis de probabilidade e não relações exatas. São leis hipotéticas e estatísticas" p.69


Duas questões são chaves para compreender a concepção e a natureza da ciência econômica: a condição ceteris paribus e o sofisma de composição.

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