sábado, 11 de julho de 2009

Conto: Uma alma simples, Gustave Flaubert

Em meus estudos prazerosos de literatura neste fim de semana, reli este conto de Flaubert. Eu o li pela primeira vez em 2001 quando comecei a estudar a matéria Introdução à Literatura na Usp.

Ele é usado em aulas de literatura para nos ensinar as diversas técnicas literárias existentes. Neste conto, estudamos Narrativa, uma sequência de ações, fatos e acontecimentos.

Das marcações feitas em minha xerox, várias delas são observações bem interessantes.

O primeiro capítulo do conto, um capítulo bem curto, já nos apresenta uma síntese da história. Nos diz o quê, quando, onde, porque e quem. Observemos:

Capítulo I

Durante meio século, as burguesas de Pont-l'Evêque invejaram à Sra. Aubain a sua criada Felicidade.

Por cem francos ao ano, cozinhava e arrumava a casa, cosia, lavava, engomava; sabia enfrear um cavalo, engordar as criações, bater manteiga, e permaneceu fiel à sua ama - que não era, entretanto, pessoa agradável.

Esta desposara um belo moço pobre, que morrera no começo do ano de 1809, deixando-lhe dois filhos muito novos e uma porção de dívidas. Vendeu, então, os imóveis, exceto a quinta de Toucques e a de Geffosses, cujas rendas iam, quando muito, a 5.000 francos, e deixou sua casa de Saint-Melaine, mudando-se para outra menos dispendiosa, que pertencera a seus avós, situada atrás do mercado.


Quando: a história abrange meio século XIX.
Onde: Pont-l'Evêque, França.
Quem: a burguesia francesa, na figura da ama desagradável e sua família; a serva simplória Felicidade.
O quê e porque: a história de uma serva que faz tudo por quase nada e dá inveja disso aos outros burgueses, uma alma simples.

A descrição do primeiro capítulo é notável. Nos seguintes, Flaubert segue nos dando todas as informações necessárias, em poucos parágrafos.

A patroa: Sra. Aubain, que não era pessoa agradável.
Os filhos da patroa: Paulo e Virgína, um de sete anos, o outro de apenas quatro.
A empregada: Felicidade, de rosto magro e a voz aguda e aos 25 anos, davam-lhe 40.

As marcações temporais serão uma constante na história. A vida da personagem principal é uma modorra só. A economia da obra deixará isso bem claro.

FELICIDADE
Já moça, não deixa um rapaz se aproveitar dela porque "ela não tinha a inocência das mocinhas - os animais haviam-na instruído". No entanto, ela não cedeu sua pureza, mas perdeu o seu amor.

APEGOS, PERDAS, SUBSTITUIÇÕES
Em sua vida simplória, Felicidade foi se agarrando a alguém ou algo e foi perdendo, perdendo, e para seguir, buscava uma substituição para esse apego.

Apegou-se ao namorado, depois a Virgínia e Paulo, depois ao sobrinho Vítor, depois ao papagaio, à patroa etc.

Sequência de substituições:
Namorado
Virgínia e Paulo
Vítor
Morre Virgínia
Morre Vítor
Sra. aubain (cena do quarto = nivelamento)
Soldados
O velho (tio Colmiche)
O papagaio

(Como diz Macunaíma, AI, QUE PREGUIÇA!)

Outra hora continuo...

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