sábado, 25 de julho de 2009

As pestes e os comportamentos humanos


Decamerão, Boccaccio.

Refeição Cultural


A gripe H1N1 - Suína - já matou, até ontem, trinta e três pessoas no Brasil. Oitocentas pessoas no mundo.

A Organização Mundial da Saúde - OMS - diz que vai piorar. Até 2011, a doença poderá ter atingido um terço da população mundial, algo como dois bilhões de pessoas.

O homem sempre correu este risco e seguirá assim. Já tivemos a Gripe Espanhola no início do século XX.

Na idade média, um escritor - Boccaccio - fez uma obra volumosa e ousada, epicurista, aproveitando o contexto da peste. Escolheu como cenário os arredores de Florença para reunir seus personagens - dez jovens, sendo sete moças e três rapazes - e os colocou narrando em dez jornadas "coisas" como novelas, contos, casos etc, totalizando 100 "coisas". O Decamerão.

Em tempos de epidemias, pandemias, o ser humano pode perder todo o seu enquadramento social. A exponenciação do risco de morrer a qualquer momento nos deixa mais bichos, mais soltos - se possível for -, ou mais presos - se o terror vigorar.

Outro dia, um primo meu não queria vir a Osasco, porque aqui três pessoas morreram da Gripe Suína. Já pensou onde isso vai parar?!


Post Scriptum (10/12/09):

Como ocorre normalmente, a gripe suína ou "A" segue pelo mundo, mas tem vacina e ninguém da imprensa divulga mais. Já era!


Post Scriptum II (07/02/16):

Relendo hoje esta postagem sobre as pestes, vejo que o mundo não acabou com a peste suína. Mas o risco mundial neste instante é o Zica vírus, transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, que também transmite a Dengue e o Chykungunya. O Zica traz sérios problemas para as mulheres grávidas, a microcefalia nos bebês. Que mundo, heim? Neste momento, há alertas sobre risco de pandemia da doença em várias regiões do mundo com nascimento de gerações de crianças com microcefalia. Ou, a depender do grau de cultura e legislação do país, séries de abortos para se evitar a consequência da geração de crianças com microcefalia.

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