quarta-feira, 22 de julho de 2009
Formação Econômica do Brasil, lendo Celso Furtado
Comecemos com os poemas de Camões, a relembrar nosso vínculo com as expedições portuguesas, que foram pela África e Ásia, até que atracaram aqui nas Américas.
CANTO PRIMEIRO
28
"Prometido lhe está do Fado eterno,
Cuja alta lei não pode ser quebrada,
Que tenham longos tempos o governo
Do mar que vê do Sol a roxa entrada.
Nas águas têm passado o duro Inverno;
A gente vem perdida e trabalhada;
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra que deseja.
29
"E porque, como vistes, têm passados
Na viagem tão ásperos perigos,
Tantos climas e céus experimentados,
Tanto furor de ventos inimigos,
Que sejam, determino, agasalhados
Nessa costa africana como amigos,
E, tendo guarnecida a lassa frota,
Tornarão a seguir sua longa rota."
30
Estas palavras Júpiter dizia,
Quando os Deuses, por ordem respondendo,
Na sentença um do outro diferia,
Razões diversas dando e recebendo.
O Padre Baco ali não consentia
No que Júpiter disse, conhecendo
Que esquecerão seus feitos no Oriente,
Se lá passar a lusitana gente.
(Os Lusíadas, Luís de Camões - Editora Abril, 1982)
PRIMEIRA PARTE
Fundamentos econômicos da ocupação territorial
IV. Desarticulação do sistema
Este capítulo abrange as disputas comerciais - cujo produto principal é o açúcar - entre os holandeses, portugueses e espanhóis em um contexto onde a Espanha governa Portugal e os holandeses passam décadas de conflitos com os espanhóis.
"A começos do século XVII os holandeses controlavam praticamente todo o comércio dos países europeus realizados por mar"
Como consequência dos conflitos entre holandeses e espanhóis podemos destacar "a ocupação pelos batavos, durante um quarto de século, de grande parte da região produtora de açúcar no Brasil".
HOLANDESES INICIAM PRODUÇÃO DE AÇÚCAR NO CARIBE
"Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o conhecimento de todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira".
Passaram então à produção do açúcar no Caribe e estava finalizado o monopólio do produto. Nas décadas seguintes, o preço do açúcar cairia pela metade e assim ficaria por muito tempo.
"A etapa de máxima rentabilidade da empresa agrícola-colonial portuguesa havia sido ultrapassada (...) Tudo indica que a renda real gerada pela produção açucareira estava reduzida a um quarto do que havia sido em sua melhor época"
COMENTÁRIO: cai o preço do açúcar, cai a renda na colônia; cai a renda na colônia, mas não cai o preço dos produtos importados, pois estes eram em ouro; como havia monopólio comercial Brasil-Portugal, houve transferência de renda da colônia para os produtores e exportadores portugueses de manufaturas.
COMENTÁRIO 2: Tratado de Livre Comércio - Ainda hoje, vemos muito dessa transferência em relação aos tratados comerciais bilaterais - TLCs. Quem se ferra são os países produtores primários e de commodities pois têm pouco valor agregado.
Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. In: Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Publifolha 2000.
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