Segunda parte
Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)
XII. Contração econômica e expansão territorial
Com a leitura desse capítulo, termina a segunda parte do livro de Celso Furtado.
A 1ª parte apresentou os fundamentos econômicos da ocupação territorial da colônia portuguesa. Não encontrando ouro e metais preciosos de cara, como ocorreu na porção espanhola das Américas, os portugueses tiveram que optar pela monocultura da cana-de-açúcar por aqui. Tudo deu certo enquanto o monopólio dessa commodity não sofreu a concorrência do açúcar antilhano, que se desenvolveu após a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro (meados do século XVII).
Na 2ª parte, Furtado nos apresenta as bases da economia escravista de agricultura tropical monocultora de exportação de açúcar e de subsistência baseada na criação de gado. Vimos a expansão para o interior do continente. Os paulistas de São Vicente se estabeleceram como caçadores e vendedores de seres humanos: os povos indígenas brasileiros. Depois da escravidão dos povos originários foi que os portugueses vieram com escala industrial de comércio de seres humanos sequestrados no continente africano e vendidos como escravos aqui nas Américas.
----------------------------
VENDA DE GENTE - A caça e venda de homens, mulheres e crianças sempre foi uma atividade econômica por parte dos povos brancos invasores do Norte, os europeus. A exploração dos outros povos do mundo sempre foi uma característica dos europeus. Isso não mudou até hoje, é minha opinião após 53 anos de vida e estudo da vida e do viver.
----------------------------
Nesse capítulo XII aparece também a importância dos jesuítas, que ao longo de suas relações com os indígenas alternaram um papel de proteção deles contra a caça e violência e manipulação ideológica cooptando os indígenas para servirem de forma pacífica aos invasores a troco de quase nada. Vejam abaixo um exemplo do uso da mão de obra indígena na região amazônica do Maranhão:
"Coube aos jesuítas encontrar a solução adequada para esse problema. Conservando os índios em suas próprias estruturas comunitárias, tratavam eles de conseguir a cooperação voluntária dos mesmos. Dado o reduzido valor dos objetos que recebiam os índios, tornava-se rentável organizar a exploração florestal em forma extensiva, ligando pequenas comunidades disseminadas na imensa zona." (p. 69)
Por fim, a decadência da economia açucareira também contribuiu para a ocupação e expansão na região sul do Brasil.
"A penetração dos portugueses em pleno estuário do Prata, onde em 1680 fundaram a Colônia do Sacramento, constitui assim outro episódio da expansão territorial do Brasil ligada às vicissitudes da etapa de decadência da economia açucareira." (p. 70)
---
COMENTÁRIO
É isso. Mais um capítulo de nossa história econômica de invasão e exploração monocultora baseada em destruir e matar tudo que havia nesta terra chamada pelos invasores de "Brasil" em benefício dos exploradores brancos vendedores de gente há séculos.
Não mudou nada ainda hoje... mas os povos explorados seguem na luta, a história não acabou.
William
Leia aqui os comentários do capítulo seguinte.
Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário