sábado, 25 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XIV)

Terceira parte

Economia escravista mineira (século XVIII)

XIV. Fluxo de renda

Ehh, amig@s leitores... é difícil não se indignar e não se incomodar ao ler nossa história de exploração brasileira em benefício dos países do Norte, em benefício de portugueses, ingleses e outros tipos... foram séculos de uso de nossas riquezas para construir toda aquela riqueza europeia que a elite vira-latas daqui vai lá pra pagar pau em passeios de férias... belas construções, muito ouro em tudo, muita fartura e cultura, tudo à base de séculos de espoliação de nossas riquezas brasileiras e sul-americanas. Que merda tudo isso!

E após cinco séculos, após o golpe de Estado em 2016, a volta ao mesmo início, aos mesmos vícios de origem... viramos um pasto continental para enviar commodities pra encher as burras de poucos filhos da puta daqui, tipo os latifundiários do agro "pop", e alimentar os porcos, peixes e animais de outros países com a nossa ração... bem-estar pra eles e miséria pra nós... caraca! Que foda!

---

Algumas citações do capítulo desse "esboço" de Furtado, como ele diz na introdução, servem pra ilustrar o que comentei acima...

No começo do capítulo, Furtado explica que a economia mineira (de mineração) trazia alguns benefícios internos melhores do que a economia açucareira trazia. A renda média era menor, mas ela estava menos concentrada. No entanto, a criação de uma economia interna era dificultada pela falta de capacidade técnica de mão de obra para produzir manufaturas aqui. Éramos ignorantes nas técnicas manufatureiras...

- "Se se tem em conta que a população livre da região mineira não seria inferior, por essa época, a 300 mil pessoas, se depreende que a renda média era substancialmente inferior à que conhecera a economia açucareira na sua etapa de grande prosperidade." (p. 84)

- "Por outro lado - e isto constitui o aspecto principal do problema - a renda estava muito menos concentrada, porquanto a proporção da população livre era muito maior." (idem)

- "Por último, a grande distância existente entre a região mineira e os portos contribuía para encarecer relativamente os artigos importados. Esse conjunto de circunstâncias tornava a região mineira muito mais propícia ao desenvolvimento de atividades ligadas ao mercado interno do que havia sido até então a região açucareira." (idem)

- "Entretanto, o decreto de 1785 proibindo qualquer atividade manufatureira não parece haver suscitado grande reação, sendo mais ou menos evidente que o desenvolvimento manufatureiro havia sido praticamente nulo em todo o período anterior de prosperidade e decadência da economia mineira. A causa principal possivelmente foi a própria incapacidade técnica dos imigrantes para iniciar atividades manufatureiras numa escala ponderável." (idem)

Uma das poucas áreas que teve algum processo de manufatura interna foi na área da metalurgia porque os escravos africanos conheciam a técnica da produção de ferraduras, por exemplo.

- "Exemplo claro disso é o ocorrido com a metalurgia do ferro. Sendo grande a procura desse metal numa região onde os animais ferrados existiam por dezenas de milhares - para citar o caso de um só artigo - e sendo tão abundantes o minério de ferro e o carvão vegetal, o desenvolvimento que teve a siderurgia foi o possibilitado pelos conhecimentos técnicos dos escravos africanos." (p. 85)

O OURO PRA ENCHER AS BURRAS DOS INGLESES

Como já dito em outro capítulo, a extração de ouro no Brasil serviu para encher os cofres dos bancos ingleses, só.

Através de acordos (Methuen), portugueses e ingleses comercializavam vinhos e tecidos, com enorme déficit para os portugueses, lógico. A diferença foi paga com todo o ouro que se extraiu do Brasil. Ficaram os portugueses sem desenvolver indústria alguma, sem produtos com valor agregado, e o Brasil seguiu nessa toada para sempre...

- "Ora, cabe ao ouro do Brasil uma boa parte da responsabilidade pelo grande atraso relativo que, no processo de desenvolvimento econômico da Europa, teve Portugal naquele século (...) Houvesse Portugal acumulado alguma técnica manufatureira, e a mesma ter-se-ia transferido ao Brasil, malgrado disposições legislativas em contrário, como ocorreu nos EUA." (p. 85)

E, por fim, viramos pasto da potência da época, a Inglaterra... (hoje, somos pasto do mundo todo, enquanto a fome, a miséria e o atraso imperam por aqui)

"A inexistência desse núcleo manufatureiro, na etapa em que se transformam as técnicas de produção no último quartel do século, é que valeu a Portugal transformar-se numa dependência agrícola da Inglaterra." (p. 87)

Mudaremos isso algum dia?

William


Leiam aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


Nenhum comentário: