segunda-feira, 19 de outubro de 2020

7. Las venas abiertas de América Latina - Eduardo Galeano



"Es mucha la podredumbre para arrojar al fondo del mar en el camino de la reconstrucción de América Latina. Los despojados, los humillados, los malditos tienen, ellos sí, en sus manos, la tarea. La causa nacional latinoamericana es, ante todo, una causa social: para que América Latina pueda nacer de nuevo, habrá que empezar por derribar a sus dueños, país por país. Se abren tiempos de rebelión y de cambio. Hay quienes creen que el destino descansa en las rodillas de los dioses, pero la verdad es que trabaja, como un desafío candente, sobre las conciencias de los hombres. Montevideo, fines de 1970." (GALEANO, 2010, p. 337)


Refeição Cultural - Cem clássicos

Terminei hoje a leitura desta obra clássica monumental, Las venas abiertas de América Latina (1970), do escritor e jornalista Eduardo Galeano, que faleceu em abril de 2015. A obra tem a idade de uma vida humana, a minha, por exemplo. A leitura é angustiante, apesar de necessária. 

Se eu tivesse que indicar somente um livro para os jovens latino-americanos, um só, eu indicaria este livro. Sem dúvidas, ele despertaria nos jovens com algum grau de consciência política e patriotismo o desejo de lutar por Nuestra América, como dizia José Martí.

Ganhei esta edição de minha companheira em 2015, quando era dirigente nacional de uma entidade de saúde de autogestão, por sinal uma entidade que representa tudo aquilo que Galeano aborda em seu maior clássico: uma associação de trabalhadores sul-americanos que tenta sobreviver de forma sustentável e solidária em meio a um mercado capitalista de saúde, mercado imperialista, com concorrência desleal por parte do setor que tem ainda o apoio dos governantes de plantão.

Como já descrevi nas postagens que faço, o livro de Galeano era mais um dos diversos livros que leio ao mesmo tempo, que inicio e nunca termino. O meu livro tem uma peculiaridade: ele viajou comigo por aí. Foi comigo à terra natal do autor, Uruguai, a Montevidéu e Colônia de Sacramento. 

A leitura havia se dado em 2016, o ano do golpe de Estado no Brasil. Naquele momento, eu havia lido os capítulos um e dois da primeira parte - "La pobreza del hombre como resultado de la riqueza de la tierra" - e a descrição que ele fazia era como se estivesse descrevendo o que estava ocorrendo no Brasil sob golpe com os mesmos atores de sempre, os Estados Unidos e as burguesias vira-latas de séculos. Foi demais pra mim! Era muito deprê... Acabei parando a leitura.

Ao retomar a obra de Galeano agora, com o Brasil e o continente Sul-Americano destroçados por golpes de Estado e sob domínio do império americano, foi necessário resgatar muita força de vontade interior e seguir lendo e estudando; afinal de contas, só o conhecimento nos liberta do jugo da ignorância e nos faz pessoas melhores e mais conscientes, mesmo que não possamos mudar o mundo e a realidade sob domínio da violência do necrocapitalismo.

O livro de Eduardo Galeano é um livro que congrega diversos gêneros discursivos e literários, é um livro de Economia, de História, de Geografia; é um livro de Antropologia e Geologia. Não deixa de ser um romance histórico e uma autobiografia, sobretudo porque é uma autobiografia dos povos originários, de criollos e de latino-americanos. É um senhor clássico da literatura universal.

Antes, eu fazia postagens demasiadamente trabalhosas, com diversas citações da obra lida. Não vejo mais sentido nisso hoje. Está feito o registro do quanto o livro é fantástico e necessário. Aos que se interessarem, leiam e se libertem do jugo ideológico do capitalismo imperialista que nos escraviza e nos destrói.

William


Bibliografia:

GALEANO, Eduardo. Las venas abiertas de América Latina. Siglo Veintiuno Editores, Buenos Aires, 2010.


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