Soube que o Papa Francisco está sendo acusado por movimentos sociais de ser sexista por ter dado título a uma encíclica com a palavra "irmãos" sem a correspondente de gênero "irmãs". Pelo que pude apurar, o título da encíclica "Fratelli Tutti" (Todos irmãos) seria baseado numa citação de São Francisco. Não colocar a palavra "irmãs" no título o tornaria uma pessoa sexista...
Eu me lembrei de um dos primeiros congressos de bancários (e bancárias) que participei nos anos noventa. Eu era bancário de base e não entendia quase nada das temáticas do movimento sindical. O plenário não conseguia sair do primeiro item: aprovação do regimento. Longa discussão tratava da questão sobre a inclusão ou não da palavra no feminino em todas as frases onde constasse a palavra no masculino - bancários, trabalhadores, delegados etc.
Irritado com aquela situação, perguntei o porquê de tudo aquilo para a companheira Deise Lessa, que era minha referência no movimento sindical. Ela me explicou e eu compreendi a importância da questão. Depois daquele evento, fui aprendendo aos poucos as questões de pautas identitárias no movimento social. Os anos se passaram. Fui dirigente sindical e representante da classe trabalhadora por quase duas décadas. Aprendi bastante com a militância e acredito que o movimento me fez uma pessoa melhor que antes do convívio com os movimentos sociais.
Ao pesquisar a palavra "identitária" na internet para falar alguma coisa sobre minha... - estupefação, surpresa talvez - ao saber que o progressista Papa Francisco está passando por esse tipo de acusação, me deparei com um artigo muito bom de Wilson Gomes, no site da Revista Cult. O nome do artigo é "A esquerda identitária e a satanização da maioria", publicado em 9 de novembro de 2018. Gostei do artigo e ele resume um pouco do que eu gostaria de dizer sobre a questão. Não vou deixar o link porque os links mudam e dão "error" depois. Também não vou reproduzir abaixo porque não sei se poderia.
Francamente, acho um exagero por parte do movimento organizado fazer esse tipo de acusação ao Papa Francisco, principalmente neste momento da história. Mas fiquemos assim. Todos e todas têm suas razões. Enquanto isso, a esquerda segue desunida nas disputas eleitorais para prefeitos e prefeitas dos municípios brasileiros. Seguimos cada um por si nos movimentos sociais de "esquerda" e a direita segue no lugar que sempre lhe pertenceu: no poder.
Na minha opinião, e baseado na experiência que adquiri após duas décadas de participação no movimento social, principalmente o sindical, e após representar a classe trabalhadora em mandatos eletivos, não acho que o título da encíclica papal (e a questão de não incluir a palavra "irmãs") faz com que o Papa Francisco seja sexista ou machista. Não é por aí, francamente!
William
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