quinta-feira, 3 de junho de 2021

030621 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

"Em minhas sessões de estudo, o Coronel Tadesse discutia assuntos tais como criar uma força de guerrilha, como comandar um exército e como impor disciplina. Certa noite, durante o jantar, o Coronel Tadesse me falou, 'Agora, Mandela, você está criando um exército de liberação e não um exército capitalista convencional. Um exército de liberação é um exército igualitário. Você tem que tratar seus homens de uma forma inteiramente diferente de como os trataria em um exército capitalista. Quando você estiver de plantão, deverá exercer a sua autoridade com confiança e controle. Isso não difere do comando num exército capitalista. Mas quando você estiver de folga, deverá se comportar em base de perfeita igualdade, mesmo em relação ao soldado mais raso. Você deve comer o que eles comem; você não deve comer no seu gabinete, mas junto com eles, beber com eles, não se isolar'." (MANDELA, 2012, p. 375)


Mais um dia de leitura sobre as lutas dos negros sul-africanos em busca da liberdade e da igualdade. Estou tendo essa oportunidade porque Mandela escreveu uma autobiografia e ela foi organizada e impressa na forma de livro. Caso estivesse em rede virtual, ou só nos computadores das big techs donas dos meios onde estão as informações da tal "internet", os capitalistas já teriam sumido com essa história de lutas.

Vocês sabiam que o Congresso Nacional Africano (CNA) teve que mudar seus métodos após o início dos anos sessenta para enfrentar o regime nacionalista dos brancos e a política de apartheid? O CNA tinha como princípio a não-violência, mas chegou um momento em que essa estratégia não tinha mais sentido porque Mandela em uma passagem de suas memórias diz que quem define as armas é o inimigo. A partir do momento em que o inimigo só usa da violência contra as políticas de não violência, algo precisa mudar.

Poderia fazer uma analogia em relação ao Brasil. Durante esse período de pandemia mundial, os genocidas apoiadores do regime nazifascista estiveram nas ruas, agiram contra as medidas de contenção da pandemia, estiveram nas ruas cobrando radicalização e ditadura. A parte mais consciente e humanista, as esquerdas e grupos democratas, estiveram em casa respeitando as recomendações das autoridades sanitárias e de saúde. NÃO DÁ MAIS. O povo contrário ao regime precisa ocupar as ruas e não sair mais.

O Brasil está nas mãos dos golpistas que destruíram a democracia do país desde o golpe de Estado em 2016. Vários são os setores da sociedade que tiveram participação ativa na construção do golpe e todos os setores envolvidos são responsáveis pela tragédia que vivemos hoje. Praticamente todos eles têm algum grau de relação com a elite econômica que destruiu a democracia e que apoia o regime no poder. Até quando o 1% e seus lacaios vai continuar dando as cartas e destruindo o país e matando o povo?

Neste momento um genocídio está em andamento no Brasil. Meio milhão de brasileiras e brasileiros morreram vítimas de uma pandemia de coronavírus. Alguns milhares de vítimas morreram antes de se descobrir formas de se evitar o contágio e centenas de milhares morreram após existir vacina contra o vírus. O regime no poder poderia ter atuado de maneira a evitar centenas de milhares de mortes caso fosse de interesse essa opção pela vida. Não foi o caso. Neste minuto, nossos entes queridos estão em risco, sem vacina e estão lutando pela vida.

Estudos mostram que a ampla maioria dos mortos e dos sequelados pela pandemia de coronavírus é o povo pobre, periférico, miserável, pretos e pardos. São os trabalhadores brasileiros. É um genocídio o que temos em andamento no Brasil do regime nazifascista no poder. Todo apoiador desse genocídio é um assassino, tem responsabilidade com as mortes de nossos familiares, amigos e conhecidos. Espero que alguns paguem por esses crimes de guerra contra os pobres e contra o povo. Muitos talvez não sejam presos e condenados, mas em algum momento de suas vidas desgraçadas terão a consciência de que fizeram parte desse genocídio e dessa tragédia brasileira.

Tenho raiva, pena e nojo de todos os apoiadores desse regime de morte, miséria e destruição. Tenho desprezo total por qualquer bolsonarista! Desprezo!

Quem dera tivéssemos no Brasil um CNA que compreendesse que é o inimigo que define as armas numa guerra. Não temos um CNA aqui. A luta pela liberdade e pela igualdade está muito longe do êxito. Ainda morrerão muitos só do nosso lado, o lado do povo, o lado da classe trabalhadora.

William


Post Scriptum: não vou cansar de registrar que os sindicatos, associações e entidades de lutas da classe trabalhadora deveriam resgatar, organizar e imprimir em livros a nossa história de lutas e distribui-la para as pessoas. Do jeito que está hoje, toda nossa história será vaporizada na tal internet. Estamos morrendo através das diversas mortes severinas que estão aí para matar a gente da classe trabalhadora e deixar vivos os desgraçados da elite predatória, lesa-pátria e que odeia o Brasil e o povo brasileiro.


Bibliografia:

MANDELA, Nelson. Longa caminhada até a liberdade. Tradução de Paulo Roberto Maciel Santos. Curitiba: Nossa Cultura, 2012.


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