domingo, 13 de junho de 2021

Devo ser muito burro! Qual é a estratégia?



Opinião

Eu devo ser muito burro! Eu queria entender qual é a estratégia da parte contrária ao regime bolsonarista e seus crimes diários no Brasil para se defender dele e de seus apoiadores armados e violentos na hora que eles vieram nos ameaçar e eliminar fisicamente. Francamente, não existe estratégia de se defender desarmado de ataques armados contra nossa vida. Não se defende de aço e ferro com o nosso corpinho de carne e osso! Qual a estratégia, afinal de contas?

 

A maior parte de minhas referências políticas e intelectuais acha que as coisas devam ser resolvidas através de processos políticos e pela solução pacífica das controvérsias, processos não violentos e de paz. Democracia, processos institucionais sem rupturas blá blá blá. Acho lindo isso!

No início do século vinte, boa parte das lideranças políticas e intelectuais do mundo também achava o mesmo: não violência, diálogo etc. Aí um sujeito tosco, um bárbaro medíocre em meio aos cidadãos de um dos países mais escolarizados e intelectualizados do continente europeu, uma tal de Alemanha, convenceu esse povo de alto padrão intelectual a se tornarem nazistas. Foi fácil! O país e o mundo viviam uma crise econômica. Bastou falar que a culpa era dos outros e as vítimas eram os alemães (os puros, né! Arianos!).

Enquanto o medíocre bárbaro assumia o poder e começava a falar e fazer as merdas indizíveis e impraticáveis nos primeiros anos de poder (1933, 1935, 1936...), os cidadãos alemães que não pactuavam com aquelas merdas todas ficaram na deles ou foram embora do país. Enquanto as merdas diárias eram feitas pelo sujeito que já se mostrava sem limites, os demais países também não fizeram nada. Não vamos começar nova guerra, diziam (a 1ª Guerra Mundial já havia sido meio foda). Então, deixaram o cara lá fazendo as merdas que ele quisesse.

Aí o sujeito medíocre e bárbaro foi se empoderando de tudo, e com apoio de grupos pequenos de apoiadores violentos no início (e crescente depois). Os não aderentes a ele começaram a perder tudo, começaram a sumir, a morrer, a Alemanha começou a invadir tudo, eliminar quem se opusesse ao domínio dela etc. Internamente, na Alemanha, os alemães - a burguesia - continuavam ouvindo música clássica, comendo de talheres, as propagandas nos meios de comunicação enalteciam cada vez mais o regime e todos que o apoiavam, as crianças arianazinhas brincavam felizes etc. E a caçada aos não adesistas seguia implacável.

Que merda deu não enfrentar o sujeito medíocre e bárbaro enquanto ele construía a violência e o ódio e as armas pra matar tudo e todos que fossem contrários a ele e seu regime totalitário do 3º Reich? Onde ficou o pacifismo ali em 1933, 1935, e 1939, depois 1940, depois 1941 etc? Ficou nos milhões de mortos da 2ª Guerra que até 1942 estava sendo vencida pelo hitlerismo, o nazismo.

Eu devo ser muito burro! Repito. Não sou historiador. Mas gosto de história e cultura. Sou da opinião que a história não se repete porque não tenho essas visões místicas da história e vida humana (mito do eterno retorno etc). Então não acho que a história se repita e reproduza o nazismo alemão ou qualquer outro evento que já tenha ocorrido no passado como, por exemplo, o massacre dos hutus sobre os tutsis e outras formas de extermínio de humanos por humanos. Mas a história serve de referência para nós.

Mas é evidente que fatos são fatos. As coisas estão aí para serem analisadas. Os fatos no Brasil demonstram um percurso perigoso no presente e para o futuro próximo. Vamos esperar os bolsonaristas do momento agirem como agiram os nazistas e os hutus do passado naqueles lugares e naqueles contextos? Vamos deixar eles fazerem o que quiserem conosco, sem limites? Eles não precisam ser a maioria do povo no país por uma questão básica: eles estão armados e o restante do povo não está.

Enquanto construíram o golpe de 2016, os democratas, os "neutros", os "apolíticos", os pacifistas, os "não-é-comigo" ficaram quietos e teve um deputado do baixo clero que votou impeachment declarando o torturador Ustra como símbolo daquela ruptura democrática. Enquanto a casa-grande brasileira (burguesia odiosa) colocava adesivos da presidenta Dilma sendo penetrada em seus carros por bombas de gasolina, ninguém reagiu. Enquanto se inventava que o presidente Lula era ladrão (sem provas), os carros da burguesia odiosa estavam com os adesivos do 9 ("nine"). O JN da Globo passou uma década com aqueles oleodutos correndo dinheiro como painel de fundo atrás daqueles imbecis que regiam o "jornal" fascista.

E hoje, após o criminoso seguir cometendo crimes diários? Seguimos caminhando para algo parecido ao nazismo do século passado. Como devo ser muito burro, eu não estou conseguindo ver a estratégia, então eu pergunto: como nós vamos nos defender daqui alguns dias, meses, ano que vem, sei lá, das ameaças e agressões contra nossas vidas e nossos direitos sem estarmos armados contra esse segmento bolsonarista armado, violento e incontrolável?

Qual é a estratégia para nos defendermos do regime criminoso e violento bolsonarista? É só aquela de "deixar o país" para aqueles que podem?

William


Nenhum comentário: