quinta-feira, 11 de novembro de 2021

40. Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis



Refeição Cultural - Cem clássicos

Arrepiado! Terminei arrepiado a releitura dessas Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), do mestre Machado de Assis. As últimas palavras do capítulo final - o CLX. "Das negativas" - foram de arrebentar os sentimentos de qualquer cidadão que sofre com o "legado da nossa miséria" ao viver neste Brasil do século XXI, de moros e bolsonaros.

Eu considero Memórias póstumas... um dos melhores livros de literatura já feitos no Brasil.

São tão diversos os temas abordados por Machado de Assis neste romance revolucionário que a leitura da obra 140 anos depois de sua publicação segue nos deixando impressionados a cada capítulo, a cada ironia, a cada crítica à burguesia hipócrita... é demais!

A filosofia do Humanitismo, desenvolvida por Quincas Borba é ácida demais! É atual demais. 

Na minha opinião, o Humanitismo é a Teoria da Evolução das Espécies, de Darwin, só que sugerindo que, no caso humano, a evolução dos mais adaptados iria dar em bolsonaros, moros, dallagnois, temers, fernandos e toda essa gente que está no topo da cadeia social, mas só para provar que a evolução é na verdade a involução, é o caminho para o fim pela autodestruição da espécie homo sapiens.

O capitalismo é composto por uma burguesia ignorante, feita de casca e aparência, sem essência alguma que preste, e o modelo de acumulação e exploração capitalista é a forma de organização social das classes abastadas que está nos levando à extinção das chances de vida no planeta Terra, como se discute nesses dias na COP26 em Glasgow. A insistência em só aumentar as riquezas destruindo a Terra por parte dessa gente do 1% é o próprio princípio Humanitas. É coisa dessa gente Cubas.

A forma utilitarista, violenta e cínica como Brás Cubas trata tudo e todos ao seu redor é a imagem mais perfeita dessa gente que colocou o bolsonarismo no poder. 

Eu adoro esse livro e cada vez que o leio há um novo encaixe da ficção no contexto da realidade na qual nos encontramos. Hoje, Brás Cubas é qualquer desgraçado desses 15% do bolsonarismo raiz. 

Assim como o personagem Cubas, os bolsonaristas-cubas estão nos cargos políticos e públicos e são "empresários" e também coronéis e ruralistas e banqueiros e são homens de práticas vis, estão nas violências praticadas no cotidiano contra mulheres, pretos, pobres e povão em geral. Estão no clientelismo e no assalto ao patrimônio público.

Enfim, obrigado mestre Machado de Assis, por sintetizar tão bem o anacronismo dessa gente que se classifica como burguesia brasileira. Gente inútil e escrota e que está por aí, há séculos, nos ambientes tidos como nobres e das elites.

William


Bibliografia:

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 1ª ed. - São Paulo: Panda Books, 2018.

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