terça-feira, 30 de novembro de 2021

Leitura - Robinson Crusoé (IV) - Daniel Defoe



Refeição Cultural

"- Cumpriram-se agora as palavras de meu pai! A mão de Deus pesa sobre mim; não tenho ninguém para tratar-me e socorrer-me; cerrei os ouvidos à voz da Providência a qual por sua bondade infinita me concedera um estado de vida, em que podia ser feliz, mas cujo valor e gozo desprezei, contra a vontade dos meus pais que enchi de luto, e tudo por causa da minha loucura, sendo uma consequência dela a triste condição a que cheguei agora (...) Meu Deus, vinde em meu amparo, porque é grande a minha miséria!" (p. 95)


Estamos acompanhando as aventuras de Robinson Crusoé, personagem de Daniel Defoe, romance publicado há 300 anos. Sim, o jovem Crusoé deixou uma vida promissora ao lado dos pais na Inglaterra e se lançou ao mar em busca de saciar seus desejos de aventuras pelo mundo. Até agora só encontrou desventuras. Ver aqui postagem anterior.

Ele se encontra numa ilha desconhecida, nomeada por ele como "Ilha do Desespero". No capítulo VI, o náufrago nos conta que caiu doente e passou maus bocados. Nessa condição, se apegou à fé e passou a orar, clamar por Deus e ler a bíblia. Foram longos dias de febre, prostração e medo da morte solitária e sem ninguém. Crusoé nos diz que encontrou a cura através do uso de tabaco: infusões de tabaco.

FILOSOFADA

"   - O que é a terra?... O que é o mar, sobre cujas água andei a tanto tempo?... Quem produziu tudo isso?... O que sou eu mesmo, e o que são as outras criaturas domésticas e silvestres?... Qual é a nossa origem?... Não pode haver dúvida de que devemos a existência a um poder invisível, que criou o mar, a terra, o ar e os céus; mas quem é esse Poder sobrenatural?
     Então, inferi naturalmente:
     - É Deus o autor de todas as coisas...
" (p. 96)

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CAPÍTULO VII

Crusoé sobrevive às febres que teve e decide sair em excursões pela ilha para conhecer o ambiente e ver oportunidades e perspectivas para alcançar sua "liberdade": sair da ilha e da situação em que se encontra.

Descobre víveres para suprir momentos de pouca caça - uvas, cana-de-açúcar silvestre, limões - e descobre regiões muito melhores para viver do que o local onde se instalou, no litoral. Faz uma segunda casa na região melhor e pensa pra si que agora tem uma casa na praia e outra no campo.

"DE 14 A 26 DE ABRIL - (...) Regulei nesse dia as minhas refeições desta forma: para o almoço um cacho de uvas; para o jantar uma porção de cabra ou posta de tartaruga grelhada; não podia prepará-las de outra maneira, porque não tinha panela nem outro utensílio para as cozer ou estufar; para a ceia contentava-me com dois ou três ovos de tartaruga." (p. 107)

Ainda neste capítulo, Crusoé nos conta que passou a conhecer o clima da ilha, as características das quatro estações, o que lhe permitiu seguir com a experiência de produzir trigo com o pouco de sementes que tinha.

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CAPÍTULO VIII

Neste capítulo, Crusoé aumentou a "família". Além do cão (não tem nome) e das gatas, que até procriaram na ilha sem ele entender como, ele adquiriu um papagaio e um cabrito. O papagaio ele deu nome e sobrenome, e lhe ensinou a falar: papagaio loiro.

Ao completar dois anos na ilha, Crusoé vive um momento místico e em paz com a Providência, que agradece sempre por lhe prover tudo que precisa para viver.

Nosso náufrago tenta avançar nas etapas evolutivas e ser um sedentário. Sua plantação de trigos estava bem promissora quando de repente a natureza se mostra nua e crua. Pestes e animais diversos passam a devorar sua lavoura... que martírio viveu Robinson Crusoé!

A Providência o auxiliou de novo. Ele deu carga de tiros em alguns pássaros e usou seus corpos como espantalhos... segundo ele ao estilo dos reinos ingleses, pendurando os corpos dos martirizados para servirem de lição ao povo.

ESPANTALHOS - "Avancei para junto da sebe, atirei sobre eles segundo tiro e matei três, o que era o meu maior desejo, porque fui apanhar os cadáveres para os amarrar ao patíbulo depois da execução, a fim de servir de exemplo aos outros, como se faz na Inglaterra aos ladrões supliciados." (p. 120)

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FILOSOFADA QUE VALE PARA OS TEMPOS QUE ESTAMOS VIVENDO

"O que me valia eram a paciência e a resignação, os dois escudos mais poderosos contra as adversidades da vida." (p. 121)

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O capítulo termina com nosso solitário náufrago pensando formas de fabricar panelas e vasilhas para poder cozinhar e fazer pão com o trigo que está produzindo.

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COMENTÁRIO FINAL

Paciência e resignação, escudos para as adversidades da vida, como nos disse o personagem Crusoé.

Eu acrescentaria no contexto atual, nesse final de novembro de 2021, que temos que persistir em viver e mudar a situação na qual estamos: um bom começo é não se acostumar com a injustiça e com o que não está certo. 

PASSAR FOME NÃO É "NORMAL", NÃO É "NATURAL" - Não é normal passar fome e não ter condição alguma de vida após a tecnologia criada pelos homens nos últimos 10 mil anos! Não é natural, não é normal!

Temos que derrotar os donos do poder, o sistema que está destruindo a vida no planeta e escravizando os seres humanos: capitalismo. Não é justo e não é certo alguns humanos deterem toda a produção e riqueza produzida pelo conjunto da sociedade humana. 

Pensem nisso! Se posicionem! Façam algo para mudar isso! Por vocês e pelo futuro da humanidade.

William


Bibliografia:

DEFOE, Daniel. As aventuras de Robinson Crusoé. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.

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