segunda-feira, 8 de novembro de 2021

666 O limiar do inferno (1981) - Jay Anson



Refeição Cultural

Quando eu li esse romance de Jay Anson, nos anos oitenta, ele era uma temática da moda, eu diria. Muitos livros de ficção e muitos filmes de suspense e terror faziam sucesso. Demônios e seres fantásticos e fenômenos chamados de paranormais enchiam a imaginação das pessoas.

Uma casa onde pessoas foram assassinadas é transportada para outro local e novamente um casal estará em risco ao conviver com a casa na vizinhança. Esse é o enredo do romance 666.

Li mais rápido que esse 2º livro de Anson o 1º dele, Horror em Amityville (1977) - ler comentário aqui. Liquidei a leitura em dois dias.

Nesse segundo romance, com 50 páginas a mais, achei a estória mais enrolada. No romance anterior, coisas estranhas vão acontecendo do início da narrativa até o fim. Neste 666 o enredo vai duzentas e tantas páginas amarrando as coisas para acontecerem nas últimas vinte páginas. No final, as coisas acontecem e o demônio realiza suas façanhas.

Ficção é ficção. O necessário é ter verossimilhança na estória, como aprendemos ao estudar literatura. Achei o romance de Amityville com mais verossimilhança que este segundo de Jay Anson. O personagem David mudar-se para a casa do 666 não colou muito, faltou um pouco de verossimilhança.

Mas os dois romances de horror de Jay Anson têm muito mais credibilidade e coerência do que, por exemplo, um romance que contasse o que aconteceu no Brasil nos últimos 5 anos...

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VEROSSIMILHANÇA?

Por falar em verossimilhança, uma coisa engraçada e triste ao pensar o conceito é imaginar o Brasil após o golpe de Estado de 2016, com Lava Jato, "com Supremo com tudo" etc.

Suponhamos que o que aconteceu com o Brasil fosse um romance... amig@s, seria impossível haver verossimilhança na narrativa que descrevesse os acontecimentos de 2016 até o momento.

Verossimilhança é algo básico para as narrativas terem sentido. A economia de um romance, conto, novela, peça dramática é baseada em verossimilhança.

Se a ficção é bem construída, não há problema algum em pessoas falarem com fantasmas, cadeiras falarem com a bunda da pessoa etc. Há um pacto entre escritor e leitor na economia da obra.

No romance de Jay Anson, temos forças e fenômenos se manifestando na estória. Acontecimentos fora das leis da física e sem explicações da ciência fazem parte da estória.

O difícil seria num romance explicando o Brasil após o golpe de 2016 construir alguma verossimilhança com os absurdos diários nos últimos cinco anos. 

O Moro e o Dallagnol além de não estarem sofrendo processo e ou estarem presos ainda se lançarem candidatos na política após destruírem um país continental com mais de 200 milhões de pessoas e cinco séculos de existência não tem verossimilhança que explique isso num romance. Seria inverossímil demais!

A história do Brasil não serve nem pra romance, eu diria. 

É isso! Mais uma ficção lida na adolescência e revisitada décadas depois.

William


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