segunda-feira, 4 de março de 2024

Vendo filmes (XIV)



Refeição Cultural

Caminhos e veredas na eterna busca pela liberdade


Quem não está em busca da tão sonhada liberdade? Eu estou.

Ainda hoje sigo tentando me libertar do sofrimento que sinto pelo cancelamento e desprezo por parte da entidade sindical para a qual dediquei minha vida. 

O conceito de liberdade ou libertação é amplo, aberto, difuso. No momento, gostaria de me libertar do sofrimento que ainda sinto por questões de relação política e sindical. Não consegui apagar meus sentimentos não correspondidos pelo movimento ao qual fiz parte a maior parte de minha vida. Tenho avaliado que esse sofrimento é causado por vaidade. Ou seja, ainda não consegui me libertar da vaidade, esse pecado capital que dizem ser o preferido do Diabo para tentar os pobres mortais. Ainda não consegui me libertar...

Os três filmes que vi recentemente têm de alguma forma a questão da liberdade como pano de fundo. Se não têm de maneira formal, eu posso fazer a ligação com o tema usando a capacidade que os escritores devem ter de completar as lacunas que faltam numa história qualquer. Afinal de contas, quando a gente conta alguma coisa e não conhece tudo sobre ela - e ninguém conhece toda a história das coisas - a gente pode inventar um pouco, preencher as lacunas. Isso é ficção. Isso somos nós, humanos, animais que contam coisas. Ficção não é mentira, ficção é criação e arte, quando se deixa isso claro, quando não se conta ficção como se verdade fosse.

O primeiro filme é sobre um roteirista que gostaria de ser escritor. Viajando por Paris, ele tem a oportunidade de se libertar de um destino mais ou menos programado e daí temos um filme encantador. Adorei o filme de Woody Allen "Meia-noite em Paris" (2011).

O segundo filme é pesado, mas é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos sobre Batman. A ficção poderia ser considerada um filme sobre o Coringa, extraordinária interpretação do jovem Heath Ledger. A estória é sobre a busca da comunidade de Gothan City pela liberdade, pela libertação do povo do crime organizado, que tomou conta da cidade. Cara, como não gosto de filmes de super-heróis, me surpreendi!

O terceiro filme é a pura busca pela liberdade, pela libertação daquilo que a pessoa nem sabe direito o que é, mas quer se libertar daquilo que vai dentro dela. E cada um busca de sua maneira as formas de se encontrar, de se libertar de algo que vai n'alma. O filme "Livre" tem esse enredo. Se eu parar para pensar, minhas longas caminhadas há décadas têm um pouco dessa forma de busca por autoconhecimento e libertação de algo que queima dentro e não sabemos como nos livrar daquilo.

Enfim, gostei dos filmes que cito abaixo, vistos em contextos distintos, em casa por escolha aleatória, num voo atravessando o continente e num horário de jogo de futebol para não sofrer com os gritos da vizinhança (risos).

Todos os caminhos e veredas levam a destinos procurados ou ignorados. Seguimos caminhando. Sigo buscando a liberdade.

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FILMES

Meia-noite em Paris (Midnight in Paris, 2011) - Direção: Woody Allen. Com Owen Wilson, Rachel McAdams e um elenco de excelentes atores e atrizes. Sinopse: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores e artistas das primeiras décadas do século XX, gostaria de ser um escritor, mas acabou se tornando um roteirista de sucesso em Hollywood, o que lhe traz certa frustração. Por acaso, acaba indo a Paris com sua noiva Inez (Rachel McAdams) e lá Gil volta a se questionar sobre os rumos de sua vida.

COMENTÁRIO: Eu quase não conheço os filmes de Woody Allen. Esse filme fez sucesso e me lembro de me sugerirem vê-lo à época. Pois é, só agora fui conhecer a estória. Adorei! No enredo, Allen nos coloca em contato com diversas personalidades daquela época e o filme é muito divertido. Imaginem se eu não fiquei encantado com Ernest Hemingway (Corey Stoll)! É um filme leve, que nos apresenta de forma elogiosa a cidade de Paris e o personagem principal, Gil, se verá numa condição de decidir sobre seguir o roteiro definido para sua vida ou alterá-lo encarando alguma nova vereda que se apresente a ele.

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Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008) - Direção: Christopher Nolan. Com Christian Bale no papel de Bruce Wayne/Batman, Heath Ledger no papel do Coringa. O filme tem um super elenco que inclui Morgan Freeman, Gary Oldman, Aaron Eckhart como Harvey Dent/Duas-caras, Michael Cane como o mordomo e Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes, amiga de infância de Bruce Wayne e uma das poucas pessoas que sabe quem é o Batman. 

Sinopse: O filme é uma continuação de Batman Begins (2005). Após o surgimento de Batman, os criminosos de Gothan City passaram a ter dificuldades para dominarem a cidade. Com a ajuda do tenente Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Eckhart), Batman luta contra o crime organizado. É neste cenário que aparece um novo criminoso mascarado, o Coringa, que se oferece aos criminosos para eliminar Batman.

COMENTÁRIO: Não tenho muita afinidade com filmes de super-heróis. Estava em um voo de várias horas e, apesar de cansado, decidi escolher um filme para ver. Era a oportunidade de assistir ao famoso Batman, de Nolan. Amig@s, que filme! Nem vi passar o tempo de duas horas e meia de filme. Cenas icônicas do início ao fim! Eu já estava fascinado com o Coringa, de Joaquin Phoenix (2019), e então conheço o famoso Coringa interpretado por Heath Ledger. Cara, ele rouba a cena do herói no filme! Olha, não fiquei tão interessado em conhecer as outras versões de Batman, mas quero ver as outras interpretações do personagem Coringa, a começar pela de Jack Nicholson.

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Livre (Wild, 2014) - Direção: Jean-Marc Vallée. Com Reese Witherspoon. Sinopse: Cheryl Strayed vive momento conturbado em sua vida após a morte de sua mãe, um divórcio e uma fase de autodestruição repleta de drogas e promiscuidade. Para se libertar dessa bad toda, ela decide fazer uma imersão na natureza selvagem e parte para uma trilha gigantesca de milhares de quilômetros pela costa do Pacífico nos Estados Unidos.

COMENTÁRIO: Fiquei dias vendo esse filme disponível na Netflix. Me lembro de quando meu filho chegou em casa com o livro no qual o filme é baseado. A história de Cheryl Strayed me chamou a atenção porque essa temática das longas caminhadas faz parte da minha vida desde sempre. Para se ter uma ideia, sempre que o coração aperta, que algo me faz mal e me deixa nervoso ou irritado, a primeira solução é sair e caminhar, caminhar até cansar, até esgotar o que vai queimando por dentro. Não li o livro do meu filho, mas assisti ao filme com Reese Witherspoon. Gostei da interpretação e da história. Evidente que não recomendaria isso para ninguém (essas porraloquices). Mesmo sendo um andarilho, não recomendaria para ninguém essas longas caminhadas.

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É isso! Essas foram as reflexões a partir de filmes que vi recentemente.

Caso haja interesse de ver outras postagens desse tema, é só clicar aqui e ver a anterior.

Abraços e vejam filmes!

William Mendes


2 comentários:

Valsa disse...

Caro amigo, li este texto e acabei vendo que enquanto escrevia esse seu texto, eu escrevia o meu, aquele que lhe fiz por empréstimo a ideia da vaidade.
Acho que eu ri, por algum tempo, se eu tivesse lido este texto de agora, talvez o outro estivesse diferente.
Abraço nos seus

William Mendes disse...

Olá, querida amiga Marili! Ainda bem que você não leu o meu texto antes de escrever o seu, porque naturalmente seria diferente... e perderíamos a excelente abordagem que fizestes do embate entre a vaidade e o amor-próprio. Bem legal a peleja (rsrs).

Ufa, ainda bem que fez o texto primeiro e ganhamos com o resultado! Lógico que avaliando a qualidade de seus textos, perdemos o que você não fez (doido, né?).

Enfim, fiz um breve comentário lá sobre o diálogo. Reproduzo aqui, caso algum(a) leitor(a) do blog fique com a curiosidade das reflexões.

Abraços fraternos!

"Olá, querida amiga Marili!

Adorei o texto! Coloca a gente a pensar!

E pensando a respeito dessa peleja entre a vaidade e o amor-próprio, me vem tanta coisa à cabeça, coisa velha, coisa antiga, coisas como a própria vaidade, da idade do ser humano.

Durante muito tempo eu era o prisioneiro do ódio, talvez fui cativo do ódio por décadas, o personagem Riobaldo Tatarana nos fala sobre isso, e diz que a lição de um compadre dele é nunca deixar o ódio tomar conta da gente para a gente não ser prisioneiro da pessoa ou da coisa que se odeia. O ódio toma conta da cabeça da gente e não deixa a gente ser livre para pensar em mais nada.

Pensando sobre essa questão da vaidade, é parecida com a questão do ódio. Achei interessante como você trabalhou a superioridade impositiva dela sobre o amor-próprio, imagino que seja muito comum a gente se perder por vaidade porque ela acaba prevalecendo sobre o amor-próprio, sobre a razão, sobre o coração (o amor).

Eu comecei a pensar sobre essas coisas nos últimos tempos. Estou mais atento ao que leio, ouço, percebo por aí. Outro dia, ouvi um sábio dizer que não temos nem o passado nem o futuro, só o presente. E vi que ele tinha razão. Eu não tenho os 54 anos que se passaram... percebe que não tenho domínio sobre o passado, nem sequer o meu?

E o amanhã? Menos domínio ainda. E se tenho um infarto enquanto escrevo aqui, como aconteceu com amigos meus recentemente? Um conhecido de longa data estava ao vivo com as pessoas e enfartou e morreu. O amanhã é de incerteza absurda.

Tenho que conseguir diminuir sentimentos que me incomodam por causa da vaidade.

Abração e valeu pelo texto! Adorei!

William"