Relva florida na USP. |
(Atualização em 14/10/19)
Refeição Cultural
Esta postagem se refere a anotações feitas por mim durante as aulas do Professor Ariovaldo Vital, da disciplina de "Teoria Literária II", matéria na qual estamos estudando a leitura de poesias ao longo do semestre.
A interpretação dos ensinamentos, consubstanciada nestas anotações, é de minha inteira responsabilidade. Qualquer equívoco conceitual que eu tenha cometido pode ser sanado pelo(a) leitor(a) buscando-se outras fontes para esclarecer a dúvida ou informação conflitante.
Este é um espaço de compartilhamento gratuito de conhecimento, informações e opiniões, dentro do conceito Wiki (What I Know Is).
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Aula de 08/10/19 (Continuação II)
Para ver a primeira parte dessa postagem clique aqui, e para a segunda parte, aqui.
Metro e Rima
Metro e rima são duas questões que caminham juntas nos poemas, uma depende da outra.
O que é metro? É medida.
Por que falamos de metro? Há uma diferença básica entre prosa e verso. Diferentemente da prosa, o verso tem um metro, uma medida que contribui para o ritmo.
A prosa é contínua, não para, vai embora. É um movimento ininterrupto.
O verso não. Ele é marcado. Ele tem medida, tem um metro. Isso favorece o ritmo.
Não é que a prosa não tenha ritmo, mas ele é menos expressivo por ser menos notado.
Na construção civil, o metro serve para medir espaço. Na poesia, serve para medir o tempo.
Ritmo
O que é ritmo? É o modo como se dá o movimento.
Ritmo pressupõe movimento. Mas não é o movimento. Entendemos o ritmo em função do movimento.
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O ritmo é uma consciência do movimento.
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Ao dizer "o jogo é eletrizante" estamos qualificando o movimento. O ritmo é uma qualificação do movimento.
Poderíamos dizer que onde não houver ritmo, não há vida, pois não há movimento.
O Professor Antonio Candido diz que o ritmo é vital, é a alma do verso. Um verso sem ritmo é morto.
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VERSOS LIVRES: um poema em versos livres tem que ser bem lido, caso contrário o leitor tira todo o sentido dos versos e do poema.
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Não há movimento que não seja alternado, a não ser que seja um movimento maquinal, mecânico.
Sem alternância, nós não perceberíamos o ritmo. A alternância gera o ritmo do poema.
Tem ritmo em quase tudo: na natureza, nos jogos, na música. A música e a poesia são artes temporais. Pintura, escultura, arquitetura são artes espaciais.
Ao ficar em dúvida sobre esses conceitos acima, achei na internet uma explicação interessante no site Estudante de Filosofia:
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"Classificação das Artes
(...)
(1) Artes espaciais. Incluir-se-iam entre as artes espaciais todas as artes plásticas. Seria proveitoso, neste ponto, distinguir as bidimensionais, como o desenho e a pintura, e as tridimensionais, como a escultura e a arquitetura. Características definidoras dessas artes seriam sua situação espacial, sua atemporalidade - não implicam um desenvolvimento no tempo -, e o fato de que o sentido mais importante para sua apreciação estética é a visão, motivo por que também foram chamadas "artes visuais".
(2) Artes temporais. Seriam temporais todas as artes que implicam um processo no tempo. Costumam distinguir-se as artes sonoras, como a música instrumental - que, além disso, é intermitente, isto é, só existe como tal quando é executada - e as artes verbais, que compreenderiam gêneros literários como a poesia e o romance.
(3) Artes mistas. Consideram-se na área das artes mistas as disciplinas artísticas em que intervêm, combinados, elementos pertencentes aos dois grupos anteriores. O teatro, por exemplo, ainda que seja um gênero literário, inclui a representação espacial; a dança é ao mesmo tempo espacial e temporal; e a ópera compreende, além disso, componentes literários, assim como o cinema." (site Estudante de Filosofia)
Para ver a primeira parte dessa postagem clique aqui, e para a segunda parte, aqui.
Metro e Rima
Metro e rima são duas questões que caminham juntas nos poemas, uma depende da outra.
O que é metro? É medida.
Por que falamos de metro? Há uma diferença básica entre prosa e verso. Diferentemente da prosa, o verso tem um metro, uma medida que contribui para o ritmo.
A prosa é contínua, não para, vai embora. É um movimento ininterrupto.
O verso não. Ele é marcado. Ele tem medida, tem um metro. Isso favorece o ritmo.
Não é que a prosa não tenha ritmo, mas ele é menos expressivo por ser menos notado.
Na construção civil, o metro serve para medir espaço. Na poesia, serve para medir o tempo.
Ritmo
O que é ritmo? É o modo como se dá o movimento.
Ritmo pressupõe movimento. Mas não é o movimento. Entendemos o ritmo em função do movimento.
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O ritmo é uma consciência do movimento.
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Ao dizer "o jogo é eletrizante" estamos qualificando o movimento. O ritmo é uma qualificação do movimento.
Poderíamos dizer que onde não houver ritmo, não há vida, pois não há movimento.
O Professor Antonio Candido diz que o ritmo é vital, é a alma do verso. Um verso sem ritmo é morto.
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VERSOS LIVRES: um poema em versos livres tem que ser bem lido, caso contrário o leitor tira todo o sentido dos versos e do poema.
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Não há movimento que não seja alternado, a não ser que seja um movimento maquinal, mecânico.
Sem alternância, nós não perceberíamos o ritmo. A alternância gera o ritmo do poema.
Tem ritmo em quase tudo: na natureza, nos jogos, na música. A música e a poesia são artes temporais. Pintura, escultura, arquitetura são artes espaciais.
Ao ficar em dúvida sobre esses conceitos acima, achei na internet uma explicação interessante no site Estudante de Filosofia:
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"Classificação das Artes
(...)
(1) Artes espaciais. Incluir-se-iam entre as artes espaciais todas as artes plásticas. Seria proveitoso, neste ponto, distinguir as bidimensionais, como o desenho e a pintura, e as tridimensionais, como a escultura e a arquitetura. Características definidoras dessas artes seriam sua situação espacial, sua atemporalidade - não implicam um desenvolvimento no tempo -, e o fato de que o sentido mais importante para sua apreciação estética é a visão, motivo por que também foram chamadas "artes visuais".
(2) Artes temporais. Seriam temporais todas as artes que implicam um processo no tempo. Costumam distinguir-se as artes sonoras, como a música instrumental - que, além disso, é intermitente, isto é, só existe como tal quando é executada - e as artes verbais, que compreenderiam gêneros literários como a poesia e o romance.
(3) Artes mistas. Consideram-se na área das artes mistas as disciplinas artísticas em que intervêm, combinados, elementos pertencentes aos dois grupos anteriores. O teatro, por exemplo, ainda que seja um gênero literário, inclui a representação espacial; a dança é ao mesmo tempo espacial e temporal; e a ópera compreende, além disso, componentes literários, assim como o cinema." (site Estudante de Filosofia)
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Em nenhuma dessas artes, o ritmo é o mesmo. As linguagens se diferenciam, cada uma delas tem a sua própria linguagem.
PROSÓDIA
O que se alterna no verso para criar o ritmo? As sílabas tônicas em relação às átonas. Vejamos o exemplo abaixo:
"absolutamente" = ab/so/lu/ta/men/te
De início, toda palavra (advérbio) terminada em "mente" tem a sílaba tônica em "men", é uma paroxítona.
ab/so/lu/ta/men/te
Só que ninguém pronuncia uma palavra com 4 sílabas átonas antes da tônica sem intervir de alguma forma na prosódia dela. Nós acabamos por colocar mais acentos tônicos, acentos prosódicos (secundários), para darmos ritmo à pronúncia da palavra.
O segundo acento ou demais acentos pressupõem subjetividade. Nessa palavra, em geral teríamos:
ab/so/lu/ta/men/te (palavra de origem: ab/so/lu/to)
Mas conforme o contexto ou dialeto, o falante coloca um acento tônico até no início da palavra:
ab/so/lu/ta/men/te
Há casos, inclusive, de cacoépia, onde o falante pronuncia de forma não prevista na norma padrão em relação ao acento tônico.
a/bi/so/lu/ta/men/te
É preciso tonicizar as sílabas mesmo onde não há tônicas. Vamos analisar outra palavra:
"jacarandá" = ja/ca/ran/dá
Onde colocaríamos o segundo acento tônico? Dificilmente seria na sílaba "ran" porque duas sílabas tônicas não ficariam juntas na palavra.
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IMPORTANTE PARA O RITMO - O ideal de pronúncia de uma palavra da língua portuguesa seria alternância entre sílabas tônicas e átonas.
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As sílabas tônicas até aparecem juntas em frases e versos, mas o falante tem que resolver isso.
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As sílabas tônicas até aparecem juntas em frases e versos, mas o falante tem que resolver isso.
A POESIA é um fato da língua, mas a poesia organiza o ritmo da língua.
Enfim, quando houver 2 átonas, dá pra aceitar; 3 átonas, deve-se criar acentos secundários; 4 átonas, jamais.
Um exemplo de tônicas e a solução de acentos secundários em um verso de Augusto dos Anjos. Segundo o professor, o poeta era muito respeitado pelos modernistas.
"misericordiosíssimo carneiro"
mi/se/ri/cor/dio/sí/ssi/mo/ car/nei/ro (11) = 10
1 / 2/ 3/ 4/ 5/ 6/ 7/ 8/ 9/ 10
É um verso chamado de decassílabo heroico, com 10 sílabas poéticas e tônicas na 6ª e 10ª sílabas.
Como fica a questão de haver 5 sílabas átonas anteriores à sílaba "sí"? Não dá, né!
Temos que colocar acentos secundários. Vamos colocá-los entre parênteses.
Etimologia da palavra = misericórdia
2ª etimologia da palavra = miséria
Então, teríamos:
mi/se/ri/cor/dio/sí/ssi/mo/ car/nei/ro
(2) (4) 6 (8) 10
AGORA SIM, demos ritmo à pronúncia das palavras e ao verso ao colocarmos os acentos secundários. Essa é a forma como preparamos uma leitura adequada de um verso e de poemas.
E assim terminamos a postagem da aula sobre metro e ritmo.
William
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Na próxima aula, vamos começar a leitura de poemas em sala. Vamos ler "Encomenda", de Cecília Meireles, de Vaga música (1942). Acesso aqui.
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Na próxima aula, vamos começar a leitura de poemas em sala. Vamos ler "Encomenda", de Cecília Meireles, de Vaga música (1942). Acesso aqui.
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