domingo, 6 de outubro de 2019

Vanguardas e contemporaneidades hispano-americanas (II)


Veredas uspianas. Foto de William.

Refeição Cultural

Esta postagem se refere a anotações feitas por mim em sala de aula, aulas com a Professora Doutora Idalia Morejón Arnaiz, da disciplina de Vanguardia y Contemporaneidad, matéria na qual estudaremos um panorama crítico da narrativa e da poesia hispano-americana, desde as vanguardas dos anos 1920 até o presente, através da leitura e análise de textos literários e ensaísticos que colocam em evidência as propostas de ruptura e continuidade estética e cultural ao longo de um século.

As anotações são de minha inteira responsabilidade. Qualquer equívoco conceitual pode ser corrigido pelo(a) leitor(a) buscando outras fontes sobre o tema conflitante. Aqui é um espaço de compartilhamento gratuito de informações e conhecimento, dentro do conceito Wiki: What I Know Is.

Durante as postagens, vou variar os textos entre português e espanhol, e as não conformidades formais das duas línguas são de minha responsabilidade também. Combinado?


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Aula de 20/8/19

Esta foi a segunda aula que pude assistir. A professora nos falou um pouco a respeito da geração de escritores latino-americanos e suas obras do período conhecido como o "Boom", dos anos 60 a 80. Fiz uma pesquisa a respeito para complementar meus parcos rabiscos durante a aula.

Assim como as vanguardas latino-americanas da primeira metade do século XX vieram depois de autores como José Martí e Rubén Darío, o Boom também teve uma referência nesses autores da segunda metade do século XIX e, claro, são autores herdeiros das vanguardas latino-americanas.

O "Boom" Latino-Americano

Características gerais:

- tratamento do tempo de forma não linear, os romances começam pelo fim, pelo meio, vão e voltam, pode-se ler capítulos e segmentos de forma aleatória etc.
- utilização de várias perspectivas ou vozes narrativas.
- uso de neologismos, jogos de palavras e toques de fantasia.
- circularidade narrativa e polifonia.
- predominância de histórias que se passam em espaços urbanos ou rurais, influenciadas pelas condições sociais e políticas locais.
- histórias com expressão ou manifestação de identidades regionais ou nacionais.
- utilização de linguagens não-padrão e blasfêmias.
- os autores combinam dados reais com ficcionais, gerando dúvidas nos leitores a respeito das histórias serem verídicas ou apenas obras de ficção.
- formas fantasiosas ou irreais como estratégias narrativas de explicação de eventos sociais, políticos e econômicos nas histórias dos romances, contos e novelas (realismo mágico). 

Contexto histórico:

- período da Guerra Fria, polarização entre sistemas capitalista e socialista, Estados Unidos e aliados de um lado e União Soviética e demais países socialistas de outro.
- vários países da América Latina e Caribe estão sob regimes ditatoriais.
- momento de muita agitação política e social.
- Revolução Cubana em 1959.

Principais autores e algumas obras:

- "Rayuela" (1963), do argentino Julio Cortázar, traduzida como "O Jogo da Amarelinha" no Brasil.
- "Cien Años de Soledad" (1967), do colombiano Gabriel García Márquez. Outra obra dele importante é "Crónica de una muerte anunciada" (1981). Essa obra, por ser menor em número de páginas, será lida no contexto da disciplina cursada.
- "La ciudad e los perros" (1963), do peruano Mario Vargas Llosa.
- "Aura" (1962), do mexicano Carlos Fuentes. Ele foi também um grande ensaísta latino-americano. Também iremos ler esta obra para a discussão em sala de aula.

Outros autores: Jorge Luis Borges, Jorge Amado, Miguel Ángel Asturias, Alejo Carpentier, Juan Rulfo, Juan Carlos Onetti, dentre outros.

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O "Boom" é uma onomatopeia de explosão. O período entre os anos sessenta e setenta vivia um "Boom" econômico, era o período posterior à 2ª Guerra Mundial. Foi um período de "Boom" demográfico também. Aliás, o mercado editorial e literário vivia um bom momento, um "Boom" na época.

Foi um período que contou com muitos escritores e intelectuais de língua espanhola vivendo na condição de exilados de seus países. De outras nacionalidades também.

Os jornais e diários contavam com cadernos especiais de cultura e grandes escritores e poetas publicavam nesses periódicos. Esses veículos de comunicação eram portas de entrada para intelectuais e literatos.

O romance "Cem anos de solidão" (1967) de G. G. Márquez foi lançado em Buenos Aires pela Editorial Sudamericana.

Julio Cortázar publicou "Rayuela" (1963) com diversas inovações na obra. A possibilidade de leitura tanto de forma linear, do primeiro ao último capítulo, como também com outras trajetórias de leituras pelo leitor. O cenário da história é Paris e o enredo apresenta diversas temáticas como ocultismo, arte, tarô, as vivências dos povos de língua espanhola exilados em Paris, dentre outras.

Cortázar nasceu na Embaixada da Argentina na Bélgica. Foi com 3 anos para a Argentina e viveu lá até o início dos anos 50. Mudou-se para Paris por divergências com o governo de Perón.

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"GRAN TOUR" francês: na época, a formação cultural da juventude burguesa latino-americana se dava em Paris.
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A professora nos fala de algumas obras da época como "Aura" de Carlos Fuentes, com uma narrativa atípica e um relato bem interessante. Fala também de "Bestiário", livro de contos de Cortázar. "Crônica de uma morte anunciada" de García Márquez. Nesta última, o nome "crônica" já remete ao periodismo.

Arte contemporânea

O valor das obras de arte não se dá mais pela obra de arte em si e sim pelo valor das ideias, pelo ato de fazer arte. Uma obra muito conhecida e polêmica foi "Fonte" (1917), na qual Marcel Duchamp utiliza um mictório ou urinol com a assinatura R. Mutt 1917. Nela temos o conceito dos "ready-made" (já pronto) nas obras de arte.

A arte contemporânea busca romper com as linguagens tradicionais tanto nas técnicas, quanto nas formas, nas temáticas, nos materiais etc.

Vários autores e estéticas foram citados ainda na aula e serão retomados depois, inclusive nos textos críticos que vamos avaliar.

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(Postagem difícil de se fazer porque são diversas citações em uma aula e para não escrever coisas sem sentido algum é preciso pesquisar minimamente cada autor ou movimento para fazer essa síntese de fixação dos conceitos que estamos vendo)


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