Refeição Cultural - Cem clássicos
Completei a leitura de mais uma obra da literatura clássica mundial, Odisseia, atribuída ao aedo Homero. Foi uma leitura engajada e eu a realizei de forma bem satisfatória, haja vista que a linguagem não é uma linguagem comum.
Essas postagens dos "cem clássicos" são postagens que estou fazendo aos poucos para avaliar o que já avancei no sonho, porque tenho um sonho antigo, quase da adolescência, em ler uma centena de obras clássicas da produção cultural do mundo.
Já postei 33 obras, mas não quer dizer que só li essa quantidade. Alguns clássicos lidos ainda serão anotados aqui no blog. Sem contar que os critérios definidos para considerar uma obra "clássica" serão arbitrariamente definidos pelo autor do blog, eu mesmo.
Meu primeiro contato com a Odisseia foi em 2001, ano em que comecei a estudar na Universidade de São Paulo. Vejam como as coisas foram tardias para mim no mundo dos clássicos. Entrei na Faculdade de Letras da USP aos 32 anos. Para acompanhar as aulas de Literatura Grega no ciclo básico era urgente ler o clássico de Homero.
Minha edição em prosa da Odisseia foi da editora Cultrix, na tradução do professor Jaime Bruna, da USP. Eu a adquiri logo que comecei o curso. Tenho até a notinha dentro do livro. Paguei 19 reais no dia 18/4/01. Anotei no livro que terminei a leitura em julho daquele ano. Posso dizer que foi um dos primeiros clássicos que li ao entrar na universidade.
Agora, duas décadas depois, vivi a experiência de reler o clássico, e posso dizer que praticamente senti a sensação de ser a primeira leitura porque eu não me lembrava de quase nada.
Li a Odisseia, na tradução de Manuel Odorico Mendes, numa edição especialíssima da Edusp, a cargo do professor Antonio Medina Rodrigues. Eu tive o privilégio de ser aluno do Medina e nunca - nunca - me esqueci das aulas dele na FFLCH. O cara era demais! Ele interpretava os deuses e suas sacanagens gesticulando em sala de aula. Algumas alunas ficavam vermelhas de vergonha (rsrs). Professor Medina, presente!
A leitura atual foi num contexto completamente diferente em relação à primeira leitura da epopeia homérica. Antes, iniciava um curso de Letras, agora sou um ex-bancário de banco público retirado das lides sindicais, lendo em casa num contexto de pandemia mundial de Covid-19.
O blog tem postagens a respeito da leitura caso alguma pessoa se interesse em ler.
Anoto por fim o projeto mental que acabei projetando a partir da leitura deste clássico grego em versos odoricianos. Vou ler na sequência, nessa trilha clássica, a Ilíada e a Eneida, ambas traduzidas por Odorico Mendes. Já as tenho. Depois vou ler A divina comédia, de Dante e, por fim, vou reler Os Lusíadas, de Camões. Um belo projeto de leitura, né não?
Assim como Medina e Haroldo de Campos, gostei muito da "transcriação" de Odorico Mendes. A edição do Medina traz um texto de Campos - "Odorico Mendes: o patriarca da transcriação" e traz apresentação e prefácio com diversos estudos do professor Medina: é uma obra à parte, diga-se de passagem. Explicações magníficas, inclusive sobre traduções.
Enfim, missão cumprida! Mais um clássico lido e mais projetos de leituras a realizar.
Leiam os clássicos!
William
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