sexta-feira, 16 de julho de 2021

Odisseia (Homero) - O fim (XXII a XXIV)



Refeição Cultural

"Na sala, circunspecto, ele examina
Se inda algum respirava, e em pó sangrento
Jaziam todos: qual a praia curva
Arrasta a malha os peixes, que, empilhados
Na areia, mudos cobiçando as vagas,
À luz do Sol em breve o alento exalem,
Tais os procos ali se amontoavam." (LIVRO XXII, v. 281-287, p. 365)


(esta postagem contém spoiler do final da Odisseia, alerta para quem não conhece ainda a história)


Finalizei a leitura dos últimos três livros da Odisseia, de Homero. Foram 75 dias de convivência com as desventuras de Ulisses, de Telêmaco, de Penélope, da deusa Palas (Minerva) e dos diversos personagens que constam nesta epopeia grega.

No livro XXII, conheci a ira de Ulisses (já havíamos ouvido falar da ira de Aquiles). A vingança do herói foi implacável em relação aos pretendentes de Penélope, que consumiam os rebanhos e patrimônio da família. Ele não perdoou sequer as servas que se relacionaram com os invasores. As cenas são dignas de um filme de Tarantino.


No livro XXIII, vemos o reencontro de Ulisses e Penélope. A deusa Palas até adia a chegada do dia, retardando a carroça com os ginetes que trazem o sol pela manhã... A Aurora dedirrósea...

"   Ele com isto em lágrimas rebenta,
Mais ao peito cingindo a casta esposa.
Da praia quando à vista os naufragados,
Por Netuno e por vagas sacudidos,
Poucos no vasto pélago nadando,
Sujos da maresia, à morte escapam,
Não têm maior prazer do que a rainha
Teve ali. Não despega os alvos braços
Do colo do consorte; e a ruiva Aurora
Os encontrara, se não fosse Palas:
A olhicerúlea, prolongando as sombras,
No Oceano a retinha em áureo trono,
Sem que até ao coche alípedes ginetes
Lampo e Faéton, que a luz no mundo espalham.
" (LIVRO XXIII, v. 174-187, p. 377)

Ainda neste livro XXIII temos uma espécie de resumo dos eventos que vimos ao longo da epopeia de Odisseu, nos versos 236 a 262.


No último livro, XXIV, vemos as almas dos pretendentes mortos chegarem ao Hades, e lá encontram outros heróis e guerreiros mortos na Guerra de Tróia. 

Ao ouvir sobre a vingança de Ulisses, narrada pela alma de Anfimédon, Agamêmnon se admira de Penélope, que foi fiel ao esposo enganando os pretendentes por 3 anos, fazendo e desfazendo a mortalha que tecia. Lembrando que Agamêmnon foi morto na traição, por sua esposa Clitemnestra e o amante.

"   Grita Agamêmnon: 'Venturoso Ulisses,
Possuis mulher de uma virtude rara!
Do varão que pudica amou primeiro
Nunca olvidou-se; obtém perene glória,
Que hão de inspirados celebrar cantores.
" (LIVRO XXIV, v. 155-160, p. 388)

Ulisses ainda reencontra seu pai, Laertes, e juntos - avô, pai e filho - enfrentam a fúria dos familiares dos pretendentes mortos por Ulisses. Mas os deuses não permitem que a guerra civil se inicie em Ítaca e atuam para impor a paz.

Termina assim a odisseia de Ulisses, após vinte anos de desventuras para retornar a sua Ítaca, esposa e filho, após os gregos vencerem os troianos.

William


Bibliografia:

HOMERO. Odisseia. Tradução de Manuel Odorico Mendes. Edição de Antonio Medina Rodrigues. - 2. ed. - São Paulo: Ars Poetica: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. - (Coleção Texto & Arte; 5).


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