Refeição Cultural
Se cada um só liga pra sua bolha-mundo, como vamos salvar o planeta do capitalismo?
Sigo lendo disciplinadamente. Ler para aprender alguma coisa, para refletir sobre as coisas com algum subsídio de conhecimento, para ser menos ignorante, apesar de saber que a nossa única vida é um tempo curto para saber minimamente sobre o mundo. A cada dia, mais certeza tenho que nada sei, mas ao menos sei que gostaria de saber das coisas, por isso estudo em meus tempos livres.
Estou há vários dias com certo peso na consciência por não escrever nada sobre a Cassi, a Caixa de Assistência dos trabalhadores do BB. Por ter tido oportunidade de participar como representante eleito da gestão da associação, acabei aprendendo alguma coisa sobre o tema gestão e sistemas de saúde.
No universo de desfazimento do Brasil e dos direitos do povo brasileiro, a Cassi é mais um direito de um segmento da classe trabalhadora que está se desfazendo. É tanta coisa que não sei nem por onde começar a falar. E também tem o fato de saber que falar da Cassi são palavras ao vento e os ouvidos estão surdos para essas coisas do mundo solidário, das questões coletivas, cooperativas, associativas, comuns, comunistas.
Também assumi alguns compromissos com a militância bancária para falar a respeito de algumas temáticas que tenho algum conhecimento. Compromisso é compromisso, então vou fazer o que tem que ser feito. Mas no fundo, alterno dias de desânimo em relação ao mundo humano e dias em que acredito em alguma virada em defesa da vida e da justiça social no mundo.
A razão tem me impedido de sugerir esperança na vida; a postura de militante de esquerda é a que me impõe sugerir alguma saída através da luta unitária, da inteligência humana e de apostar em alguma forma de força oriunda de uma maioria fraca, desorganizada e ignorante (o povo), mas tá difícil acreditar nisso...
E para nos enfraquecer o moral, ainda temos a condição de isolamento e solidão em que a classe trabalhadora se encontra nessa quadra da história. Com a diminuição do engajamento e da confiança dos trabalhadores formais e informais aos sindicatos, associações e partidos de esquerda, ficamos meio que órfãos de pertencer a algo que nos faça nos sentirmos partícipes de lutas coletivas e "comunidades" para além de nossa própria vida individual.
No contexto atual, é muito difícil se manterem abstrações humanas como direitos sociais e coletivos em alimentação, moradia, previdência, saúde, educação e cultura (direitos humanos, por exemplo, é uma abstração, uma ideia). Se o que vale na visão humana é só o agora, só o instante, o presente, não há espaço para previdência pública, saúde pública (e preventiva), universidades e espaços culturais. Que dirá caixas de previdência e saúde como Previ, Cassi, Funcef, Saúde Caixa, e direitos coletivos corporativos construídos ao longo de décadas de associativismo solidário. Se a ideia de solidariedade morreu nas massas, evidente que o fruto dela vai morrer também.
Eu percebo que sem lutarmos pelo fim do capitalismo e tudo o que ele significa na destruição da vida no planeta, não temos perspectivas de futuro nem sequer nas próximas décadas, no próximo século, por exemplo. Se destruímos o planeta em dois séculos de capitalismo, com aceleração crescente e exponencial nas últimas décadas, e se seguirmos destruindo tudo não haverá natureza e biodiversidade para seguirmos enquanto espécie. Os oceanos estão morrendo. O meio ambiente terrestre idem. Alguns caras são responsáveis, mas ninguém faz nada para impedi-los. E assim caminhamos até ali no fim.
Não sei vocês, mas tenho a impressão que a gente não consegue sequer convencer a se unir a nós pelo fim do capitalismo e por outra forma de organização humana - socialista, comunista, cooperativista, associativista - as pessoas que conhecem a nossa luta há décadas: esposas - maridos - filhos - familiares - amigos - conhecidos. Que dirá então se estamos conseguindo convencer as demais pessoas fora de nosso círculo de convivência, nossas bolhas sociais.
O tempo que interessa é o agora e o instante, então sem essa de consumir menos, de viver com menos coisas, ver o mundo de uma forma mais sustentável, distribuir a riqueza produzida por tod@s a tod@s e usar a tecnologia para distribuir e não acumular. Se é isso que pensam as pessoas ao nosso redor (ou se elas sequer ligam pra isso - cada uma na sua bolha-mundo), como vamos interromper o impacto desse meteoro no único mundo que existe, nosso mundo?
Neste 18 de julho, digo:
- Nelson Mandela, presente! (nasceu em 18/7/1918)
- Augusto Campos, presente! (faleceu em 18/7/2017)
William
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