Refeição Cultural - Carta Capital 1165
MAR DE LAMA
A edição de Carta Capital desta semana trouxe o seguinte conteúdo:
No editorial de Mino Carta: Celebramos a patetice. São Paulo teima em comemorar uma guerra de secessão que não houve.
A Semana: Indústria/Novos ares? Josué Gomes da Silva vai comandar a Fiesp.
E mais: Rachadinha/Cheques voadores. O STF arquiva a investigação sobre os depósitos para Michelle Bolsonaro.
Pedro Serrano: Entre o circo e a apuração. Para ter êxito, a CPI da Pandemia não pode se perder na encenação e no histrionismo.
Na matéria de capa, por André Barrocal: Fardados no jogo sujo. A CPI reúne cada vez mais pistas sobre os militares metidos em negociatas na saúde. A possível prevaricação e a guerra suja de Bolsonaro tenta proteger os parceiros.
Seu País, por Ana Flávia Gussen: A fome de empreender. Metade dos trabalhadores por conta própria ganha até mil reais e 77% deles são informais, revela pesquisa.
E mais, por Celso Amorim: O Deep State vem ao Brasil. O que William Burns, diretor da CIA, tinha a tratar em Brasília com Bolsonaro e dois ministros militares?
Flávio Dino: Política sem farda. O uso político do Judiciário ou das Forças Armadas representa intromissão indevida no jogo democrático.
Manuela D'Ávila: A violência política de gênero. É impossível dissociar o bolsonarismo do machismo. Enfrentar a misoginia é enfrentar a extrema-direita.
Aldo Fornazieri: Labirinto sem luz. Cai o mito do herói dedicado ao combate à corrupção, mas os seguidores de Bolsonaro preferem não enxergar a realidade que os cerca.
Economia, por Carlos Drummond: Passos no escuro. Cresce o risco de apagão, mas o governo foge do custo político de um racionamento, o que só agrava o problema.
E mais, por Paulo Dantas da Costa: Imposto global. A tímida proposta do G-7 está longe de se parecer com uma reforma tributária mundial.
Nosso Mundo, por Emma Graham-Harrison e Akhtar Mohammad Makoii, de Herat: Deixados para trás. Com a retirada das tropas estrangeiras, o Afeganistão segue desestruturado e o Taleban ressurge.
E mais, por Richard McGregor: Cem anos que abalaram o mundo. A trajetória do Partido Comunista Chinês, da primeira reunião em Xangai à construção de uma superpotência.
Plural, por Pedro Alexandre Sanches: Uma estranha fruta negra. O filme Estados Unidos vs. Billie Holiday atribui a guerra judicial enfrentada pela cantora de jazz ao conteúdo antirracista da canção Strange Fruit.
E mais, por Janes Jorge: A São Paulo de Vargas. Ao contrário da retórica do feriado de 9 de Julho, a capital e o estado deram muitos votos e apoio ao estadista.
Afonsinho: Messi no clube. O time do Passe Livre ganhou um reforço considerável, Lionel Messi, a pulga genial.
COMENTÁRIO
Voltar a ler a revista equivaleu a trocar tempo de leitura de livros por leitura de informações políticas. A gente fica deprê ao ler sobre o Brasil e o mundo, mas tem valido a pena porque a variedade dos temas, como demonstrado acima, nos deixa menos alienado. Somos seres sociais, queiramos ou não.
A matéria sobre os trabalhadores informais e de baixa renda é chocante. Deram o golpe no Brasil e no povo para isso, para termos um exército de reserva, uma multidão de miseráveis e famintos no país. Racismo e misoginia venceram com Temer e Bolsonaro. Veja um trecho da miséria exposta:
"As disparidades sociais, raciais e de gênero se evidenciam quando se analisa o topo da pirâmide: conforme a renda aumenta, mais branco, mais rico e mais masculino se torna o perfil. Mudam também as atividades. Se o negro tem majoritariamente como fonte de renda atividades como construção civil (65%), comércio (57%), serviços e alimentação (61%), o homem branco figura no topo em serviços de educação e saúde (67%), atividades de informação, comunicação e financeiras, imobiliárias (64%)" (p.19)
Os artigos desta edição são excelentes!
Esther Solano faz um apelo aos jovens para não desistirem da política, porque as raposas velhas vão decidir e ferrar a vida deles. Coisa básica!
Manuela D'Ávila é certeira como sempre na questão do machismo e a extrema-direita. Temos que enfrentar essa praga!
O artigo do Boaventura de Sousa Santos nos lembra que a democracia virou um faz de conta. Enquanto a democracia liberal deveria ser com processos confiáveis e certos e resultados incertos, agora vivemos o contrário: "As elites transformaram o jogo em um processo incerto com resultado certo, a favor de seus interesses". (p. 47)
Fecho o comentário com uma ótima lição de Rita Von Hunty em relação ao governador do RS que de forma oportunista tenta levar vantagem em ser gay neste momento do país.
"Não bastasse o apoio a Bolsonaro, a origem e a atuação política, Leite também expressa de maneira contraproducente para a comunidade LGBTQIA+. Ao defender que gostaria de ser pensado como um governador gay e não um 'gay governador', ele inverte sujeito e predicado. Leite não 'é' governador, ele apenas exerce esse cargo nesta fase de sua vida. Leite 'é' gay, ao menos que possa assumir outra identidade sexual, e deveria lutar em nome daqueles que, como ele, sabem o que essa identidade implica na vida em sociedade no Brasil..." (p. 57)
Achei ótima a observação da articulista. Esse cara não é um governador gay, ele é um gay privatista, gay tucano (ou seja, golpista), é um gay antipovo. Aí sim, os qualificativos estão adequados a ele. A orientação sexual dele não importa.
Enfim, mais informado estou.
William
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