quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Leituras e leitores



Refeição Cultural

Quarta-feira, 22 de setembro.


Reli pela manhã o "Prólogo" de Dom Quixote de La Mancha (1605), de Miguel de Cervantes. Li pensando nas questões sobre leitores de literatura apontadas por Hélio de Seixas Guimarães no livro Os leitores de Machado de Assis (2004).

Aliás, me lembrei do "Prólogo" e na importância do leitor na obra de Cervantes ao rever parte do filme O homem de La Mancha (1972), dirigido por Arthur Hiller com Peter O"Toole, James Coco e Sophia Loren. O filme é baseado no musical de mesmo nome. O filme é uma graça! Achei em meus guardados velhos.

Fiquei pensando impressionado no quanto Miguel de Cervantes foi revolucionário em sua época. Pra começar, é difícil até imaginar como que esses caras conseguiam escrever obras literárias naquela época. Até em termos materiais - papel, tinta etc -, que dirá uma pessoa como ele, que viveu em guerras, foi preso durante anos. Absurdo esses gênios conseguirem escrever!

Miguel de Cervantes "explora" seus leitores em todas as possibilidades, assim como Machado de Assis fez uns três séculos depois. Os caras são gênios demais! No prólogo ao Quixote vemos a genialidade, tem ironia e provocação ao estilo Machado de Assis. "Desocupado leitor...". O escritor ou narrador da estória (o leitor vai descobrir depois) já avisa no prólogo que vai aprontar poucas e boas com os leitores.

Ainda sobre leituras. Estou quase terminando a leitura do livro Câncer, eu? (2020), de nosso colega da comunidade Banco do Brasil, Sergio Riede. O livro é muito bom de se ler, é leve, apesar de abordar tema tão duro. É também autobiográfico e mesmo a gente que conhece ele pela convivência nas lutas sindicais acaba descobrindo muita coisa sobre sua vida.

E estou me aproximando das mil páginas da releitura de Ulysses (1922), de James Joyce. Ontem à noite li mais um pouco. É diferente ler Joyce.

Cada escritor, cada leitura. Cervantes, Machado, Riede e Joyce escreveram em seus tempos, em seus contextos, sobre conteúdos que convieram a eles. Nesses casos todos, a leitura vale a pena.

Por fim, reli um texto meu, de 2011, que me deixou emocionado (ler aqui). O texto falava sobre o livro de George Orwell, A Revolução dos Bichos (1945), mas falava também sobre igualdade, desigualdade, falava sobre minha tia Alice. Foi bom reler o texto. Ele foi um momento de reflexão de uma época em que eu era dirigente sindical e meu mundo era todo de discussões ideológicas e filosóficas sobre a vida e o mundo do trabalho.

É isso. Aqui é um blog e diário é pra escrever mesmo.

William


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