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Sábado, 25 de setembro.
Que tenho a registrar nesta página de blog?
LITERATURA
Estou terminando a releitura do clássico Ulysses (1922), de James Joyce. Li a obra pela primeira vez duas décadas atrás, na tradução de Antônio Houaiss. A leitura foi difícil. Comecei diversas vezes e recomecei a leitura por não entender nada. Desta vez, estou relendo uma edição traduzida por Caetano W. Galindo, presente do amigo Sérgio Gouveia. Cheguei ao último capítulo, o monólogo interior de Molly Bloom. Agora meu entendimento da obra foi bem melhor.
De novidade, li também o livro sobre o personagem Stephen Dedalus, Retrato do artista quando jovem (1916), publicado antes de Ulysses. Quando terminar a leitura, vou ver os dois filmes que tenho em casa e considero que minha missão com James Joyce estará concluída. Não pretendo ler Finnegans Wake (1939). O livro de contos de estreia do autor irlandês - Dublinenses (1914) -, já li várias vezes alguns dos contos.
Vi hoje uma entrevista muito esclarecedora com o professor Caetano Galindo, tradutor da edição que estou lendo. Ele fala sobre Joyce e Shakespeare. Muito interessante!
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LETRAS NA FFLCH-USP
Após vinte anos, vai chegando ao fim a minha relação formal com a Universidade de São Paulo. Entrei na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas no vestibular de 2000 e comecei o curso de bacharel em Português e Espanhol em 2001. Quando entrei minha vida era uma, meu projeto era ser professor, mas "no meio do caminho tinha uma pedra..." e de repente as veredas do grande sertão vida me levaram para outros destinos. Virei dirigente sindical no ano seguinte e a prioridade em minha agenda passou a ser as lutas dos trabalhadores.
Após uma década tentando fazer as matérias obrigatórias, achei que havia concluído os créditos necessários ao bacharelado nas duas disciplinas. Fui trabalhar em Brasília. Voltei para São Paulo em 2018 e fui pedir minha colação de grau e meu diploma. Descobri que faltava fazer uma matéria obrigatória na grade curricular de minha época e precisei retornar ao curso e fazer mais dois anos de matérias pela grade atual e, quase quarenta créditos depois, concluí o percurso e me parece que agora chegou a hora de colar grau e pegar o diploma de bacharel para guardar em casa.
Confesso que ao perceber nesta semana o fim de meu cadastro nos sistemas da USP fiquei meio deprimido, senti um vazio dentro de mim, algo estranho. Acho que sempre senti um amor profundo pela Universidade, queria ser professor lá. A vida caminhou diferente. É isso. Vou sentir falta de ser "da USP".
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TODO CAMBIA (TUDO MUDA)
Andei refletindo a respeito de mudanças. Como nos lembra Mercedes Sosa: "Todo cambia". As veredas de minha vida me exigiram muitas mudanças e isso deve ter influenciado quem sou e o que sou porque somos hoje o resultado de todo o percurso que já fizemos.
Mudei de São Paulo aos 10 anos. Depois mudei de Minas Gerais aos 17 anos. Até os 30 anos de idade, precisei mudar do local onde vivia quase todo ano (contei na memória 10 mudanças!). Isso me fez sofrer muito. Morei em cada lugar...
Ter que sair de um lugar logo que se adapta a ele é foda! E alguns lugares eram terríveis, tanto que tenho uma relação ruim com baratas por isso. Dia desses, ouvi a excelente entrevista do Mano Brown com Lula. Mano Brown, eu sei o que é morar num quintal com um monte de casas e um banheirinho em comum... é foda!
A mudança para Brasília por 4 anos foi uma situação difícil para minha família. As pessoas acabam tendo que viver a vida dos outros e as consequências vêm. A volta para São Paulo foi difícil também por causa do contexto no qual as coisas se deram. Três anos depois, ainda não consegui me ver livre dessa mudança inacabada. Juntou um monte de coisas. Para dar algum conforto aos que sofreram por minha causa, acabei deixando coisas inacabadas.
Para tornar as coisas mais difíceis, vieram as mudanças radicais no nosso mundo, o golpe de Estado, a ascensão do Mal, a destruição de tudo.
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Fim das reflexões. Preciso providenciar a papelada pedida pela USP para concluir essa relação de amor que tive com a nossa querida FFLCH. Saio da Universidade aos 52 anos de idade, mas acho que a Universidade nunca vai sair de mim. Tenho muito amor pela USP, pela FFLCH, pelas Letras e pela educação.
William
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