terça-feira, 25 de junho de 2024

31 de 100 dias



31. Hoje completei um dos eixos investigativos sobre minha condição de saúde. Como meu cotidiano se transformou numa rotina de dores na região do quadril e sistema locomotor, incluindo até a região dorsal e abdominal, estou fazendo a minha parte para a manutenção de minha existência e procurando resolver a questão. Devo isso às pessoas de meu círculo familiar mais próximo.

Pelos exames e informações dos profissionais da área, estou com o sistema urinário em ordem. Exames de PSA e demais exames de imagem e físicos indicam que está tudo normal com rins, bexiga, ureter e próstata.

Por um lado, isso é bom e tira uma cisma que a pessoa com dores crônicas tem em seus pensamentos, achando que está com tudo quanto é coisa ruim. Estado de não saúde é foda! Lembrar que tem partes no corpo que incomodam porque doem é um saco!

Por outro lado, se está tudo bem com minha próstata e sistema urinário, agora é levar os exames de imagens sobre a condição de minha estrutura locomotora e do quadril para o profissional responsável por essa área. 

Essa coisa de saúde é tão esquisita que se o cara disser que tenho desgastes mesmo, mas que posso conviver com isso, ficarei satisfeito. Sigo a vida com as dores locais. 

Das experiências com estudos de anatomia do período que frequentei uma graduação de Educação Física com a experiência na gestão de saúde, prefiro evitar cirurgias e, se possível, fazer exercícios de reforço na região.

Enfim, sigamos. Depois de décadas de vida, uma vida cheia de veredas, aprendi que viver é uma oportunidade. E que os humanos são seres históricos (e posso seguir fazendo a minha), e que só se ensina gente, como diz Paulo Freire (e quero aprender coisas novas todos os dias), e seguirei fazendo a minha parte para estar no mundo com as pessoas.

Diferente do que pensei por muito tempo em minha existência, não desejo encurtar meu percurso na natureza.

William


Vendo filmes (XVIII)



Refeição Cultural

Os Estados Unidos são uma nação cuja essência é a liberdade para se praticar a violência contra tudo e todos, liberdade baseada na ideia de um indivíduo não ter limites sobre o restante do universo 


Dois filmes que retratam a sociedade norte-americana me proporcionaram nesses dias momentos de catarse. Saí deles pensando a respeito da sociedade humana e concluí que não é justo e não devemos concordar com o desejo de um grupo de pessoas de um país - os bilionários norte-americanos e seus operadores - querer impor sua cultura ao mundo todo.

Um dos filmes retrata os Estados Unidos no século 21, na fase atual do capitalismo selvagem, implacável em sua fúria pelo lucro rápido e a qualquer preço, ainda mais se o preço for eliminar empregos e pessoas cujas vidas foram dedicadas a uma grande empresa norte-americana, base econômica do "país das oportunidades". Será que a terra da liberdade ainda é o país das oportunidades? 

Enquanto a "Revista Life" é reestruturada por uns executivos babacas, o personagem Walter Mitty dá o encanto ao filme ao nos lembrar que o que importa são as pessoas. Aliás, critico os governos dos EUA e não o conjunto da população, pois lá existe a classe trabalhadora oprimida e explorada como toda a classe trabalhadora do mundo capitalista. 

O outro filme retrata a origem e os motivos pelos quais os Estados Unidos sempre foram uma nação violenta, com uma cultura de só saber resolver as coisas na guerra, na bala, na eliminação do outro, supostamente inferior sob a ótica estadunidense.

Se fizermos uma linha do tempo entre o passado que definiu a essência da cultura violenta daquele povo e um hipotético futuro da sociedade norte-americana com os filmes "O Regresso" (2015) e "Guerra Civil" (2024) - que vi recentemente -, veremos o quão profético pode ser o último, pois nada mudou nesses dois séculos de pouco diálogo e muita solução na base da violência. 

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FILMES

A vida secreta de Walter Mitty (2013) - Direção: Ben Stiller. Com: Ben Stiller, Kristen Wiig, Shirley MacLaine, Sean Penn.

Sinopse: o tímido Walter Mitty está sempre sonhando acordado para escapar da sua vida monótona, mas uma aventura muito real prova que ser herói não é tão fácil quanto parece. (Netflix)

Comentário: alguns filmes pegam a gente em cheio. É o meu caso com o longa de Ben Stiller. Desde a primeira vez que o vi, fiquei encantado com diversas passagens do filme. Poucas vezes tenho contato com obras culturais que me fazem rir e chorar ao mesmo tempo. Esse filme é uma das exceções.

A estória em si já é uma tragédia do capitalismo: essas reestruturações empresariais que enxugam postos de trabalho e dispensam as pessoas como se elas não fossem nada, como se fossem jogar papel amassado no lixo. Já nos sensibilizamos com o enredo por isso.

Aí temos a questão do personagem que perdeu o pai ainda jovem, da mudança radical de vida naquela fase, da timidez que quase inviabiliza as relações de Walter Mitty.

E por fim, o roteiro, a fotografia, a trilha sonora, os efeitos nas cenas de ação. É uma soma incrível de acertos. Groelândia, Islândia, Afeganistão, Himalaia... erupções vulcânicas, skate no asfalto entre vales, uma partida de futebol nas estepes do topo do mundo... luzes e som, sombras. As imagens perfeitas. A música "Major Tom", de David Bowie, nunca mais foi a mesma para mim.

A mensagem do fotógrafo Sean O'Connell nos coloca a pensar: em alguns momentos, as imagens são tão perfeitas que nem se deve perder o instante por trás da lente de uma câmera. A pessoa deve aproveitar o momento e só estar lá, no meio e instante daquele acontecimento único.

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O Regresso (2015) - Direção: Alejandro González Iñárritu. Com: Leonardo DiCaprio e Tom Hardy.

Sinopse: filme conta a história do caçador de peles Hugh Glass (DiCaprio), que é deixado para trás para morrer após ser atacado por uma ursa parda no meio da floresta congelada. A estória se passa nos Estados Unidos do início do século XIX, pouco depois da declaração de independência formal do país. Na prática, imigrantes, colonos, escravizados e indígenas ainda disputavam espaço no território que se constituiria enquanto nação décadas depois. 

Comentário: quando vi esse filme pela primeira vez, fiquei meio passado. Que estória brutal! Mas reconheci que foi um tremendo filme. O desempenho de DiCaprio como Hugh Glass, o caçador norte-americano do início do século XIX, foi estupendo. Ele mereceu a estatueta! 

E o que mais pega o telespectador no longa é o cenário e a fotografia, uma obra de arte de Emmanuel Lubezki, que ganhou o Oscar por seu trabalho.

Após ver "O Regresso" afirmei a mim mesmo que esse não era o tipo de filme que eu assistiria de novo. Foi muito sofrimento por horas! 

Pois é, vi de novo...

Nesta segunda vez, o que não me saiu da cabeça é o quanto o filme sintetiza a gênese da natureza da sociedade norte-americana desde sua origem: a violência como base das relações dos homens com a natureza e nas relações sociais. Aquela sociedade que surgiu nas primeiras décadas desde a independência é a mesma de hoje.

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É isso! Sigamos comentando filmes que nos põem a pensar o mundo e a vida.

William Mendes


Post Scriptum: o texto anterior desta série, comentários sobre filmes, pode ser lido aqui.


segunda-feira, 24 de junho de 2024

30 de 100 dias



30. Hoje fiz texto de reflexão sobre o mundo (ler aqui). Tenho feito poucos textos assim nas últimas semanas. Estou focando minha desordem pessoal nestes 100 dias de vida.

Nos trabalhos do dia com minhas mídias de conhecimentos, os materiais acumulados ao longo da existência, peguei para avaliar um livro de frases e sabedorias que nunca havia lido. Livro que ganhei de um chaveiro no Vale do Anhangabaú quando era dirigente sindical. Sobre o livro pode-se ler aqui

Hoje fui até uma banca de livros gratuitos na Vila Yara para avaliar se ali não seria uma opção para doar alguma coisa dos materiais que tenho. Vamos ver.

É isso. Seguimos em busca de sentidos e mudanças.

William 


Leitura: Otimismo em gotas, de R. O. Dantas



Refeição Cultural 

Osasco, 24 de junho de 2024.


"Um livro aberto é um cérebro que fala;

fechado, um amigo que espera;

esquecido, uma alma que perdoa;

destruído, um coração que chora. 

              Emerson"


Um dia, ao fazer uma cópia de chave em uma banquinha no Vale do Anhangabaú, descendo a Avenida São João, vindo do Edifício Martinelli, ganhei este pequeno livro do chaveiro, que autografou o presente. Ele assinou a dedicatória como Dinamor, um dos pseudônimos que assinam várias sabedorias no livro.

Fuçando em minhas mídias de cultura, sentei-me para ler as gotas de otimismo reunidas em livro por R. O. Dantas ou Dinamor ou os eu-líricos diversos da obra, afinal de contas:

"Não procures saber quem disse,

Mas, sim, o que foi dito...

Busque-se antes a utilidade da mensagem,

Que a sutileza da linguagem. 

              Anônimo"

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"A pessoa que não lê, 

mal fala, mal ouve, mal vê. 

              Malba Tahan"

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Uma das características que se vai observando ao longo da leitura das sabedorias registradas no livro tem muita relação com o objetivo deste blog desde sua criação: compartilhar de forma gratuita o que se sabe.

"Se me oferecessem a Sabedoria com a condição de a guardar só para mim, sem comunicar a alguém, não a quereria.

              Sêneca"

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"A adversidade é o microscópio que nos ensina 

a olhar a vida com mais profundidade. 

             Dinamor"

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"Prepara-te para o que quiseres ser.

             Provérbio alemão"

Caramba! Fiquei pensando nesse provérbio...

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"F ale menos

E scute mais

L eia bons livros

I mite as boas ações 

C ultive o otimismo 

I lumine a escuridão 

D eseje o bem a todos

A legre-se com o êxito dos outros

D ê o melhor de si

E vite os excessos.

              Dinamor"

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Pensamentos interessantes do livro não citados na postagem: 

Helena P. Blavatsky (p. 20); Alba (p. 35);

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Comentário: uma coisa que pensei ao ler as sabedorias reunidas no livro foi a possibilidade de ver com minha mãe se ela quer e se permite que eu divulgue algumas das sabedorias que sei que ela escreve faz tempo.

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(Texto em andamento)

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Bibliografia:

DANTAS, R. O. Otimismo em gotas. 100a ed. Porto Alegre: Katy, 2005. 176 p. 10,5 x 14 cm.


Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 24 de junho de 2024. Inverno com o calor do mundo fritando.


A DESORDEM MUNDIAL

O título de minha reflexão é o mesmo título do livro de Moniz Bandeira (que já li, por sinal: ver comentário aqui), mas que culpa tenho eu se esse é o melhor grupo de palavras que pesquei no reino das palavras (como dizia Drummond) para expressar um pouco do que tenho avaliado ao observar o mundo ao meu redor?

Vivemos uma verdadeira desordem mundial. Desordem cognitiva, afetiva, social, jurídica, econômica, política, ambiental etc. Estamos sob a era da desordem mundial. E isso é grave! Se quisermos ter alguma chance de vida, temos que mudar a ordem, a tendência, o rumo das coisas.

CENAS COTIDIANAS

As conversas de elevador têm sido cada dia mais desconexas, como se um marciano falasse com um terráqueo, ou um terráqueo com um jupteriano: pergunto a um conhecido sobre a cachorra deles. Ele está meio aéreo, diz não saber quantos anos a cachorrinha tem: aliás, está no elevador que não seria o determinado pelas regras para transportar animais. Encontro um casal que me cumprimenta perguntando se estou de volta, sendo que voltei de Brasília há seis anos. Outra conhecida antiga, talvez com alguma questão de memória pelo avanço da idade, me deixou preocupado por imaginar se ela está morando sozinha e sem cuidador.

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GUERRAS ATÉ O FIM

Nas redes sociais e páginas de informação (ou desinformação) vemos a verdadeira desordem mundial. Para quem se atenta, a dúvida é: quando será o dia D? O império dos humanos que vivem no espaço geográfico chamado atualmente de Estados Unidos da América está em decadência, e já avisou há duzentos anos que se cair, vai cair atirando. Dane-se o nome da guerra ou das guerras que causará, vai cair atirando. Como as tecnologias de destruição em massa são muito mais destrutivas que nas épocas passadas, quando outros impérios caíram, arrisca agora não sobrar lugar no globo terrestre passível de manter vida humana sustentável. Fodeu!

O mundo humano produziu mais de dez mil ogivas nucleares no último século. Estados Unidos e Rússia têm mais de oito mil delas. Os Estados Unidos não aceitam essa questão de BRICS e China e Rússia e o caralho... Os Estados Unidos não aceitam substituírem o dólar como única moeda de troca no mundo - dólar é a moeda sem lastro em ouro e com lastro em bombas -, e além das bombas nucleares, os Estados Unidos sozinhos têm outra bomba mais potente que a atômica, a bomba bloqueio, essa mata pouco na hora e vai matando uma comunidade inteira atingida por ela como são os efeitos radioativos da bomba atômica após o impacto: vai matando de fome, doença, de miséria absoluta de tudo, mata principalmente indefesos: crianças, mulheres e idosos, civis incapacitados e vulneráveis de todo tipo. 

Os Estados Unidos têm e usarão cada dia mais a bomba bloqueio. Olhou feio para eles, bloqueio no país ou governo que ousou levantar os olhos para o imperador...

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CRIAÇÕES HUMANAS NÃO SÃO NATURAIS, NEM OS DIREITOS, NEM A CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA DE UNS E A MISÉRIA DA MAIORIA

É uma desordem mundial. No entanto, a desordem mundial tem método. Não é natural, assim como o professor Pedro Serrano nos ensinou sobre os direitos, nos lembrando que os direitos não são naturais, são criações humanas e por isso precisam ser defendidos, caso contrário não existirão mais (comentário aqui). 

A desordem mundial tem artífices, tem humanos por trás dela. É gente poderosa. Mortal, mas poderosa. Essa gente está viva e está tramando contra nós, nos quer mortos. Se não mortos, nos quer necessitados como exército de reserva. (Os capitalistas) Nos querem ignorantes, burros, seres não pensantes, de fácil manipulação. Seres medrosos (e de novo, me lembro de Drummond nos falando do medo).

As ferramentas tecnológicas (do tipo algoritmos) e as pessoas por trás delas nos roubaram filhos, pais, companheiros e amigos. Roubaram a mente, a atenção de nossos entes mais queridos. Estão nos roubando as características que nos fizeram homo sapiens ao longo de centenas de milhares de anos. 

Nos roubam a criatividade na solução de problemas que realmente importam, soluções para preservação da vida da própria espécie. Estamos nos tornando seres boçais, com características de rebanhos, quase seres bovinos mesmo!

E como um boi vai achar soluções que importam, soluções para evitar as bombas atômicas, as bombas bloqueios dos EUA? Como um boi vai lutar contra a desigualdade social, a injustiça contra as maiorias em favor de alguns?

Que foda!

A desordem é projeto de uma pequena parte dos humanos para dominar a totalidade do ecossistema. E não estamos atentos para isso. Ou estamos e não estamos nos organizando para combater e reverter a desordem.

DETALHE: como me lembrou num almoço o companheiro Deli Soares, e não sabemos nada do mundo, só vemos ou sabemos fragmentos. O que sei eu dos chineses, dos indianos, dos turcos, dos iranianos, dos povos do continente africano etc. Meu olhar atomizado é aqui do mundo ocidental hegemonizado pelo capitalismo... não sei nada de nada, só tenho algumas noções... e devem ser muito pequenas sobre as coisas do mundo.

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A DESORDEM NO TRÂNSITO, AS MOTOS, OS MOTORISTAS

No Brasil, enfrentamos uma revolução conservadora e reacionária ao mesmo tempo, pois são conceitos diferentes. O golpe de Estado em 2016 - perpetrado pelos donos do poder tanto do Brasil, a casa-grande, quanto do império norte-americano, por causa do pré-sal e da participação do Brasil nos BRICS - trouxe uma anomia que perdura mesmo após o fim do mandato de Bolsonaro na presidência do país. Uma anomia. Não existem mais regras comuns e aceitas pela cidadania. Não existem. 

Vejam o trânsito, por exemplo. Não acho que devemos culpar individualmente um homem ou uma mulher pilotando uma moto ou um carro pela desgraça que virou o trânsito nas vias urbanas e nas estradas do Brasil. É a anomia na qual nos encontramos. Milhões de pessoas que andam de motos incorporaram como "regra" que não existem regras de trânsito para elas. 

"Nenhuma regra do código de trânsito do país se aplica a uma moto" deve imaginar alguém que anda de moto... e centenas e milhares de pessoas são atropeladas todos os dias, ocupam os insuficientes leitos de hospitais todos os dias, ficam sequeladas e morrem todos os dias.

A desordem total.

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A SAÚDE QUE DEVERIA IMPORTAR E NÃO IMPORTA

Milhões de dinheiros privados e públicos, o sistema como um todo, são desperdiçados em procedimentos curativos e não preventivos, são investidos em coisas supérfluas ou estéticas como afinar um nariz, tirar uma gordurinha na coxa etc ao invés de serem utilizados nos eventos agudos e crônicos como, por exemplo, traumas de acidentes e violências, ou para salvar vidas de pessoas com câncer, com doenças tratáveis, ou ainda investidos no longo prazo para educar e mudar hábitos alimentares adoecedores da vida cotidiana no mundo em desordem mundial. 

As doenças e a criação de desejos e "necessidades" nos corpos das pessoas significam lucro, dinheiro na conta individual de uma pequena parcela de humanos com conhecimentos técnicos em saúde que deveria ter por objetivo nobre cuidar da saúde das pessoas. 

Mas no mundo organizado e focado no bem-estar dos seres humanos, pessoas com saúde não gerariam lucro para a parcela de pessoas que detém o saber médico como mercadoria e com objetivo de lucro.

A DESORDEM PESSOAL

Feita a reflexão sobre a desordem do mundo humano, finalizo minhas impressões comentando a minha desordem pessoal. Falo a minha, mas imagino que seja a desordem de muita gente por aí.

O dia começa e o dia termina e a gente não consegue cumprir o que imaginou que seria necessário ou obrigação cumprir. Às vezes, sequer sabemos delimitar onde começa ou termina o dia por não ser possível localizar o ponto de saída ou de chegada do "corre" cotidiano de cada um.

Por décadas, meu cotidiano foi organizar a categoria bancária para conquistar um espaço social mais favorável à gente de minha classe. Minha cabeça tinha o foco no coletivo, minha agenda era a mudança no mundo coletivo por saber que isso equivaleria a mudanças positivas em nosso mundo pessoal. 

Hoje, mesmo tendo mais tempo livre para a vida pessoal, mesmo não sendo agente de mudanças nas lutas coletivas com mandato eletivo, minha vida pessoal é o caos, é a desordem total. 

Será que isso acontece com a maioria das pessoas? Tenho impressão que sim. De certa forma, somos reflexo do mundo material real, nosso comportamento e nossas ideias são reflexos da desordem mundial imposta a nós pela hegemonia do capitalismo.

Nossas ideias são capturadas (ou formatadas pela realidade hegemônica), são roubadas de nós pelos mecanismos da imposição de comportamentos do fetiche da mercadoria da desordem mundial capitalista. É o que descrevi acima. Nosso cotidiano comum e banal é o cotidiano do mundo em desordem por causa do capitalismo.

Mesmo sem cumprir jornadas vendendo minha força de trabalho para algum comprador de meu corpo e de meu tempo, sigo a lógica desse mecanismo, desse sistema destrutivo do planeta e dos seres que nele habitam.

Confesso minha desordem pessoal neste mundo em desordem. Confesso minha impotência, mesmo tendo tido a oportunidade de adquirir um pouco de consciência política e de classe.

Até meu corpo está em desordem. Não sei mais o meu papel no mundo, nos espaços por onde habito. E não desisti de nada. Meu percurso existencial não me permitiria jogar a toalha. 

Seguirei observando. Estudando e escrevendo.

William


domingo, 23 de junho de 2024

29 de 100 dias



29. Ao finalizar a semana, avalio que agi no sentido de cumprir alguma coisa do que tenho pensado para esse curto ciclo de cem dias de meu viver.

SAÚDE E FAMÍLIA 

Voltei de Uberlândia, onde passei uns dias com a família. Tivemos dias tranquilos, e isso foi muito bom. Quero estar mais próximo das pessoas que gosto.

Fiz alguns dos exames médicos pedidos pelos profissionais de saúde que consultei. Farei outros nesta semana que se inicia. Não sei os resultados ainda. 

Cara, senti muitas dores no quadril nessa semana. Foda isso! 

Enfim, estou fazendo minha parte como alguém consciente e responsável. 

RELAÇÕES SOCIAIS 

Ainda em atenção ao desejo de estar com pessoas que consideramos, revi um amigo do tempo da graduação em Letras na USP, o Luciano. 

O professor Luciano tem se destacado na Educação por estar desenvolvendo estudos e pesquisas sobre os efeitos positivos de jogos como o xadrez e o RPG na prática educativa, inclusive para as crianças e jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Ou seja, tive mais momentos do bom e velho contato com seres humanos que valem a pena!

E para seguir nas relações com pessoas que nos dão esperança na política, fechei meu domingo participando de excelente reunião de nosso diretório do Partido dos trabalhadores aqui do Butantã, Zona Oeste.

É isso. Estou trabalhando para a organização de meu centro de documentação (cedoc). É seguir trabalhando um pouquinho todo dia. 

William 


Cedoc do Refeitório Cultural (2)



Refeição Cultural

Nos anos oitenta, em Uberlândia, Minas Gerais, quando cresci no bairro Marta Helena entre os dez e os dezessete anos de idade, tive a oportunidade de ler vários livros de literatura, muitos deles emprestados pelo meu primo Jorge Luiz - que comprava lançamentos no "Círculo do Livro" -, e outros que eu conseguia de alguma forma. Eram livros "best sellers" dos anos setenta e oitenta. 

Um dos autores de romances de suspense e terror do qual cheguei a ler alguns livros à época foi o norte-americano Stephen King. Tenho alguns dos livros dele guardados em minha biblioteca até hoje. São edições antigas, amareladas e manchadas pelo tempo. Não consegui me lembrar ainda a origem dos volumes, quais deles ganhei depois de meu primo e quais adquiri em algum sebo por aí.

De uma forma ou de outra, a literatura que tive acesso à época foi essa, de romances de autores estrangeiros, pois me lembro de ter lido poucos autores brasileiros na adolescência. Talvez tenha lido aqueles livros de leitura obrigatória por causa da escola formal, um Machado de Assis ou um José de Alencar, por exemplo.

Os livros que mantenho na estante são livros ou autores que gostei, e não teria por que me desfazer dos livros. O que li nos anos oitenta e noventa fez parte da minha formação literária, mesmo não sendo leituras consideradas engajadas ou de alta cultura. 

Pensando nas lições de Italo Calvino sobre a importância de ler os clássicos da literatura universal, poderia dizer que até a literatura de suspense e terror tem seus clássicos. Stephen King tem os seus. Alguns eu leria novamente, como foi o caso de Carrie.

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LEITURAS DOS ANOS OITENTA E NOVENTA

1. Christine (1983) - Stephen King

O nome original do romance é o mesmo "Christine". Eu considero o romance um clássico. É a história de um triângulo amoroso entre Arnie Cunningham, Leigh Cabot e Christine. Tem ainda o amigo de Arnie, Dennis. 

Christine é um carro, um Plymouth Fury 1958, vermelho. Desde o primeiro momento em que Arnie viu o carro, ficou apaixonado por ele. Quer dizer, por ela, o carro foi nomeado de Christine.

O livro tem 552 páginas. Virou filme à época.

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2. O Iluminado (1977) - Stephen King

O título original do romance é "The Shining" e eu diria que é um dos maiores clássicos de Stephen King. O romance ficou mundialmente conhecido por ter virado filme estrelado por Jack Nicholson e dirigido por Stanley Kubrick.

É a história de Jack Torrance, um homem desempregado e em crise com a sua pequena família, que aceita o emprego de zelador de um hotel nas montanhas do Colorado. O que era para ser um período de tranquilidade e sossego para a família isolada pela neve, se transforma num cenário de suspense e terror que vai deixar leitores e espectadores alucinados do início ao fim.

O livro tem 445 páginas. Esse é um dos livros que comecei a leitura e não terminei. Depois acabei assistindo ao filme. Um dia, vou pegar para ler de uma vez.

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3. O Cemitério (1983) - Stephen King

Com título original "Pet Sematary", esse romance foi um dos quais nunca mais me esqueci. O enredo conta a estória da família de Louis Creed, composta por Rachel, Eileen (Ellie), Gage e Church, o gato de Eileen. O livro também virou um filme clássico.

A cena de Louis Creed voltando cansado do cemitério indígena de animais e caindo na cama todo sujo virou referência de cansaço para mim desde a adolescência.

Minha edição tem 380 páginas com fonte bem pequena. É um livrão, como os outros do autor.

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4. A Incendiária (1980) - Stephen King

O título original do romance é "Firestarter". Uma das lembranças que tenho sobre a leitura desse livro de King é que o li numa sentada, de uma vez. Não sei por que isso ficou na minha memória. Ao ver a grossura do livro hoje, imagino que deve ser uma falsa lembrança, não é possível ler essa estória de 432 páginas com fonte pequena em um dia. Mas devo ter lido em pouco tempo. O enredo é alucinante.

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5. Carrie (1974) - Stephen King

O título original tem o mesmo nome. Foi o primeiro romance de King e foi um sucesso imediato. Conta a estória da jovem Carrie, uma garota com poderes paranormais que sofre em casa com o fanatismo religioso da mãe e sofre na escola, por causa do bullying dos colegas de classe. 

O livro virou filme dirigido por Brian de Palma em 1976 e o destaque vai para a excelente interpretação de Sissy Spacek. Esse foi um dos romances de King que reli após os quarenta anos de idade. O comentário sobre a leitura pode ser lido aqui.

O livro tem 200 páginas.

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6. Zona Morta (1979) - Stephen King

Com o título original de "Dead Zone", esse é o livro de King que eu menos me lembro da estória. Mas eu li. John Smith é um rapaz como tantos outros. Um dia sofre um acidente de carro, ficando longos anos em coma. Ao acordar, percebe que detém o poder de perscrutar as mentes das pessoas.

Minha edição tem 389 páginas.

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7. A Entidade (1978) - Frank de Felitta

Com o título original "The Entity", esse livro foi duro de ler. Me lembro até hoje o quanto fiquei impressionado com a estória de uma entidade diabólica que violentava Carlotta Moran, mesmo diante dos filhos dela e com uma violência cada vez maior. É angustiante imaginar tudo aquilo que o enredo descreve no romance.

O livro é outro bichão de 478 páginas.

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8. Assassinato no campo de golfe (1923) - Agatha Christie

O título do livro é "Murder On The Links". Anotei no livro que o li em agosto do ano dois mil. Já era outro período de minha vida. Havia voltado para São Paulo. Mantive na fase adulta o hábito de leitura. É um romance policial de Christie com o clássico personagem Monsieur Hercule Poirot. Eu não me lembro do enredo. Teria que ler de novo.

O livro tem 215 páginas.

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Enfim, aos poucos vou organizar meu centro de documentação, o que inclui a minha biblioteca.

William


Post Scriptum: o texto anterior sobre meu cedoc pode ser lido aqui.


sábado, 22 de junho de 2024

28 de 100 dias



28. Ontem de manhã, ao acordar, busquei informações a respeito da campanha de vacinação do governo federal. Meu objetivo era verificar se poderia receber a vacina contra a Covid-19. 

Em poucos minutos, verifiquei que fazia parte dos grupos prioritários para receber a vacina: "pessoas com comorbidade". Tenho hipertensão. Peguei meus documentos e fui para o posto de saúde de minha região. Fui vacinado. Elegemos Lula para retomarmos as campanhas de vacinação no país.

Por um lado, fico feliz pela oportunidade de estar imunizado contra essa doença, imunizado graças ao nosso Sistema Único de Saúde (SUS). Se for infectado por esse vírus, meu corpo terá uma chance maior de sobrevivência. Exerci o meu direito de cidadão brasileiro.

Por outro lado, fico triste e constrangido por saber que minha companheira e meu filho não foram imunizados porque não fazem parte dos grupos prioritários: eles gostariam de ser imunizados. 

E pensar que o regime fascista do bolsonarismo, uma ideologia de idiotização do povo brasileiro, fez com que grande parte do povo se tornasse negacionista. A involução da espécie humana segue à galope.

Sugestão às leitoras e leitores do blog: procurem os postos de saúde e se vacinem. Estar imunizado é uma evolução de nossa espécie, conquista da ciência, fruto da inteligência humana. Estou com o braço dolorido, e só!

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Sigo diariamente buscando sentidos e ações para mudar a realidade, que não me agrada e me causa uma dor profunda. Tudo bem, assumo minha condição de cidadão politizado. Não gostaria de ser ignorante como fui antes.

Envidar esforços para me manter vivo é um dos objetivos do momento, pois a vida é uma oportunidade e sei que tenho um papel social no mundo.

Sigamos resistindo e lutando.

William Mendes

 

One Piece

 


Refeição Cultural 

Dois cinquentões que assistem One Piece com o filho 


Ao terminarmos mais uma saga* de One Piece, a Saga Water 7, composta pelos arcos Water 7 e Enies Lobby, podemos dizer que conhecemos um pouco a respeito do personagem Monkey D. Luffy e sua tripulação. Já assistimos 315 episódios do anime. Luffy quando criança comeu acidentalmente um fruto do diabo que deu a seu corpo as propriedades da borracha.

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CONEXÃO ENTRE PAI, MÃE E FILHO

Como começamos a ver animes?

Sempre gosto de me lembrar como foi que comecei a ver anos atrás animes com meu filho e com minha companheira. 

Eu trabalhava em Brasília, na autogestão em saúde dos funcionários do BB, e tinha uma agenda de muitas viagens às unidades nos Estados. Meu filho estudava no interior de São Paulo. Era comum cada um dos três estar longe um do outro.

Ao pensarmos uma forma de fazermos algo juntos, meu filho sugeriu vermos anime. Deu certo! Os três colocavam o episódio no ponto e: um, dois, três e já...

Por muito tempo, vimos assim episódios de algum anime, cada um num canto do país, mas ligados por uma sessão simultânea de anime, e depois comentávamos a respeito do episódio. 

Foi assim que Ione e eu já vimos dezenas ou centenas de episódios de diversos animes.

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OS PIRATAS DO CHAPÉU DE PALHA

O final da Saga Water 7 me levou às lágrimas! Impossível não se envolver emocionalmente com os personagens do bando de piratas do Chapéu de Palha.

Em casa, cada um tem seus personagens favoritos e alguns deles têm alguma característica que chama a atenção da gente.

Eu, por exemplo, fico puto com o comportamento do Sanji quando o assunto é mulher. Caraca, o cara não se emenda! Uma coisa é o personagem ser cavalheiro, gentil etc. Outra coisa é quase pôr tudo a perder quando o inimigo é do sexo feminino (ou quando faz de conta que é) e o cara não cumpre com suas obrigações com os Chapéu de Palha por causa do inimigo ser uma mulher. É algo irritante isso.

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A TRIPULAÇÃO DE PIRATAS DO CHAPÉU DE PALHA ATÉ A PARTE QUE CONHECEMOS

Nas primeiras sagas, vamos vendo Luffy constituindo sua tripulação de piratas.

O primeiro companheiro de Luffy é o espadachim Roronoa Zoro, na primeira Saga: East Blue.

Depois, da forma mais inusitada possível, uma ladra se junta a eles, Nami. Ela será a navegadora de Luffy.

O trio está em busca de um navio. É quando conhecem um mentiroso chamado Usopp. 

O bando consegue além de um tripulante mentiroso atirador de estilingue, o navio: Going Merry.

No próximo arco de East Blue, conheceremos o cozinheiro Sanji, que se junta aos piratas do Chapéu de Palha. 

Formada a tripulação inicial do jovem Monkey D. Luffy e já possuindo o navio Going Merry, os piratas do Chapéu de Palha saem em busca de seus objetivos: encontrar o tesouro One Piece.

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NOVOS TRIPULANTES NAS SAGAS ALABASTA E SKYPIEA

Enfim, depois se juntaram ao bando dos Chapéu de Palha mais dois tripulantes: Chopper, a rena com características humanas, que será o médico do navio, e Nico Robin, uma arqueóloga. 

E agora terminamos a Saga Water 7.

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COMENTÁRIO BREVE

O anime One Piece, de Eiichiro Oda, é uma epopeia contemporânea incrível.

Nela encontramos grandes questões e dilemas da sociedade humana: amizade, determinação, ética, traição, ganância, entre outros sentimentos e comportamentos humanos. 

O tempo todo, a cada arco de aventura, podemos refletir sobre política, história, tradições e costumes, organização social etc.

Antes de conhecer os animes e mangás, eu não imaginaria a profundidade e a complexidade por trás das histórias dos personagens dessas Histórias em Quadrinhos. 

Seguiremos conhecendo mais essa forma de cultura universal. 

William


*Post Scriptum: meu filho me explicou que essa questão de divisões por sagas não é consensual, que seria melhor falar só dos arcos. Pelo pouco que havia pesquisado, o filhão tem razão. Não sou um entendido em animes, muito menos no One Piece (tanto é que, por desatenção, havia escrito errado o nome na hora que fiz o texto). Acabei usando como fonte de dados uma linha que dividia os episódios ou as aventuras em sagas e arcos. Se for retirar a citação à "saga" teria que refazer o texto todo. Enfim, como disse, após 315 episódios do anime, a gente conhece um pouco a respeito do personagem Monkey D. Luffy e seus companheiros e companheiras. Só isso. Seguiremos aprendendo mais.


sexta-feira, 21 de junho de 2024

27 de 100 dias



27. Uma de minhas ocupações nesta centena de dias de vida é organizar um pouco meu acervo de papéis, livros e mídias de culturas e conhecimentos gerais que foi sendo adquirido ao longo da existência.

Um trabalho que já venho fazendo e que ainda vai longe é a revisão, diagramação e encadernação dos mais de 5 mil textos produzidos por mim nas duas últimas décadas, e que estão em meus blogs.

Meu livro de memórias sindicais está em fase final de produção. Ele faz parte de meu trabalho de escrever textos de opinião nos blogs. 

O livro "Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT" é composto por 39 capítulos escritos durante a pandemia mundial de Covid-19 e traz como brinde um pequeno livro que fiz em 2009 sobre as campanhas salariais dos bancários do Banco do Brasil antes e depois da eleição do presidente Lula em 2002.

Os capítulos de memórias tiveram um bom público leitor no blog A Categoria Bancária: somados os acessos dos 39 capítulos, foram mais de 80 mil visualizações. Isso foi uma surpresa para mim e esse fato aumenta a minha responsabilidade ao escrever de forma pública minhas ideias e ao compartilhar meus conhecimentos. 

Enfim, como acredito que produção cultural deve ser arquivada e mantida em mídias físicas, o livro terá esse efeito. Farei algumas dezenas de unidades para amig@s e interessad@s.

Alerto sempre que posso que as pessoas que produzem cultura escrita e por imagem devem ter arquivos físicos de suas produções. Esse papo de "arquivado na nuvem" é uma loucura, uma irresponsabilidade de quem produz conhecimento humano. Nuvem é nuvem... elas se desfazem com uma reles brisa... e sem um backup físico, adeus produção cultural!

Enquanto tiver saúde e condições, vou organizar um cedoc de minhas contribuições culturais ao mundo humano. 

William Mendes 


Cedoc do Refeitório Cultural (1)



Refeição Cultural

Ao longo de décadas, o autor deste blog de cultura adquiriu diversos materiais de leitura e estudos das mais diversas áreas do conhecimento humano.

Por quase duas décadas, venho publicando com certa regularidade textos em dois blogs, um de cultura e outro sindical. Tenho ainda um terceiro blog focado em imagens, mas neste a frequência das publicações é bem menor.

Avalio que seja interessante organizar o conjunto dos materiais de mídias culturais que acumulei e produzi ao longo da vida de estudos e buscas por conhecimento. 

Boa parte do que tenho de mídia influenciou de alguma forma o que postei no blog Refeitório Cultural, a partir de 2007, e no blog A Categoria Bancária, a partir de 2006. Passar a escrever de forma pública foi uma oportunidade para me desenvolver enquanto pessoa e como dirigente de uma categoria profissional.

Então, agora, é começar a organização do centro de documentação que foi referência e bibliografia básica daquilo que produzo de textos há bastante tempo nestas páginas de cultura, conhecimento e opinião.

William Mendes

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Paulo Henrique Amorim
e "O quarto poder"

FILMES E DOCUMENTÁRIOS 

(Audiovisual)

Vi nestes dias documentários muito bons e alguns deles com histórias incríveis da classe trabalhadora.

1. HISTÓRIAS E SONHOS COM TODAS AS LETRAS

Documentário apresenta o projeto de alfabetização de jovens e adultos "Todas as Letras" entre os anos de 2005 e 2008. Foram mais de 200 mil pessoas beneficiadas pelo projeto.

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2. 1º DE OUTUBRO DE 1981 - DIA NACIONAL DE LUTA (DF)

Documentário produzido pelos companheiros de Brasília sobre a mobilização organizada por integrantes da Comissão Nacional Pró-CUT formada a partir da Conferência Nacional da Classe trabalhadora (Conclat), realizada em agosto de 1981, na Praia Grande, SP. Há no vídeo depoimentos bem legais.

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3. POR DENTRO DO SISTEMA

O vídeo é um documentário sobre o Sistema financeiro do Brasil, passando pelas principais mudanças estruturais e os impactos sobre o mundo do trabalho e a organização sindical até a criação da Contraf-CUT, em 2006. Eu era secretário de imprensa da nossa confederação. 

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4. A GRANDE VIRADA - 30 ANOS DA RETOMADA

Documentário organizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região para comemorar os 30 anos da vitória da nossa chapa de oposição nas eleições de 1979. O vídeo original foi produzido em 1989 e foi vencedor do prêmio Vladimir Herzog. Eu fazia parte da direção do Sindicato em 2009.

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5. A DÉCADA DA PERVERSIDADE (BRASIL E RS, DE COLLOR A FHC)

O vídeo foi produzido pelo SindBancários em 2010 abordando a terrível década dos anos noventa fazendo um contraponto com a década de oitenta, sendo esta de grandes manifestações e avanços populares conseguidos através de grandes mobilizações do povo brasileiro.

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6. MEMÓRIA SINDICAL - AUGUSTO CAMPOS

O documentário foi produzido por Crivelli Advogados Associados em parceria com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região em 2014 e traz entrevistas com a grande liderança e figura humana Augusto Campos. Muita emoção neste material. A matriz de meu fazer político e sindical na categoria bancária vem de pessoas como Augusto Campos e Luiz Gushiken.

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6. PALESTRA DE PAULO HENRIQUE AMORIM: LANÇAMENTO DO LIVRO "O QUARTO PODER", NO CEARÁ

É um privilégio ter o vídeo do bate-papo do grande jornalista PHA no Ceará, ocorrido em 18 de setembro de 2015. Eu estava na cidade, em Fortaleza, para participar da VIII Conferência de Saúde da Cassi no Estado e após o encerramento de nosso evento, ainda peguei a parte final da apresentação do jornalista.

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7. 30 ANOS DEPOIS LULA RELEMBRA A 1ª CONCLAT

Uma das preciosidades que tenho em meu cedoc é o vídeo com o presidente Lula comentando a 1ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, ocorrida em agosto de 1981 na Praia Grande, SP. O documentário foi produzido em 2011 pela CUT e pela Tatu Filmes.

Quando vi pela primeira vez o documentário, senti emoções inesquecíveis. Era secretário de formação da Contraf-CUT e ao ver as imagens e os debates dos trabalhadores que culminaram com a criação de uma Comissão Nacional Pró-CUT, me vi naquelas concepções e práticas sindicais, senti um pertencimento incrível ao que fazia como dirigente de uma categoria nacional 30 anos depois daquele evento divisor de águas no sindicalismo brasileiro.

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Aos poucos, irei organizar o centro de documentação (cedoc) que foi referência e fonte de cultura e informações para o autor dos blogs Refeitório Cultural e A Categoria Bancária.


Post Scriptum: o texto seguinte sobre meu cedoc pode ser lido aqui.


quinta-feira, 20 de junho de 2024

26 de 100 dias



26. Ontem, enquanto esperava dentro daquela máquina horrível de ressonância magnética - quase meia hora ouvindo aqueles sons psicodélicos -, minha mente fez suas viagens pelas imagens e emoções vividas nos últimos 25 dias de buscas de sentidos.

Ao acordar hoje, fui reler o texto 1 dos 100 dias para avaliar o primeiro quarto da centena de dias de minhas buscas pessoais de alguma coisa... "I Still Haven't Found What I'm Looking For..." (quer dizer, encontrei as respostas sim, agora busco sentidos para seguir)

Estava naquela máquina ontem para cumprir o que disse no início da jornada ou ciclo de cem dias: estou fazendo uns exames médicos para descobrir o estado do corpo que me conduz. Efetivamente, pelas dores na região, minha estrutura do quadril deve estar toda fodida. 

Em relação à sarcopenia que sofri nos últimos anos, só interrompi os trabalhos de fazer um pouco de musculação nos períodos nos quais viajei. Tenho que conseguir recuperar alguma coisa da estrutura muscular interna de meu quadril, pernas, adbome e costas.

Nos dias nos quais não fiz exercício de reforço muscular local, corri. Enquanto corria, focava combater meus níveis de colesterol ruim e pressão arterial alta. Estou fazendo a minha parte em nome da responsabilidade e relação que tenho com os entes queridos. 

Se tiver uma merda de infarto ou algum tipo de acidente vascular pelo estado de meu sangue e sistema circulatório, quero que meus familiares mais próximos saibam que estou fazendo a minha parte para estar vivo. E dá um trabalho da porra fazer isso!

Nos 25 dias de buscas e reflexões, fiz musculação 6 vezes e corri 5 vezes, sendo corridas intensas: em todas elas, corri focado no tempo ou na distância. Diminuí o tempo nas de 5,6K e fiz uma de 13K. É meu esforço para melhorar o corpo que me conduz.

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CEDOC DO REFEITÓRIO CULTURAL 

Em relação à parte do primeiro texto onde me pergunto sobre o que fazer da vida, sigo refletindo, enquanto fuço nos meus amontoados de mídias de história, cultura etc. 

Ações - Cuidar da saúde para estar no mundo já falei acima. Dar algum suporte às pessoas queridas mais próximas, estou tentando (apesar da impressão ruim das relações humanas atuais). Organizar a minha relação de toda uma vida com a cultura e o conhecimento que tive a oportunidade de adquirir, é um desafio: o que fazer?

O que pensei nesses 25 dias foi em organizar uma espécie de centro de documentação (cedoc) relacionado aos blogs Refeitório Cultural e A Categoria Bancária. A parte mais produtiva e de aquisição de conhecimentos de meu percurso existencial coincidiu com o período de grande produção textual nos blogs.

O foco do cedoc deve ser o blog Refeitório Cultural. O outro, o sindical, foi muito importante e me salvou a vida quando sofri um lawfare de nossos inimigos entre 2017 e 2018. No entanto, confirmei na prática o que um antigo companheiro sindical nos ensinava: não existe gratidão na política. O Sindicato e a corrente política para os quais dediquei minha vida, cagam para a minha contribuição à nossa história.

A organização do cedoc do Refeitório Cultural pode ser o caminho para minha ocupação pessoal no cotidiano existencial. 

É isso. Vamos para a aventura de mais um dia. Estou assistindo a uma de minhas preciosidades, uma palestra do jornalista Paulo Henrique Amorim, de 2015. Quis a natureza que ele deixasse de viver de um instante ao outro, com um infarto fulminante na madrugada de 10 de julho de 2019.

Não falo que a vida é um instante?

William 


quarta-feira, 19 de junho de 2024

25 de 100 dias



25. Cheguei a São Paulo. Estive em Uberlândia nos últimos dias. Entendi que devo ir com mais frequência à cidade para cuidar de meus pais idosos. Dar suporte à minha família é um de meus papéis sociais. 

Felizmente, em relação aos últimos dois meses, que foram bem complicados, achei meus pais melhores. Minha irmã está se recuperando de uma chikungunya que contraiu logo após uma dengue. 

E nossa pequena Olga está bem, ela ficou internada uma semana com Gripe A e nos deu um susto grande. Sábado 15/6, ela fez dois aninhos.

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Anomia

Nós vivemos um período complicado no Brasil. A sociedade brasileira vive uma verdadeira anomia após a abertura da Caixa de Pandora pelos golpistas que interromperam a democracia com o golpe de Estado "com o Supremo com tudo" em 2016. 

A longa noite de terror que durou até a vitória da frente ampla liderada por Lula em 2022 trouxe uma cultura de descumprimento das regras sociais e institucionais que regiam o comportamento do povo brasileiro. 

O bolsonarismo, na minha opinião, é a causa e a consequência dessa anomia no Brasil. Nos tornamos um povo bárbaro, que não respeita regras, que passam a perna nos outros. Uma tristeza isso.

Reparem se não é fato o que estou afirmando. 

Para dar um exemplo, cito o cotidiano de quem utiliza transporte por aplicativos. Em cinco dias, tive vários problemas com motoristas de uber. 

Um sujeito safado não deu baixa na corrida para receber duas vezes. Outro motorista me avisou que estão fazendo isso em corridas pagas em dinheiro. Ontem, um motorista mudou o trajeto e a corrida custou 50% a mais. Nosso mundo está infestado de vigaristas!

Sobre a anomia, pensem nos produtos nos supermercados: embalagens menores a cada momento, preços maiores, e os consumidores feitos de idiotas na cara de pau. Uma sociedade de "empresários" vigaristas.

Enfim. Vamos pra casa no Mundo de Oz, Osasco.

William 

terça-feira, 18 de junho de 2024

24 de 100 dias



24. Ainda estou em Uberlândia. Volto para São Paulo hoje à noite. 

Pensando um pouco sobre a questão do que devo fazer de minha vida de agora adiante, avalio que devo fazer o que estou fazendo: cuidando de algumas pessoas para as quais ainda posso dar algum suporte material (não tenho ilusão alguma quanto à questão do que penso, falo, escrevo: minhas ideias não servem pra nada).

Estou indeciso quanto ao que fazer da vida em relação ao tempo que dedico a ler e escrever. O que quero com as leituras? Qual o sentido de escrever sobre coisas para as quais não tenho relevância alguma? É um dilema como aquele de falar para pessoas coisas que entram por um ouvido e saem pelo outro delas. No fundo, nossa vida virou uma conversa de cegos, surdos e mudos que não se conhecem e não conseguem se comunicar. 

Enquanto um sujeito ou uma sujeita chamados de influenciadores falam de tudo - às vezes sem saber de nada - e influenciam milhões de pessoas, um reles cidadão não influenciador não convence sequer uma criança de dois anos, um jovem de uns vinte e tantos anos e um idoso de oitenta a fazerem ou não fazerem alguma coisa explicando que aquilo é errado e ou pode trazer consequências irreversíveis para a vida da pessoa. 


Outro dia, citei uma fala inútil minha para meu pai, sobre não passar um pano imundo nas lentes dos óculos, e aproveitei para dizer que todos nós fazemos coisas estúpidas, todos nós! Um pouco da questão que abordei tem relação com uma certa frustração por perceber que não conseguimos mais dialogar com as pessoas, inclusive aquelas de nossas relações. 

Tenho o privilégio de ter neste momento da existência os meus pais vivos. São duas pessoas super inteligentes, criativas, como costuma ser a geração deles. Meu pai quase não consegue andar por questões de saúde, mas inventa coisa pra fazer o dia inteiro, desmonta e monta coisas, conserta umas e estraga outras tentando arrumar rsrs e fuça fuça em tudo. Minha mãe, idem, se tem alguma coisa que já está velha, não funciona na cozinha, na casa, ela faz funcionar. Na vida, costurou, desenhou, pintou, escreve, corta cabelo. Nossos pais aprenderam a fazer de tudo, como os povos originários e tradicionais sabiam fazer. E as novas gerações, como são? São diferentes, são outros tempos, devem ser especialistas em algo (mas não deveriam ignorar tanto as demais dimensões da vida).


Enfim, estou buscando sentidos para o meu viver. Dar suporte material a algumas pessoas já é ter algum sentido. Foi uma escolha acertadíssima pegar a maior parte de minha remuneração de membro da classe trabalhadora e investir na manutenção da vida de meus familiares mais próximos. Há dez anos que posso fazer isso. Para mim, de nada valeria dinheiros sem as pessoas que amamos.

Tudo muda o tempo todo e todo mundo tem que se virar. Me esforçar para viver é um ato de responsabilidade e um fato social. Não sou imprescindível na família, mas tenho consciência do papel que exerço e do suporte que posso dar para as pessoas terem mais oportunidades em suas próprias vidas.

Quanto à questão do mundo lá fora, aí é complicado! Preciso encontrar algum sentido no que leio e escrevo. 

Qual o sentido de ler e escrever sobre política, mundo do trabalho e sindical, Cassi, partidos, governos, temas complexos e dos quais tenho algum conhecimento e experiência se tudo isso é inútil para mim e para os outros? Por que não consigo superar a realidade de que não pertenço mais a esse mundo?

Esse dilema segue nessa busca dos 100 dias...

William


Post Scriptum: vejam o que disse sobre a criatividade da geração dos meus pais... eu preocupado se meu tênis seca ou não até a hora de viajar e meu pai inventou um sistema de captação dos últimos raios solares...



segunda-feira, 17 de junho de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural 

Uberlândia, 17 de junho de 2024. Segunda-feira. 


Estou no Parque do Sabiá, comendo açaí em frente ao lago. São oito horas da noite. Acabei de correr 13 Km. Este lugar tem um poder extraordinário sobre mim. Isso aqui é vida!

Enquanto relaxo após a corrida, ouço os quero-queros aqui do meu lado.

Ano passado, na semana do Natal, cheguei a Uberlândia sem acreditar ser possível correr a São Silvestre, que não corria há três anos. São 15 Km o percurso.

Vim ao Parque do Sabiá três vezes, nos dias 22, 24 e 26 de dezembro. O que aconteceu comigo foi incrível!

Eu estava com o condicionamento ruim, estava com dificuldades em superar meus limites de corrida. Além dos desgastes e dores no quadril, tive uma contusão no início dos treinos para a São Silvestre, em outubro. Lascou tudo. Quase desisti.

Corri um pouquinho em novembro e andei bastante. Uma coisa que me lembro, é que precisava correr um pouco, andar para recuperar o fôlego e voltar a correr. Achei que nunca mais embalaria nas corridas.

Aí, chego ao Paraíso, o Parque do Sabiá. Sei que naqueles três dias do período natalino, fui dando meu trotinho, andava, corria e calculava a pisada leve para não machucar o quadril desgastado. E mergulhei em mim para encontrar energia vital. 

Amig@s, naqueles três dias fiz percursos de 10 Km e no último treino, tinha a convicção de participar da São Silvestre e tentar os 15 Km. 

Deu tudo certo e completei a prova sem lesão e de forma tranquila. Foi inesquecível!

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Avalio que melhorei de lá para cá. 


Acabei de correr 13 Km em 97'. Corri direto, tranquilo, batimentos cardíacos normais, menos de 175 bpm.

Minha pisada na corrida precisa ser macia, com pouco impacto, tipo ninja correndo rsrs. Tenho me esforçado para isso.

Enfim, estou satisfeito com a corrida. Foi um momento feliz.

Amo este Parque do Sabiá!

William 


23 de 100 dias



23. Muitas pessoas sofrem o mesmo tipo de dor. Algumas dores não têm cura. São dores universais e já que os médicos não vão resolver as causas delas, vão só ensinar as pessoas a lidarem com elas, às vezes, é sofrer e seguir adiante. 

Conversando com minha mãe, ouvi a essência dessa descrição da dor da ingratidão, da falta de reconhecimento e de como essa dor não tem cura quando a causa dela ainda existe. 

De certa forma, a conversa com minha mãe me lembrou a conversa com minha companheira professora aposentada. Me lembrou meus próprios sentimentos ao acordar e perceber que estava sonhando com o mundo do trabalho de uma vida inteira ao qual não pertenço mais.

Dores pessoais que são dores universais. A dor que não tem cura. As causas externas das dores das pessoas que sofrem porque se sentem esquecidas e apagadas das histórias das vidas de outras pessoas físicas e jurídicas não vão deixar de existir, porque simplesmente a vida dessas pessoas seguiu.

Vejo nossas vidas e compreendo melhor o que antes procurava encontrar, as respostas para as perguntas existenciais. O conhecimento também é saber compreender por que as coisas são como são. Compreender não é aceitar. É reconhecer que certas coisas não são passíveis de mudança. 

É isso. Reflexões sobre a vida ao olhar para dentro de mim mesmo e ao conviver com pessoas que fizeram e fazem parte do meu caminho existencial. 

Sigo caminhando. Devemos seguir caminhando. Às vezes, é caminhando que entramos em novas veredas e novos caminhos, sem sequer perceber que as mudanças já começaram. A vida é isso.

William 

 

domingo, 16 de junho de 2024

22 de 100 dias



22. Eu gostaria de dar tons otimistas a esses textos diários que decidi fazer sobre um ciclo de 100 dias de vida. Isso seria mais apropriado para pessoas que são ou já foram de exposição pública. 

No entanto, a realidade se impõe. 

Quando penso, por exemplo, na política, o que vejo honestamente é um cenário e uma tendência à disrupção da ordem democrática brasileira e mundial e quase fim da sociabilidade humana. Só não percebe isso quem prefere se iludir ou vive capturado pelas abstrações alienantes da atualidade. 

Quando penso nas relações pessoais como, por exemplo, as familiares, avalio que será um desafio cada dia maior para as pessoas manterem suas relações familiares ativas. Os humanos nesta quadra da história foram muito influenciados pelo modo de vida capitalista, no qual tudo tem valor de troca, tudo é mercadoria, inclusive as pessoas humanas. Só temos valor de utilidade, inclusive para as relações pessoais. Prestem atenção nisso, olhem ao redor.

Ou seja, pensando num curto ciclo de dias de existência, uma centena, percebo o quanto é desafiador voltar a uma condição melhor nas relações familiares. Eu tenho o desejo de melhorar as relações familiares. Esse querer já é um passo. Estou pensando maneiras de realizar isso. No momento, o desafio é grande. Aqui nas Minas Gerais, as relações se esgarçaram muito. Ainda não desisti.

Fiquei feliz ao ouvir os relatos de minha companheira, que passou a tarde com a família em São Paulo. Fiquei feliz! Um ponto para todos nós. 

Seguimos na busca de mudanças positivas. 

William