Refeição Cultural - Carta Capital 1167
CAPITAIS EM FUGA
Demorei para ler a revista Carta Capital da semana retrasada. Já se acumularam duas sem leitura. Isso era algo previsível no meu caso, que assino a publicação mais para apoiar esse importante meio de comunicação progressista e praticante do bom jornalismo do que para me informar sobre os acontecimentos da semana.
As coisas do nosso lado da classe trabalhadora estão morrendo, sumindo, estão sendo vaporizadas como, por exemplo, a perda do jornalista Paulo Henrique Amorim, o fechamento por falta de recursos do Nocaute - Blog do Fernando Morais, dentre outros casos de pessoas e publicações que têm lado, o lado da classe trabalhadora e do povo. Tento apoiar algumas delas como Carta Maior, Brasil247, TV GGN do Luis Nassif etc. Sugiro aos leitores e amig@s que pensem na possibilidade de apoiar alguns meios de comunicação do nosso campo.
As matérias dessa edição me deixaram informado e triste, como ocorre toda semana. Não é culpa do Mino Carta e de sua equipe de jornalismo. São as coisas de nosso tempo, são as verdades factuais que até o mundo mineral do Mino sabem, menos os milhões de brasileiros alienados e analfabetos políticos. Nem culpo essa massa ignara, a ignorância é projeto secular nesse país da casa-grande, eterna colônia.
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
Dos excelentes artigos da edição, eu destaco o de Lídice da Mata, sobre a pandemia... a "Pandemia invisível"! Ao menos 17 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência no Brasil em 2020... que dizer? O número é maior que o número de infectados pelo novo coronavírus no mesmo período. Os machos alfas podem comemorar. COMENTÁRIO: "Aqui é bolsonaro, porra!".
TRIBUTAÇÃO VAI PIORAR
Outra informação que nos choca ao ler a matéria é a da seção de Economia. A "Justiça fiscal" da reforma do Imposto de Renda é fake, alerta o artigo de Fagnani.
Depois da informação do aumento da fortuna de alguns desgraçados no Brasil, "Entre 2020 e 2021, o número de bilionários brasileiros subiu de 45 para 65, e o patrimônio conjunto desses endinheirados cresceu 92 bilhões de dólares" (p. 43), vimos que a lógica de imposto regressivo vai ser ampliada no país. Livra-se patrimônio e renda e fode o povo através da tributação do consumo e coloca-se a mesma alíquota para quem ganha uns 4 mil e quem ganha uns 600 mil... COMENTÁRIO: "Aqui é bolsonaro, porra!".
"Em suma, a proposta não reduz a desigualdade nem empobrece os ricos. Ela aprofunda a regressividade do sistema tributário ao reduzir as receitas e a participação relativa do Imposto de Renda na arrecadação total. A taxação dos lucros e dividendos e a isenção da baixa renda serão mais que compensados por outras medidas que reduzem a taxação das rendas do capital e o imposto efetivo pago pelas altas rendas." (p. 45)
O restante das matérias é um misto do que já sabemos, infelizmente. Tudo acabando. É por isso que escrevi esses dias que todo o material que acumulei durante as duas décadas de luta e representação sindical perdeu o sentido para a leitura hoje. Esse conhecimento era básico para fazer meu trabalho de formador de opinião na luta de classes onde atuava como representante. Hoje, é ler e ficar mal na minha forma atomizada de viver.
A revista é o que se espera do jornalismo sério e informativo. Triste é a realidade.
William
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